Como o investimento massivo em tecnologia no Japão levou país ao topo

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A terra do sol nascente tem uma relação de décadas com a inovação. Muito além do que muitos imaginam, no entanto, o uso de tecnologia no Japão está para além de uma casualidade ou de uma consequência da cultura nipônica.

Isso porque, desde seu renascimento após a Segunda Guerra Mundial, o Japão tem na tecnologia um projeto de futuro. 

Iniciado ainda na década de 1950 e fortemente pautado na industrialização do país, o plano de retomada pós-conflito contou com grandes investimentos nas empresas japonesas e, sobretudo, na qualificação de seus cidadãos.

Mais de 70 anos depois, o Japão está novamente em alta, mas desta vez por sediar os Jogos Olímpicos de Tóquio (Tokyo 2020). 

Assim, considerando que todos os olhos do mundo estão voltados para o arquipélago, pode ser o momento ideal para aprender não só sobre a liderança japonesa no esporte, mas também na ciência e tecnologia

Das fazendas com irrigação por drones às “fábricas escuras”, que dispensam a colaboração de funcionários humanos, o emprego da tecnologia no Japão quase sempre tem um objetivo em comum: contornar a escassez de recursos naturais no país. 

Se engana, portanto, quem pensa que a indústria brasileira, rica em minerais e matérias primas, não pode se inspirar em alguns casos de sucesso da inventividade dos japoneses. 

No artigo de hoje, descubra mais sobre como o país se tornou referência em inovação, e como os empreendedores nacionais podem se inspirar na transformação digital vivida pelo Japão há décadas. Aproveite a leitura para ver também:

  • O cenário da indústria japonesa na atualidade;
  • Automação: por que o Japão investe tanto na robótica;
  • Emprego de tecnologia no Japão acelera o futuro do trabalho no país;
  • Soluções digitais que suportam a inovação no território japonês

O cenário industrial do Japão no passado – e na atualidade

tecnologia no japão
Fortes investimentos na indústria nacional e na capacitação de seus cidadãos explicam avanço da tecnologia no Japão

Reconstruída no pós-guerra em tempo recorde, a indústria japonesa sempre se apoiou na inovação tecnológica para superar adversidades.

Afinal, embora o país seja a terceira maior economia do mundo, ficando atrás apenas de EUA e China, não é de hoje que a terra do sol nascente sofre com questões como falta de mão de obra e de terras cultiváveis.

Assim, tanto hoje quanto décadas atrás, boa parte do desenvolvimento da tecnologia no Japão teve e tem como objetivo contornar essas questões. 

Um dos maiores expoentes da indústria nipônica, por exemplo, o Toyotismo (JIT), surgiu com a premissa de eliminar a estocagem de produtos e matéria-prima. 

Isso porque, em um país tão pequeno em extensão territorial, acaba sendo caro demais manter um armazém apenas para guardar produtos a serem beneficiados ou distribuídos. 

Por essa razão, já nos anos 1960, em contraponto à manufatura em série empregada no ocidente, os japoneses estabeleceram um modelo baseado na demanda, o just in time (JIT).

Podendo ser traduzido como “na hora certa” ou “momento certo”, o modelo de produção JIT se baseia na eliminação de gargalos entre os processos de fabricação. 

De um modo geral, a ideia é que a fábrica sempre consiga distribuir os bens produzidos, de modo que nunca sobre ou falte nada – uma regra que vale tanto para os insumos, quanto para os produtos.

E o que isso diz sobre a industrialização do país?

Muito. O método just in time é só o mais famoso de uma série de esquematizações e métodos organizacionais que os japoneses exportaram para o mundo. 

Para citar mais alguns, é possível falar do kanban, que utiliza elementos visuais para facilitar a gestão de tarefas; e o 5S, que se apoia em cinco preceitos básicos (utilização, organização, limpeza, normalização e disciplina) para levar mais qualidade ao ambiente de trabalho. 

Na atualidade, todas essas estratégias são combinadas com a tecnologia, que as tornam muito mais eficientes. Hoje mesmo, softwares integrados com a nuvem, por exemplo, são capazes de simular a organização via etapas do kanban.

Da mesma forma, o próprio JIT também se beneficiou com a chegada de tecnologias como Big Data, Inteligência Artificial e IoT. Afinal, uma vez combinadas, todas essas agregam celeridade e previsibilidade ao método, o que o torna muito mais bem sucedido em sua principal missão: otimizar recursos e produtividade.

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O mercado de tecnologia no Japão em 2021

Desde a forte industrialização que viveu a partir da segunda metade do século XX, em boa parte acelerada pela adoção dos métodos descritos acima, bem como de grandes investimentos do governo japonês, o Japão se tornou referência em frentes variadas de inovação.

Não por menos, o país foi, por muitos anos, o maior expoente tecnológico na produção automotiva e, sobretudo, de eletroeletrônicos. Assim, a indústria nipônica se destacou em todo o mundo com seus veículos, televisores, aparelhos de som e rádio, câmeras digitais e videogames. 

Hoje em dia, no entanto, os olhos da indústria japonesa estão mais voltados para tecnologias de produção, em vez de consumo. 

No lugar dos jogos eletrônicos, então, o Japão passou a investir no desenvolvimento de robôs para fábricas; soluções de Internet das Coisas; infraestruturas de telecomunicações; mobilidade; saúde; agricultura inteligente e até mesmo baterias, que alimentam as produções de outros países.

Em resumo, o país tem mirado seus esforços em inovações que suportam outras manufaturas. Consequentemente, o mercado de tecnologia no Japão se tornou, inclusive, mais influente em outras nações, uma vez que esses dependem de soluções japonesas tanto em suas fábricas quanto produtos.


