Cidades Inteligentes e 5G: como a tecnologia transforma o futuro

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O uso de soluções tecnológicas para aumentar a eficiência de redes e serviços, beneficiando moradores e negócios. Este é, de forma geral, o resumo do que são as cidades inteligentes – ou Smart Cities, no termo original em inglês. 

Segundo a definição oficial da União Europeia, uma cidade inteligente vai muito além da utilização de tecnologias digitais para melhor uso de recursos e menos emissões. 

São, na prática, lugares com malhas de transporte urbano mais integradas, fornecimento de água aprimorado e formas eficientes de lidar com a iluminação de edifícios, por exemplo. Em suma, o conceito engloba cidades que usam a tecnologia para otimizar sua infraestrutura de forma estratégica em benefício de seus habitantes.

As Smart Cities contam com uma administração municipal mais interativa, que escuta moradores e empresários, além de contarem com espaços públicos seguros. Os governantes desses centros urbanos também levam em consideração necessidades importantes, como o envelhecimento da população.  

Na verdade, a tecnologia atual já possibilita a existência e o desenvolvimento de cidades inteligentes. Elas são uma realidade. No entanto, a chegada do 5G, prevista para 2022 no Brasil, deve acelerar a transformação desse futuro ideal para as metrópoles em um cenário ainda mais promissor.

No artigo de hoje, entenda o que são as cidades inteligentes e como a tecnologia 5G terá impacto no desenvolvimento dos centros urbanos. Aproveite para conferir também:

  • Principais características das cidades inteligentes;
  • Exemplos de Smart Cities no mundo;
  • Cidades inteligentes no Brasil;
  • Qual a relação entre a tecnologia e as cidades inteligentes;
  • Como o 5G deve acelerar a transformação das Smart Cities.

O que são cidades inteligentes?

Vista do horizonte de singapura
Exemplo clássico de cidade inteligente, Singapura aposta na digitalização de sua infraestrutura há mais de uma década

Resumidamente, a cidade inteligente é aquela que usa dados e tecnologia para aprimorar a eficiência operacional, compartilhar informações com o público e fornecer serviços governamentais mais qualificados, melhorando o bem-estar dos habitantes e apoiando o desenvolvimento de negócios locais. 

Assim, um dos principais objetivos de uma Smart City é otimizar os processos públicos e promover o crescimento econômico. Isso acontece ao mesmo tempo em que oferece mais qualidade de vida aos cidadãos por meio da inovação tecnológica e da implementação de uma “cultura Data Driven” (guiada por dados).

É importante ter em mente que a cidade inteligente, no entanto, não se destaca, simplesmente, por ter diversas ferramentas tecnológicas disponíveis: seu maior valor está na forma como usa essas soluções em prol do desenvolvimento comunitário.

De acordo com o TWI, organização independente na área de engenharia e tecnologia, a inteligência de uma cidade pode ser determinada de acordo com uma série de características, como:

  • Uma infraestrutura baseada em tecnologia;
  • Iniciativas ambientais;
  • Transporte público efetivo e altamente funcional;
  • Planos municipais consistentes e progressivos;
  • Pessoas com a capacidade de viver e trabalhar na cidade, usando os recursos que ela oferece.

Conexão entre diferentes eixos

Nas cidades inteligentes, eixos diversos, como Saúde, Educação e Mobilidade, atuam de maneira conectada. Dessa forma, investimentos em Saneamento têm impacto direto não só em atividades relacionadas ao Meio Ambiente como, também, na saúde da população a longo prazo. Em uma Smart City, os setores atuam de forma integrada para, assim, potencializar o impacto positivo de determinada ação.

Além disso, o sucesso de uma cidade inteligente é, em grande parte, baseado no relacionamento entre os setores público e privado, bem como no trabalho de criar e manter um ambiente voltado para o monitoramento e análise de dados

Investir na instalação de câmeras de segurança em um espaço público, por exemplo, é uma iniciativa que requer parceria entre negócios e governo, assim como o uso de tecnologia fornecida por empresas diversas.

Smart Cities no mundo

Conforme citado, “cidade inteligente” é uma área urbana que se torna mais eficiente, além de sustentável, pelo uso da tecnologia. Dessa forma, seu grande objetivo é ser atrativa para novos habitantes e negócios ao aprimorar os serviços públicos disponíveis ou, até mesmo, ampliá-los para melhor qualidade de vida dos moradores. 

E, de acordo com relatório da Mordor Intelligence, divulgado ao final de 2020, todo esse potencial também reflete em oportunidades financeiras, tanto para os entes governamentais quanto para os privados. Segundo a publicação, a plataforma de mercado de cidades inteligentes valia US$ 10,4 bilhões em 2020. 

