Existem diversos movimentos mundo afora que contribuem para uma sociedade mais sustentável e consciente. Um deles é o slow food, que busca reformular a maneira como as pessoas lidam com a alimentação.
Com mais de 30 anos de existência, essa filosofia fomenta a produção de comidas mais saudáveis, limpas e economicamente mais justas. Esses ideais caminham lado a lado com o desenvolvimento sustentável, no qual a produção nas fazendas tem papel central.
Para os trabalhadores do campo, é um convite para um cultivo mais sustentável e próximo dos habitantes locais. Nesse propósito, as tecnologias digitais são grandes aliadas.
Saiba mais sobre a corrente e como ela afeta os pequenos e os médios produtores rurais nos seguintes tópicos:
- O que é o slow food?
- Princípios
- Benefícios
- Como impacta o setor agro?
- Tecnologias da agricultura sustentável
- Desafios da conectividade no campo
O que é o slow food?
O slow food (em tradução literal, comida lenta) é um movimento internacional que incentiva um olhar mais consciente das pessoas em relação aos alimentos. A ideia é que a gastronomia seja percebida como um ato prazeroso, sustentável e com respeito às culturas locais.
Basicamente, esse movimento surge como uma resposta aos fast foods. Enquanto esse segmento alimentar cria produtos em torno da escala e praticidade, oferecendo comidas padronizadas no mundo todo e nutricionalmente pobres, o slow food busca ressignificar a forma como a sociedade atual lida com a alimentação.
Para essa filosofia, comer é muito mais do que satisfazer uma necessidade básica. Pelo contrário: esse ato envolve hábitos saudáveis, tradições culturais, afetos e questões econômicas e ambientais que precisam ser consideradas.
Assim, a alimentação ganha novas dimensões. O objetivo é de que as pessoas se questionem sobre a procedência dos alimentos e façam escolhas que impactam positivamente na própria saúde, na qualidade de vida e na comunidade.
Dessa forma, faz parte do hábito de quem é adepto do slow food, por exemplo, o ato de preparar as próprias refeições com alimentos naturais e de produtores locais. Ações como a preservação de sementes crioulas, educação do paladar e incentivo às hortas comunitárias também fazem parte do escopo dessa filosofia.
História
A terminologia “slow food” foi gestada em 1986, na Itália, quando um grupo de ativistas, liderados por Carlo Petrini, protestaram contra a construção de um MC Donald’s na Piazza di Spagna, em Roma. Três anos depois, na França, o movimento se tornou uma associação internacional sem fins lucrativos.
Segundo o site oficial do movimento, a organização está presente em mais de 160 países, incluindo o Brasil, possuindo milhões de membros ao redor do mundo.
Princípios do slow food
Existem três preceitos principais que norteiam as ações. Confira a seguir quais são.
Bom – Comida agradável aos sentidos
Atualmente, muita gente considera os alimentos apenas como “combustível”, sem se preocupar muito com o prazer que eles proporcionam à visão, ao olfato e ao paladar. O slow food busca transformar essa relação, incentivando alimentos que sejam ricos em cores, aromas e sabores naturais.
Por conta disso, essa filosofia é bastante preocupada com os sistemas de produções agropecuários. Fazendas orgânicas e de animais criados soltos, por exemplo, levam vantagem, pois produzem alimentos de maior qualidade e de maneira mais natural.
Limpo – Responsabilidade socioambiental
Os adeptos consomem alimentos que sejam sustentáveis ecologicamente. Isso diz respeito não apenas à produção rural, mas a toda a cadeia de suprimentos, ou seja, armazenamento, transporte e venda ao consumidor final.
Esse é um dos motivos pelos quais os produtores locais levam a preferência. Afinal, isso significa menor consumo energético e emissão de poluentes no trajeto até a casa do cliente.
A agricultura de precisão também traz grandes contribuições a esse princípio, pois, com o auxílio da tecnologia, o campo produz mais com menos desperdícios de recursos naturais.
Justo – Valorização dos produtores rurais
O slow food também acredita que quem produz os alimentos deve ser recompensado de maneira justa por esse trabalho.