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Tecnologia no Japão: a influência dos robôs na cultura nipônica e o futuro do trabalho

tecnologia no Japão
Recentemente, indústria automotiva e de eletrônicos do Japão perdeu espaço para concorrentes como a China

Hoje em dia, muito se fala sobre o espaço que o Japão cedeu a potências como China e Coréia do Sul no protagonismo tecnológico. No entanto, se há um segmento da ciência e inovação em que a terra do sol nascente continua sendo destaque é a robótica

Isto porque, segundo alguns estudiosos, os japoneses têm uma relação quase que emocional com essas máquinas. 

Em nenhum outro país do mundo, os robôs são utilizados para tantos fins diferentes. Incluindo atendimento no comércio, tarefas domésticas e, conforme citado anteriormente, produção industrial.

No caso destes últimos em especial, espera-se que tenham um profundo impacto na força de trabalho do país, que sofre com baixas taxas de natalidade e o alarmante envelhecimento da população.

Mesmo hoje, estima-se que o Japão seja o país mais preparado para a substituição de postos de emprego por máquinas. Isto porque não só os japoneses têm a tecnologia exigida para tal, como também porque trata-se de uma necessidade.

Afinal, com tanta mão de obra super qualificada, além do número crescente de idosos entre a população, já não há quem se disponha a realizar trabalhos muito repetitivos ou fisicamente desgastantes. 

Chegada da pandemia acelerou automação da força de trabalho

A verdade é que, tal como afirmado mais cedo, o Japão sempre viveu uma escassez de insumos e trabalhadores. Não por menos, boa parte do desenvolvimento tecnológico do país se deu (e se dá) com o objetivo de contornar tais problemas.

Conforme aponta um relatório da McKinsey & Company, divulgado em junho de 2020, os gestores de empresas japonesas estão constantemente implementando técnicas e soluções que incrementem a produtividade. 

E durante a pandemia da Covid-19, as alternativas desse gênero se tornaram ainda mais urgentes. Antes da crise, o país pretendia automatizar 27% de suas tarefas de trabalho até 2030. 

Já de acordo com a consultoria, porém, seria necessário um aumento de 2,5 vezes na produtividade do país. Isto só para que, durante a próxima década, o Japão pudesse manter o crescimento de seu PIB no mesmo ritmo que o atual.

Ou seja, para o mercado nipônico, substituir postos de emprego por robôs é mais que uma questão de redução de custos ou ganho de eficiência. Trata-se de um fator imprescindível para que o país não veja sua produção cair nos próximos anos.

Mesmo com a automação e expansão das forças de trabalho, o Japão deve enfrentar um déficit de 1,5 milhão de trabalhadores em 2030

– Mckinsey & Company, junho de 2020

E como resolver esse problema?

Segundo a consultoria, com ainda mais tecnologia. Em seu relatório The Future of Work in Japan (ou O futuro do trabalho no Japão, em português), os pesquisadores da McKinsey afirmam que uma saída para a situação seria a capacitação tecnológica dos cidadãos japoneses. 

Isto porque, por mais surpreendente que possa parecer, a maior parte dos trabalhadores japoneses não têm conhecimentos em tecnologias avançadas, como machine learning

Na verdade, estima-se que mais da metade das cargas de trabalho no país compreendam atividades repetitivas, das quais até dois terços poderiam ser automatizados. 

Assim, uma alternativa para equilibrar o desfalque de mão de obra no país seria requalificar os trabalhadores a serem substituídos. Dessa forma, esses poderiam ocupar outros cargos, como os de desenvolvimento e liderança em tecnologia.

Ao final de seu relatório, a consultoria ainda destaca sete pontos para que as empresas japonesas digitalizem suas atividades, incluindo dicas que podem ser úteis para o Brasil: 

  • Criar uma cultura envolvedora;
  • Tornar a tomada de decisões mais clara;
  • Estabelecer um padrão de plataformas e tecnologias utilizadas pela empresa;
  • Acelerar os ciclos de teste e aprendizado, sobretudo para novos formatos de trabalho;
  • Se apoiar fortemente em ferramentas colaboração, sobretudo as digitais;
  • Trabalhar com times menores e mais integrados;
  • Aumentar o investimento de tempo e dinheiro em frentes de cibersegurança.

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Conclusão

Mais do que nunca, o Japão tem enfrentado uma dura possibilidade de, no futuro, acabar vendo sua produção industrial cair devido a ausência de mão de obra. 

Não diferente do que o país fez com outros desafios nos últimos anos, no entanto, estima-se que a solução mais rápida para esse problema seja justamente aumentar o investimento em tecnologia. 

Afinal, seja para automatizar as atividades passíveis de substituição por máquinas, seja para requalificar e reposicionar os trabalhadores que deixarão estes postos de trabalho, a inovação tecnológica é fundamental. 

Em mesmo sentido, quando pensamos na realidade do Brasil, a ciência e a tecnologia se apresentam como solução para uma série de problemas, ainda que a natureza dessas dificuldades seja, em muitos casos, diferente dos desafios enfrentados pelos japoneses.

Assim, apesar da realidade das empresas brasileiras ser muito diferente daquela vivida no Japão, apostar na transformação digital é igualmente importante para seu presente e futuro. 

E nessas horas, é preciso contar com quem não só entende do assunto, mas também tem experiência para enfrentar possíveis adversidades.

Com soluções tecnológicas que atendem a todo tamanho e tipo de organização, a Vivo Empresas trabalha constantemente a fim de ser o parceiro ideal para o seu negócio nessa jornada. 

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Até a próxima!

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