O conceito de economia compartilhada não é recente. Na verdade, o compartilhamento antecede o atual capitalismo e, agora, está sendo reinventada para as novas necessidades, conquistando maior alcance graças à tecnologia.
Os cenários de crises econômicas são propícios para o desenvolvimento de inovações, inclusive, nas formas de consumo. Em momentos delicados assim, a consolidação desse tipo de negócio é uma tendência.
Você já deve ter consumido algum produto ou serviço que é parte da economia compartilhada, sem ter percebido essa mudança. Nomes como Uber, Netflix e Airbnb são exemplos práticos do conceito na atualidade.
Outro ponto em comum entre as três empresas é que são referência em transformação digital e no aprimoramento da experiência do cliente, o que se reflete em suas receitas. Assim, seu sucesso também ilustra o potencial do modelo compartilhado e mostra que o consumo consciente veio para ficar.
Ao longo deste artigo, você terá a oportunidade de entender como a economia compartilhada e a tecnologia se relacionam, assim como as razões que tornam essa tendência uma oportunidade. Siga com a leitura e confira também:
- O que é a economia compartilhada
- Como surgiu a economia compartilhada?
- Como funciona a economia compartilhada?
- Modelo cresceu rapidamente: entenda
- Como as empresas podem aplicar o conceito
- O que vem por aí para a economia compartilhada?
O que é a economia compartilhada
A economia compartilhada, ou de compartilhamento, consiste basicamente de um sistema econômico no qual bens ou serviços são divididos. Assim, podem ser partilhados entre pessoas ou entre empresas, os bens podem ser utilizados de forma gratuita ou sob o pagamento de uma taxa.
Nesse sentido, a economia compartilhada, muitas vezes, está acompanhada do conceito de receita recorrente. Essa, por sua vez, é uma forma de cobrança onde os clientes adquirem o direito ao uso de um produto por meio da assinatura.
Na prática, trata-se de uma opção interessante porque dilui os custos do negócio, tornando-o mais acessível, além de promover previsibilidade de receita e, assim, contribuir para uma gestão com menor exposição ao risco.
Aqui, vale destacar um ponto que é sempre comum em qualquer empreendimento de economia compartilhada: o papel fundamental da inovação e da tecnologia.
Para se ter ideia da importância desse modelo econômico, de acordo com um levantamento realizado pela consultoria PwC, até 2025 a economia compartilhada deve alcançar a marca de US$335 bilhões de market share (participação no mercado).
O número corresponde a um crescimento de mais de 2.200%, se comparado ao cenário em 2014.
Qual a diferença entre a economia compartilhada e a colaborativa?
No universo da economia compartilhada, é comum que esse conceito seja confundido com o de economia colaborativa. Na prática, ambos são termos muito próximos e têm a mesma origem: resolver as necessidades dos consumidores.
Entretanto, o que difere entre elas é como essa demanda vai ser atendida.
Na economia colaborativa, os clientes buscam por soluções em que possam conquistar a aquisição de um produto através de uma ação em grupo. Para contextualizar isso, o melhor exemplo são os consórcios.
Nesse tipo de produto, o consumidor participa de um grupo com outros clientes, e paga um valor mensal. A partir daí, ele pode retirar o valor contratado por sorteio ou lance. A estratégia diminui a exposição ao “endividamento” e facilita o acesso ao crédito.
A origem da economia compartilhada
No início deste post, você viu que a ideia de compartilhamento não é recente. Mas o conceito da economia compartilhada como vemos hoje se desenvolveu há pouco mais de uma década.
Esse modelo já era observado na programação, onde os programadores influenciaram o movimento open source (código aberto), responsável pelo desenvolvimento de softwares “livres”.
Contudo, foi em 2008, durante a crise mundial, que o termo se consolidou. Na época, os consumidores e as empresas passaram a refletir sobre o modo de consumo e como esse poderia se tornar sustentável no longo prazo.
Em um primeiro momento, a economia compartilhada foi reflexo da necessidade de reinventar o consumo em decorrência da crise, e dos desafios climáticos que já estavam em pauta.
Assim, ela transformou a reflexão em prática, através do uso enxuto e inteligente dos recursos, e da maneira como consumimos bens e serviços.
No aspecto de sustentabilidade do meio-ambiente, o fenômeno do compartilhamento influenciou sobretudo a pegada do carbono. O motivo? Se há mais pessoas compartilhando uma mesma solução, é possível produzir menos, cobrando pelo uso, em vez da propriedade.
Para que serve a economia compartilhada?
