Agricultura de precisão: os principais benefícios que a tecnologia traz para o campo

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Construir negócios mais resilientes se tornou um dos grandes objetivos em diversos setores econômicos, tanto no Brasil quanto mundo afora. Para o agronegócio, não é diferente. E, nesse sentido, a agricultura de precisão é um modelo que atrai por agregar previsibilidade e eficiência à produção.

No Brasil, que conta com uma produção agropecuária altamente digitalizada, a abordagem já se faz bastante presente. Mais recentemente, inclusive, elementos como os drones foram amplamente adotados, a fim de maximizar os potenciais da técnica. 

Assim, a partir dessa e de outras tecnologias de metrificação, o monitoramento efetivo do processo agrícola como um todo, com dados sobre o plantio, a qualidade do solo e até a previsão do microclima da propriedade, torna-se viável. 

Isso porque, até o advento das aeronaves não tripuladas, procedimentos simples, como a pulverização de defensivos, exigiam veículos grandes, com custos elevados. 

No entanto, se antes a agricultura de precisão era desejável, no cenário atual, a prática se faz mandatória. Especialmente porque há uma série de desafios no horizonte desse setor, como a crise climática e a crescente demanda por alimentos. 

Por sua vez, essas e outras necessidades podem ser endereçadas pelo uso de técnicas e ferramentas tecnológicas, muito além dos drones de monitoramento, como você verá neste artigo. Siga com a leitura e veja também:

  • Cenário atual da agricultura
  • O que é a agricultura de precisão?
  • Benefícios que o modelo traz para o campo
  • O papel da tecnologia nesse setor

Cenário atual da agricultura 

Drone de monitoramento agrícola
Drones pulverizadores e de monitoramento já são utilizados, mas a agricultura de precisão requer ir além

A agricultura está em constante atualização, não apenas para aprimorar técnicas, mas também ao trazer novas tecnologias para o campo. E, felizmente, todo o esforço desse importante pilar da economia mostra resultados satisfatórios ano após ano.

Um pouco desse avanço está registrado no livro Uma Jornada Pelos Contrastes do Brasil: Cem anos do Censo Agropecuário, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Lançada em fevereiro de 2020, a obra indica que, desde 1973, a agropecuária cresceu, em média, 3,22% ao ano.

Também nesse período, houve uma grande mecanização do campo. Para exemplificar, a frota de tratores, que em 1960 totalizava 61,3 mil máquinas, em 2017 chegou a 1,2 milhão. Além disso, a pesquisa mostra que o valor bruto da produção dobrou entre 1995 e 2017. Segundo a análise, a tecnologia foi responsável por mais de 60% desse crescimento.

A realidade é que, mesmo em pequenas áreas, já existem grandes níveis de produção. E a transformação digital do campo está muito ligada a isso. 

Digitalização do campo

Uma pesquisa da McKinsey & Company de agosto de 2020, realizada com 750 produtores brasileiros em 11 estados, traz alguns insights sobre a digitalização das atividades no campo. De acordo com o levantamento, os brasileiros estão gradativamente investindo na implementação de tecnologia na agricultura.

Entre os fatores apontados como facilitadores para a entrada de inovações na zona rural está a inserção de uma nova geração de profissionais na gestão agrícola. No Centro-Oeste do País, por exemplo, 60% dos grandes produtores, como os de grãos e algodão, têm menos de 45 anos. 

Já quanto à agricultura de precisão, o levantamento coloca em destaque algumas práticas do modelo, como o monitoramento por drones. Técnicas como o sensoriamento remoto, habilitado pela Internet das Coisas (IoT), estão se popularizando e devem ser grandes aliadas da produtividade, na utilização inteligente de recursos e insumos.

Tendo-se em vista a ampliação de tecnologias no agro e o planejamento mais eficaz, que delas resulta, a expectativa de produtividade é alta. A título de exemplo, o Ministério da Agricultura prevê que, até 2030, a produção brasileira de grãos deve crescer 27%, atingindo 318,3 milhões de toneladas.

Afinal, o que é a agricultura de precisão?

De acordo com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a agricultura de precisão é “um sistema de gerenciamento agrícola que cresce no País, na medida em que as informações sobre conceitos, técnicas e vantagens chegam ao produtor rural.”

Sendo assim, esse modelo depende de ferramentas que acompanhem toda a produção agrícola. Afinal, é por meio dessa coleta e análise de dados que os agricultores compreendem melhor as fortalezas e os desafios da sua plantação. 

Além disso, conforme mais informações são estudadas e armazenadas, torna-se possível, até mesmo, prever algumas situações e, portanto, planejar as providências a serem tomadas de forma preventiva e de maneira mais certeira. 

Desse modo, podemos incluir, sob o conceito de agricultura de precisão, o uso de:

  • Sensores;
  • Drones;
  • IoT;
  • Equipamentos de automação;
  • Softwares de Inteligências Artificial (IA).