Dessa forma, essa filosofia busca fomentar pequenos produtores e a agricultura familiar, ajudando a viabilizar economicamente quem cultiva comida boa e limpa.
Benefícios do slow food
Confira os principais ganhos proporcionados aos consumidores e aos trabalhadores do campo.
Mais saúde
A corrente incentiva o consumo de alimentos naturais, ou produtos artesanais minimamente processados. Isso evita a ingestão de comidas com conservantes, aromatizantes e demais aditivos, o que traz ganhos enormes à saúde do corpo.
Segundo um estudo de novembro de 2022, do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da USP, alimentos ultraprocessados aumentam o risco de obesidade, diabetes, hipertensão, câncer, entre outras doenças, provocando a morte prematura de mais de 50 mil pessoas em decorrência desse tipo de consumo.
Redução do estresse e da ansiedade
Uma das ideias por trás da “comida lenta” é justamente desacelerar e sentir prazer no preparo e no consumo dos alimentos, melhorando a saúde mental. Cozinhar é uma atividade terapêutica que traz foco, relaxamento e colabora para o autodesenvolvimento pessoal.
Incentivo à economia local
O movimento promove a discussão sobre as questões econômicas relacionadas aos hábitos alimentares. O objetivo é deixar de promover as grandes corporações do ramo alimentício e privilegiar os pequenos produtores locais.
Assim, a comunidade se fortalece financeiramente, fomentando as atividades econômicas da região.
Sustentabilidade
Incentivar uma cadeia sustentável de alimentos é um dos principais objetivos da filosofia. Práticas responsáveis de manejo e escoamento da produção agrícola impactam na redução de emissão de gases do efeito estufa, na preservação das nascentes, na diminuição do desperdício de água, entre outros benefícios ambientais.
Dessa forma, o movimento converge, por exemplo, com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU Brasil, principalmente no que se refere ao consumo e produção responsáveis.
Como o slow food impacta o agro?
Para produtores rurais, os princípios defendidos pelo slow food acendem o debate sobre as formas de cultivo, escoamento dos alimentos e relacionamento com o consumidor. Essas questões se relacionam diretamente com a pauta ESG (Ambiental, Social e Governança Corporativa), que vem ganhando cada vez mais força.
O ESG significa, em resumo, a promoção de um modelo de negócios que atue em prol do meio ambiente, da comunidade em que está inserido e que execute boas práticas de governança, como a transparência.
Para pequenos, médios e grandes produtores do agronegócio, a aplicação desses princípios é fundamental nos dias atuais. Pelo menos, é isso que demonstra o estudo da PwC, Importância da agenda ESG no agronegócio, divulgado em abril de 2021.
Segundo o relatório, empresas que adotarem estratégias e modelos de negócios alinhados às melhores práticas de ESG se diferenciarão no mercado e criarão as bases de seu crescimento e sua perpetuidade.
Entretanto, a mesma pesquisa afirma que, embora 83% das empresas familiares tenham algum procedimento de governança ou política para adotar esse modelo, apenas 39% das empresas familiares possuem estratégia clara de sustentabilidade.
Muitas ações defendidas pelo movimento slow food convergem com a preservação ambiental, como agricultura livre, ou com menor uso de defensivos agrícolas e a diminuição do caminho que a produção percorre até chegar ao prato do consumidor.
Nesse processo, a digitalização traz grandes contribuições às empresas do agro.
Tecnologias da agricultura sustentável
Quando se fala em tecnologias digitais no ambiente corporativo, muita gente associa o assunto a verticais como indústrias e startups. Mas a verdade é que as inovações também trazem enormes ganhos ao produtor rural.
Fazendas conectadas caminham lado a lado com a sustentabilidade, viabilizando soluções que promovem o uso consciente de recursos naturais, dos maquinários e dos insumos agrícolas.
Saiba mais sobre as principais tecnologias que contribuem no setor agro e como aplicá-las.
Conectividade
A digitalização no campo parte de um serviço de conectividade que atende ao proprietário rural. Por questões estruturais, a internet de fibra ótica das cidades ainda encontra muitas limitações no interior do país, mas há diversas outras alternativas de conexão com a internet.