A Geração Distribuída de Energia é um exemplo prático da união da tecnologia com a sustentabilidade
Quando se pensa em sustentabilidade, é importante observar não só o impacto ambiental e a utilização inteligente dos recursos.
É preciso refletir, também, sobre como um modelo de negócio pode alcançar as pessoas na base da pirâmide, permitindo que as marcas sejam duradouras e dinâmicas.
Nesse sentido, essas organizações acabam assumindo a construção de um nicho que gera impacto social benéfico para o desenvolvimento econômico. Ou seja, que pode trazer mudanças positivas para a forma como a sociedade se relaciona com os bens de consumo, refletindo também na boa saúde econômica de um sistema financeiro.
O funcionamento da economia compartilhada
Empresas com esse modelo conversam bem com o público familiarizado com as novas tecnologias. Talvez, o fato do conceito ter se desenvolvido nos primeiros eventos de transformação digital contribua para essa facilidade de penetração no mercado, a medida em que os clientes são cada vez mais digitais.
Na prática, a economia compartilhada engloba três categorias, ou qualidades, sendo elas:
- Mercados de redistribuição: realizam a troca ou venda de produtos de já utilizados por outros;
- Estilo de vida colaborativo: reunir uma comunidade para compartilhar bens, serviços, espaços ou o próprio tempo;
- Sistemas de acesso a produtos e serviços: o usuário paga para ter acesso a um produto ou serviço por determinado período.
A seguir, entenda quais são os principais exemplos de negócios dentro de cada uma dessas categorias e como elas impactam o cenário de hoje.
Mercado de redistribuição
No Brasil, uma referência em redistribuição é a Enjoei. O objetivo da plataforma é estimular o reúso de produtos, como roupas, eletrônicos e móveis. No site, os anunciantes divulgam seus itens já usados, que podem ser comprados por qualquer pessoa.
Em 2021, a Enjoei aumentou em mais de 100% a quantidade de novos clientes comparando com o ano de 2020, segundo a divulgação de resultados 2T2021, da XP Investimentos.
Na prática, esse dado nos proporciona um pouco da perspectiva do comportamento do consumidor que, além de digital, está alinhado com o conceito de economia compartilhada.
Estilo de vida colaborativo
O mercado brasileiro também conta com negócios que estimulam o estilo de vida colaborativo.
A mineira BeerOrCoffe é exemplo disso. A marca oferece espaços compartilhados para autônomos, e empresas poderem montar seus escritórios em um formato conhecido como coworking, outro elemento dessa mesma tendência.
A partir do empreendimento, os clientes podem usufruir de uma estrutura equipada com boas soluções tecnológicas.
No momento, inclusive, o uso desses espaços é uma alternativa popular entre startups, devendo ganhar ainda mais relevância nos próximos anos.
Segundo a CoworkingBrasil.org, este mercado deve alcançar a marca de US$ 11,52 bilhões até 2023.
Sistema de acesso a produtos e serviços
Se você não tem automóvel próprio, com certeza já usou o Uber. O Brasil é um país com grandes desafios quando o assunto é mobilidade urbana, o que impacta diretamente a qualidade de vida das pessoas, sobretudo as profissionalmente ativas.
Assim, solicitar um carro por aplicativo se tornou comum para muitos trabalhadores há pelo menos 5 anos. Isso só é possível graças à junção do conceito de economia compartilhada com a IoT (Internet of Things, ou Internet das Coisas) e a conectividade, por meio do 4G.
O Brasil é um mercado tão importante para essa marca que, hoje, aproximadamente 1/3 da sua frota de motoristas está aqui, segundo a empresa em 2020.
O serviço foi impulsionado em decorrência da recessão financeira sofrida pelo Brasil em 2015, em que muitos desempregados se tornaram motoristas de aplicativo autônomos.
Na época, a solução ganhou espaço rapidamente, tanto pela disponibilidade do serviço, como pela qualidade e preço considerado baixo comparando com outros modais, como os táxis.
E por que esse modelo cresceu tão rápido?
O avanço acelerado da economia compartilhada é o resultado da soma de diversos fatores. Vemos uma necessidade do consumidor (que busca economizar no dia a dia) e uma inquietação em relação ao modo de consumo.
Além disso, a transformação digital também teve um papel crucial no fenômeno.
O momento em que o compartilhamento (enquanto tendência de mercado) ganhou mais força foi quando algumas tecnologias digitais foram aprimoradas, como é o caso da computação em nuvem e da chegada do 4G no Brasil, em 2013.
Além disso, o período que se sucedeu à disseminação dessas inovações favoreceu a instalação de empresas de economia compartilhada.