Esses são alguns dos recursos que suportam, diariamente, as cadeias produtivas do setor e que podem auxiliar a transpor os desafios futuros de produtividade e resiliência. 

Por fim, vale ainda ressaltar que, embora pareça um conceito novo por sua relação com a transformação digital, a agricultura de precisão surgiu na década de 1990. Contudo, hoje em dia, a tecnologia já evoluiu o suficiente para fornecer ainda mais ferramentas para simplificar essa missão de otimizar o trabalho no campo.

A expectativa é de que o mercado de agricultura de precisão suba de US$ 12,9 bilhões em 2021 a US$ 20,8 bilhões em 2026. A previsão da consultoria Market and Markets, divulgada pelo Canal Rural em outubro de 2021, aponta um ritmo de crescimento de 10,1% ao ano.

O modelo no Brasil

No Brasil, foi a partir dos anos 2000 que a agricultura de precisão ganhou mais tração. Esse primeiro passo foi dado por meio de instituições de pesquisa como:

  • ESALQ/USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz); 
  • UFSM (Universidade Federal de Santa Maria);
  • UFV (Universidade Federal de Viçosa).

Atualmente, a EMBRAPA já conta com uma Rede Agricultura de Precisão com 200 pesquisadores, 19 unidades de pesquisa e 15 áreas experimentais. O projeto está distribuído no Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul do País e envolve culturas anuais, como milho e soja, e perenes, como cana de açúcar e laranja. 

Todo esse empenho se dá, justamente, em vista de trazer diferenciais para que a agricultura continue sendo um dos destaques econômicos no Brasil. 

Em paralelo, a utilização de softwares de agricultura de precisão na zona rural também avança. Um levantamento da Federação da Agricultura e Pecuária do Mato Grosso do Sul (Famasul) indica que 65,5% dos 1.200 produtores entrevistados empregam tecnologias relacionadas ao conceito. Divulgado em maio de 2021, o estudo mostra que o modelo atua, principalmente, nas operações de fertilidade, plantio e aplicação.


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Benefícios que o modelo traz para o campo

A princípio, como o próprio nome já diz, a agricultura de precisão traz mais certezas para uma atividade que depende de muitas variáveis. Dentre elas está o próprio clima que, recentemente, vem apresentando uma instabilidade capaz de causar prejuízos irreparáveis para os produtores rurais.

Mas, mesmo sem considerar as extremas condições  climáticas que serão cada vez mais frequentes, há ainda inúmeros benefícios trazidos pelo modelo. 

Para ilustrar, a pesquisa da Famasul, feita a partir de visitas técnicas às plantações, indicou que o modelo cumpre a sua missão em solo brasileiro.

Entre os resultados coletados estão o aumento de até 29% na produtividade, seja em produções de pequeno, médio ou grande porte. Isso acontece como efeito de um acompanhamento próximo da qualidade do solo e do plantio, bem como da detecção de pragas ainda em estágios iniciais. 

Além disso, foi constatado um melhor uso de fertilizantes e de produtos fitossanitários, gerando 23% de redução média nos gastos com insumos. Afinal, os sensores conseguem mostrar exatamente quais as áreas em que há falta de nutrientes ou excesso de água, por exemplo.

Por sua vez, esse monitoramento tem como consequência um uso mais eficiente de recursos orgânicos, energéticos e hídricos. Em outras palavras há, como resultado, uma produção mais sustentável e econômica para os que investirem na agricultura de precisão.

Ao mesmo tempo, esse aumento de eficiência no campo proporciona um  impacto positivo à cadeia produtiva na totalidade. Com a menor perda de produção para o clima ou pragas, há a possibilidade de se constituir melhores preços e de entregar mais qualidade para os clientes.

Reconhecimento no exterior

Surpreendentemente, o uso da agricultura de precisão e da tecnologia nas zonas rurais já trouxeram reconhecimento para o Brasil no exterior. Isso é o que mostra o relatório do secretariado da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (United Nations Framework Convention on Climate Change — UNFCCC). 

Divulgado pela Forbes em maio de 2021, o documento destaca que a produtividade brasileira aumentou 386% e a área agrícola apenas 83%. Ou seja, houve um crescimento em eficiência, que rendeu a preservação de 120 milhões de hectares de floresta.

Além disso, o texto aponta a agricultura de precisão e a tecnologia como responsáveis por expandir a produtividade e por reduzir em 50% o preço dos alimentos.

O papel da tecnologia na agricultura de precisão

Imagem de sensores numa propriedade rural
Atualmente, sensores espalhados pela propriedade conseguem verificar detalhes do solo e do microclima no local

Na prática, a agricultura de precisão depende bastante das tecnologias e ferramentas aplicadas, para dar um suporte de dados reais ao produtor. Conheça alguns elementos essenciais do modelo, que traz eficiência para a produtividade no campo.

Dispositivos e ferramentas de gestão IoT

De modo geral, os equipamentos de IoT, sigla para Internet das Coisas (Internet of Things, no original em Inglês), viabilizam o monitoramento inteligente que permite acompanhar o dia a dia da produção, mesmo que de forma remota. 