No portfólio de soluções em conectividade da Vivo Empresas, por exemplo, há tecnologias que trazem o sinal de internet a todo o canto do território brasileiro.
As alternativas incluem:
- internet satélite: ideal para áreas sem cobertura de rede fixa ou móvel;
- Vivo box: modem wi-fi portátil com a qualidade e velocidade da internet 4.5g;
- Vivo Fibra: ultravelocidade em propriedades com acesso à fibra ótica;
- Vivo internet: quando a rede ainda é metálica, mas já dá acesso à banda larga.
Com esses recursos, a fazenda não apenas se conecta, mas se habilita a utilizar ferramentas que otimizam o trabalho do agricultor, como você verá adiante.
Internet das Coisas (IoT)
O ato de conectar máquinas, objetos e equipamentos à internet (processo conhecido como IoT) permite que dados sejam utilizados para a tomada de decisões, inclusive de forma autônoma.
É essa a tecnologia por trás de processos como a telemetria de veículos pesados, em que sensores monitoram o desempenho de equipamentos agrícolas, contribuindo para a manutenção preventiva e para a redução do consumo.
A eficiência energética também se baseia no uso de IoT. Sensores inteligentes são capazes de medir o consumo de energia elétrica da propriedade rural, fornecendo insight para a redução do gasto da fazenda.
Soluções como a conectividade gerenciada M2M (machine-to-machine), da Vivo Empresas, também atuam com esses propósitos. Por meio de sensores gerenciados na kite plataform, o gestor obtém informações em tempo real sobre o desempenho de veículos agrícolas, o consumo da rede elétrica, entre outros tipos de monitoramento.
Cloud computing
Geralmente, a computação em nuvem é associada a empresas urbanas, mas a tecnologia pode trazer enormes contribuições ao agro.
Um ganho imediato diz respeito à gestão da fazenda e ao treinamento dos colaboradores. Um workspace completo pode ser hospedado na nuvem para o compartilhamento de documentos, vídeos e apresentações, além de ser um ambiente seguro para videochamadas.
No contexto do slow food, o cloud computing também é um grande aliado para o contato direto com o consumidor. Arquivos podem ser compartilhados entre o produtor e os vendedores locais, facilitando a comunicação para a promoção de feiras e eventos que aproximam a fazenda com o cliente final.
Ferramentas de trabalho baseadas na nuvem podem ser contratadas de forma flexível e adaptadas à realidade de cada negócio. É o que ocorre, por exemplo, com as soluções em cloud da Vivo Empresas, específicas para o agronegócio.
Desafios da conectividade no campo
Para a digitalização avançar no interior brasileiro, é necessário que haja uma ampliação da conectividade nos territórios rurais. Os efeitos econômicos do aumento do acesso à internet são enormes, conforme aponta o estudo Cenários e Perspectivas da Conectividade para o Agro, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
Conforme a publicação, o impacto agregado no Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) seria de R$79,6 bilhões entre 2022 e 2026, caso a expansão na conectividade mantenha a tendência recente. Sem novos investimentos, o crescimento do VPB é estimado em, apenas, R$ 14,02 bilhões.
A tecnologia 5G é uma das apostas para ampliar a oferta de internet no campo. Mesmo que o sinal não chegue em todo o território brasileiro a curto prazo, o crescimento da infraestrutura de telecomunicações durante esse processo contribuiu para que o 4G alcance mais propriedades.
O fomento da digitalização do agro é uma das prioridades da Vivo Empresas. A organização já oferece um portfólio completo de soluções em internet para o agronegócio, contribuindo para que pequenas e médias propriedades rurais se transformem digitalmente.
Com soluções tecnológicas, o setor avança em sustentabilidade e na aproximação com o consumidor. Assim, mais produtores podem se associar ao slow food e criar impactos positivos na comunidade local.
Confira outras tendências que afetam o agronegócio nos artigos abaixo:
- Carne cultivada e o impacto na agropecuária
- Sensoriamento remoto: entenda o que é e principais usos na agricultura
- NDVI: entenda esse conceito e suas aplicações na agricultura de precisão
Até a próxima!