Em 2026, a expectativa é que esse valor chegue a US$ 117,67 bilhões. Os sistemas que compõem uma cidade inteligente incluem rede de transporte otimizada, dispositivos de controle e segurança, energia renovável e tratamento de esgoto, que podem ser explorados em parcerias público-privadas e, assim, representam mais uma forma de gerar empregos e movimentar a economia local. 

Inclusive, usar a tecnologia em prol da saúde e do bem-estar da população, é um dos pontos que as cidades com boa classificação no ranking 2020 da escola de negócios suíça, Institute for Management Development (IMD), têm em comum. Lideram a lista, criada em parceria com a Universidade de Tecnologia e Design de Singapura (SUTD), Singapura, Helsinque (Finlândia) e Zurique (Suíça).

Para compor o ranking, as instituições entrevistaram centenas de pessoas de 109 cidades, entre abril e maio de 2020, ou seja, já considerando a pandemia do Coronavírus. À época, as questões foram relativas às provisões tecnológicas de suas cidades em cinco áreas-chave: saúde e segurança; mobilidade, atividades, oportunidades e governança.

Singapura é destaque

Já no ranking Cities in Motion (Cidades em Movimento) 2020 da IESE Business School, da Universidade de Navarra, na Espanha, cidades da Europa se sobressaem. A lista, publicada em outubro de 2020, traz Londres, no Reino Unido, na primeira posição. Em seguida, há Nova York (Estados Unidos), Paris (França), Tóquio (Japão) e Reyjavik (Islândia). No top 10 figuram ainda Copenhague, na Dinamarca, assim como Amsterdã, na Holanda. Singapura também aparece no ranking da IESE.

A ilha de Singapura se destaca como cidade inteligente por algumas iniciativas importantes, principalmente nas áreas de segurança e mobilidade. Uma delas é o TraceTogether, primeira solução digital do mundo para detecção da COVID-19. Com a iniciativa, foi premiada no IDC Smart City, Asia Pacific Awards 2021, na categoria Saúde Pública e Serviços Sociais. 


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Cidades inteligentes no Brasil

No ranking de cidades inteligentes do IMD, que tem abrangência global, há representantes nacionais. Entre os 109 municípios avaliados pelas instituições, São Paulo figura no 100° lugar e o Rio de Janeiro, em 102°. 

Além disso, São Paulo também está presente no ranking nacional Connected Smart Cities 2021, realizado pelas empresas Necta e Urban Systems. A lista é composta por 75 indicadores em 11 eixos temáticos: Mobilidade, Urbanismo, Meio Ambiente, Tecnologia e Inovação, Empreendedorismo, Educação, Saúde, Segurança, Energia, Governança e Economia. 

Depois de São Paulo, o ranking traz cidades como Florianópolis (SC), Curitiba (PR), Campinas (SP) e Vitória (ES). Além disso, a lista do Connected Smart Cities 2021 também traz municípios que não são capitais, como São Caetano do Sul (SP), Campinas (SP) e Niterói (RJ). 

Cidades brasileiras têm potencial de transformação

As cidades brasileiras ainda têm um caminho a percorrer para, de fato, se tornarem inteligentes. No entanto, o potencial para essa transformação é imenso, como afirma Michel Pfaeffli, pesquisador suíço e um dos autores do estudo Smart City – Essentials for City Leaders (Cidade Inteligente – O Essencial Para Líderes de Cidades).

Em entrevista à Exame, Pfaeffli diz que o projeto de cidade inteligente cabe bem ao Brasil. Da mesma forma, o pesquisador afirma que, em vez de realizar investimento em soluções caras, é possível aproveitar a infraestrutura que já existe para solucionar questões importantes dos espaços urbanos. 

Iluminação de ruas, gestão de tráfego e coleta de lixo, por exemplo, são serviços que podem ser aprimorados com soluções simples, a citar o uso de sensores em vagas de estacionamento, que permite reduzir o tráfego de veículos, a procura por locais disponíveis para estacionar e, consequentemente, também diminui a emissão de poluentes..

Um passo importante para tornar as cidades brasileiras inteligentes foi a publicação, em 2019, da Carta Brasileira para Cidades Inteligentes, iniciativa da Secretaria Nacional de Mobilidade e Desenvolvimento Regional e Urbano do Ministério do Desenvolvimento Regional.

O objetivo do documento é oferecer embasamento para agenda pública brasileira sobre o tema da transformação digital nas cidades do país, considerando a diversidade do território brasileiro e as desigualdades socioeconômicas e do espaço que são históricas.

Tecnologia a serviço das Smart Cities

O uso da tecnologia a serviço de cidadãos e de negócios é um dos principais conceitos que norteiam as cidades inteligentes. E por mais que hoje elas já sejam uma realidade, a expectativa é que a chegada da tecnologia 5G acelere ainda mais esse processo, principalmente combinado com outras inovações, como a IoT (sigla derivada de Internet of Things, ou ‘Internet das Coisas’).