Para isso, câmeras, sensores e outros dispositivos ajudam a captar, registrar e a controlar os dados gerados. Este processo acontece durante o uso do maquinário, por exemplo, ou ainda de forma perene, como com os sensores aplicados em equipamentos de análise de solo ou clima.

Dentre os principais usos dessas tecnologias no campo estão:

Previsão de clima

Informa sobre a umidade do tempo, a velocidade do vento, o volume de precipitação ou até a intensidade do calor. Com a ajuda da IoT, é possível preparar a propriedade e planejar melhor as atividades.

Como exemplo, pode-se diminuir a irrigação em dias chuvosos, proteger a secagem de grãos, ou antecipar a colheita para prevenir a perda devido à geada.

Monitoramento através de sensores

Identifica as condições do solo e da plantação. Esse recurso permite saber se a irrigação ou a pulverização estão atingindo todas as áreas de plantio, ou mesmo qual região precisa de mais fertilizantes.

Câmera

Verifica, de forma contínua e remota, as produções. Permite que o produtor supervisione todas as atividades da propriedade, mesmo quando não está presente fisicamente.

Telemetria

Capta dados referentes ao maquinário utilizado na fazenda, auxiliando na análise de trajeto e, até, com mais informações sobre o funcionamento dos veículos. É possível acompanhar o status de produtividade dos equipamentos e, assim, fazer a manutenção preventiva, antes da ocorrência de problemas que causem a interrupção de atividades. 

Conectividade

Um serviço de conectividade estável e de qualidade é, sem dúvida, o centro do sistema de gestão remota da propriedade. Ou seja, é ele que permite que os dispositivos e ferramentas inteligentes trabalhem em conjunto. Afinal, uma fazenda conectada terá drones, sensores e outros equipamentos para coletar informações e armazená-las em nuvem, para análise. 

Nesse cenário, são as redes Narrowband-IoT ou NB-IoT e a LTE-M que se destacam. A primeira se conecta com aparelhos de baixa complexidade, otimizando consumo de energia e melhorando a cobertura — ambos problemas comuns no campo.

Embora a LTE-M possua benefícios em comum com a NB-IoT, como a bateria de longa duração e o baixo custo, a tecnologia se concentra em outras aplicações. Considerando-se que tem um alcance de 100km, é mais utilizada em maquinário pesado, como tratores, ou para rastreamento de veículos. Sua taxa de transmissão de dados de 1Mbps também é ideal para isso.

Nuvem

A Cloud Computing é especialmente importante nessa estrutura, uma vez que é nesse ambiente onde são armazenados os dados coletados da operação. Assim, o processamento das informações pode ser feito de forma segura e eficiente, de qualquer lugar em que o produtor esteja.

Na agricultura de precisão, ter o histórico de monitoramento das operações pode, ainda, apoiar a previsão para as próximas safras, com a utilização de soluções de anáise de  Big Data.

Big Data Analytics

O grande diferencial da agricultura de precisão é obter insights para trazer eficiência e redução de custos à atividade. Então, a ideia é que o produtor consiga ter maior visibilidade sobre tudo o que acontece na propriedade e tomar decisões com base em dados reais.

Embora toda a estrutura de conectividade e IoT seja crucial, quem, de fato, transforma o conjunto de dados em informações práticas é o Big Data. Ele fica na última camada do sistema, recebendo tudo o que foi coletado e compilando um conhecimento estratégico para a gestão. 

Por meio dessa análise, é possível determinar quais tipos de insumo deram melhor resultado ao longo do tempo ou ainda as épocas mais indicadas para plantar uma cultura específica. A inovação serve como um tradutor e é decisiva para uma tomada de decisões inteligente.


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Conclusão

Seja para se destacar na produção ou para se preparar para o futuro, a agricultura de precisão é o modelo mais indicado para o sucesso do setor. Garantindo previsibilidade e reduzindo custos da atividade no campo, esse conceito é aplicado nas plantações brasileiras. E quem investiu, já sente os resultados.

Frente à inconsistência climática, soluções de IoT podem transformar desafios em oportunidades. É nesse sentido que atua o Vivo Clima Inteligente, por exemplo. Com o apoio das estações meteorológicas inteligentes desse serviço, o produtor escolhe o melhor momento para as atividades de manejo, plantio e colheita.

Do mesmo modo, o gerenciamento da frota de veículos pesados no campo pode ser simplificado com o uso de tecnologias. A solução de telemetria Vivo Maquinário Inteligente concentra a gestão em uma plataforma, otimizando operações e melhorando a produtividade, com economia de combustível e menor custo de manutenção.

Nesse cenário, a Vivo Empresas se consolida como parceira do agronegócio brasileiro e está preparada para ajudar cada vez mais produtores a implementarem a agricultura de precisão em suas propriedades. 

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Até a próxima!

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