Basicamente, o movimento que os países estrangeiros, como os Estados Unidos, viveram em 2008, começamos a experimentar um pouco mais tarde. Nesse contexto, é interessante destacar um ponto muito importante em relação à ascensão desses negócios.
A crise de 2015 alterou o comportamento do consumidor brasileiro. Assim, o público migrou para um consumo não apenas mais consciente, mas também mais preocupado com a experiência.
Um estudo realizado pela consultoria PwC, em 2018, apresenta isso através de dados. Segundo a pesquisa, 89% dos respondentes brasileiros afirmam que o tema é um critério decisivo de compra.
A tecnologia na economia compartilhada
Você já sabe que a tecnologia é uma grande aliada da economia compartilhada. Mas, quais são essas soluções e como elas podem ser aplicadas para a transformação do padrão tradicional?
Dentre as principais, é possível citar novamente a computação em nuvem, que é a base para inovações em cibersegurança e mobilidade corporativa, que, por sua vez, viabiliza o trabalho remoto, por exemplo.
Isso tudo é possível porque a nuvem permite que softwares e sistemas inteiros sejam acessados de qualquer lugar, desde que se tenha um dispositivo, móvel ou não, e acesso à Internet.
Nesse sentido, a conectividade 4G é outra tecnologia essencial para a implementação da economia compartilhada. Afinal, é a rede quem intermedia a comunicação entre a plataforma de compartilhamento e seu usuário.
Agora, com a chegada do 5G, cem vezes mais rápido e com conexão mais estável, podemos esperar que esse tipo de negócio passe por uma nova transformação e novos produtos e serviços cheguem ao mercado.
No tópico anterior, falamos da importância da experiência para os consumidores da atualidade. Mas você já se perguntou como a economia compartilhada consegue promover serviços personalizados e de alta qualidade?
Isso acontece por meio do uso do Big Data, das ferramentas de Business Intelligence (Inteligência de Dados) e do Machine Learning (Aprendizado da Máquina), sendo essas tecnologias complementares e essenciais na nova era.
Como as empresas podem aplicar o conceito
Para colocar em prática o conceito de economia compartilhada, não é necessário oferecer produtos e serviços dessa categoria. Assim, é possível adotar uma gestão que gere mais valor e qualidade através de boas práticas desse modelo econômico.
Nesse sentido, há diversas frentes de tecnologias e ações simples, que podem contribuir para os resultados financeiros do seu negócio. Aqui, vale destacar que o como essas soluções serão implementadas depende do nicho e, claro, da qualidade das decisões dos gestores.
No dia a dia, as empresas podem usar a tecnologia do GPS (Global Positioning System, ou Sistema de Posicionamento Global) para o monitoramento de frotas corporativas. Dessa forma, é possível ter o máximo de uso dos automóveis, evitando a improdutividade deixando sempre o bem em rota com algum motorista.
Além disso, outra maneira de colocar esse conceito em prática é também compartilhar ativos do dia a dia, como notebooks e smartphones. Assim, é possível evitar que o bem fique ocioso, promovendo, a longo prazo, uma redução nos custos de TI, a partir do melhor aproveitamento dos equipamentos.
Adicionalmente, vale somar essa boa prática também com o outsourcing (terceirização) de máquinas de TI, por meio, por exemplo, do aluguel de equipamentos.
Dessa forma, é possível otimizar o uso dos recursos e também economizar com manutenções, na compra de ativos e até na logística de uma possível revenda dos itens.
O futuro da economia compartilhada
A economia compartilhada está conquistando mais espaço no Brasil, conquistando do agronegócio à indústria, por meio da locação de máquinas pesadas, e até mesmo no mundo dos investimentos, com o crowdfunding (financiamento colaborativo).
Setores como construção, energia e micro redes comunitárias são exemplos de oportunidades para os próximos anos. Considerando esse último exemplo, o Airbnb já está saindo à frente, fazendo parceria com as indústrias de turismo locais.
Podemos esperar o investimento em tecnologias para ter mais precisão no mapeamento do comportamento do consumidor. Inclusive, essa já é uma das frentes apostadas pela Uber, que já está avaliada em US$ 7,25 bilhões.
E se a nova economia compartilhada e colaborativa depende de recursos como Conectividade, Cloud, IoT e Big Data, sem falar da sempre necessária Segurança Digital, o primeiro passo para os negócios que querem aproveitar esse fenômeno é incorporar tais inovações.
Na Vivo Empresas, além de um portfólio amplo em soluções digitais, as startups podem contar com quem é líder no fornecimento de tecnologia corporativa, permitindo, assim, que a digitalização do negócio ocorra de forma rápida, sustentável e bem estruturada.
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Até a próxima!