O mercado mundial de eletrônicos de IoT e comunicações governamentais totalizará, globalmente, US$ 21,3 bilhões em 2022, segundo o Gartner, Inc. Isso significa que as aplicações governamentais em tecnologias que viabilizem a digitalização dos centros urbanos sofrerão um aumento de 22% em relação ao total previsto, de US$ 17,5 bilhões, em 2021.

As cidades inteligentes utilizam diversos softwares e redes de comunicação em conjunto com a Internet das Coisas para, assim, entregar soluções de praticidade e comodidade para seus habitantes. Unindo conectividade e inteligência para fazer a integração de dispositivos físicos entre si e, também, com um ambiente virtual, a IoT potencializa a mobilidade tecnológica.

A inovação abrange desde carros inteligentes a eletrodomésticos. Nesse sentido, as informações coletadas destes dispositivos são armazenadas na nuvem (Cloud Computing) ou em servidores para, assim, permitirem melhorias na eficiência tanto do setor público quanto do privado.

Além disso, são decisivas do ponto de vista econômico e no aumento da qualidade de vida dos moradores locais. 

Da mesma forma, muitos dos dispositivos de IoT se utilizam da metodologia Edge Computing. Isso garante que apenas as informações mais relevantes sejam entregues na rede de comunicação, enquanto a maior parte do processamento de dados é feita localmente, priorizando a eficiência e a agilidade.

Como o 5G deve acelerar ainda mais a transformação digital nas cidades

Representação gráfica de carro autônomo visto de cima
Tecnologias até então inéditas, como os carros totalmente autônomos, poderão ser comuns no futuro

Se é impossível falar do futuro das cidades inteligentes sem mencionar IoT, o mesmo vale para o 5G. Afinal, conjugadas, as duas tecnologias permitem avanços em setores diversos das Smart Cities.

A mais nova geração da internet móvel, a rede 5G, é mais estável e veloz do que as anteriores. A transmissão de dados não só ganha em agilidade como, também, em confiabilidade. Essas características e a combinação com a IoT permitem avanços que, há algum tempo, eram pouco prováveis, como a execução de cirurgias remotas.

Uma das principais características das cidades inteligentes é a conectividade. Setores diversos atuam de forma integrada, compartilhando dados e resultados. Nesse sentido, a tecnologia 5G, que tem velocidade de conexão até cem vezes maior, potencializa e amplia a rede que conecta equipamentos diversos.

Além disso, a quinta geração das redes também terá impacto significativo nas áreas de transporte e logística. Afinal, a tecnologia oferece ainda mais possibilidades no campo da automação, por exemplo. 

Um cenário possível em cidades inteligentes é o estacionamento automatizado, em que motoristas terão o apoio da tecnologia não só para achar vaga como, também, para pagar digitalmente.

Além de serviços, as cidades inteligentes poderão otimizar ainda mais medidas relativas à segurança com a tecnologia 5G. Monitoramento de áreas com alto índice de criminalidade e uso de sensores que permitam antecipar eventos climáticos, como enchentes, são ações que só têm a ganhar com o uso de uma internet móvel de alta qualidade. 


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Tecnologias atuais já possibilitam cidades mais inteligentes

Sem dúvida o 5G terá papel central no futuro das cidades inteligentes. No entanto, não é preciso esperar a chegada dessa tecnologia para a adoção de iniciativas que tornem os municípios cada vez mais próximos do que se espera de uma Smart City. O 4G também é capaz de suportar soluções baseadas em IoT, por exemplo. 

Atualmente, a Vivo Empresas já opera redes privadas de internet 4G (LTE) que tornam possível a digitalização de cadeias produtivas em sua totalidade. Aqui no Brasil, a primeira cidade inteligente, inclusive, existe desde 2015. Águas de São Pedro, em São Paulo, foi escolhida para ser digitalizada não só por ser de pequeno porte, mas pela urbanização e por ter um dos melhores IDH do Brasil.

Conclusão

As cidades inteligentes no Brasil certamente evoluirão com a chegada da tecnologia 5G. No entanto, conforme visto ao longo deste artigo, estes espaços urbanos que usam soluções tecnológicas para melhorar o bem-estar dos moradores e otimizar negócios já são realidade hoje. 

Além disso, cada vez mais cidades se propõem a dar voz a seus habitantes e negócios locais, interligando setores e usando a inovação para melhorar a qualidade de vida no espaço com o uso da automação e da conectividade.

Neste cenário, a Vivo Empresas oferece soluções que fazem a diferença no contexto de cidades inteligentes nas áreas de Conectividade, Cloud e IoT, com a conexão M2M (Machine to Machine, “de máquina para máquina”), onde os dispositivos usam a rede móvel para se comunicarem de forma remota.

Inclusive, antes de sair, queremos fazer um convite! Confira um episódio do nosso podcast com Andres Bisker sobre cidades inteligentes.

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Até a próxima!

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