Fazenda conectada: como a tecnologia favorece o uso do solo

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A demanda por alimentos deve se intensificar nas próximas décadas e isso vai exigir grandes transformações no setor agrícola. É nesse cenário que surge o conceito de fazenda conectada. São essas propriedades altamente eficientes que vão comandar o aumento da quantidade e qualidade da produção, sem abrir mão da sustentabilidade. 

Isso é possível porque máquinas e equipamentos inteligentes, operando em rede, são capazes de coletar e analisar informações. Assim, podem identificar melhorias em todas as etapas produtivas, desde o pré-plantio até a colheita. 

Hoje, já existem recursos disponíveis que permitem criar mapas de infestação, verificar a saúde das plantas, controlar a produtividade e fazer previsão de safra. Tudo com a possibilidade de intervenções a distância, quando necessário. Em outras palavras, fazendas conectadas ganham em eficácia, economia e agilidade.

Neste artigo, serão detalhados os conhecimentos sobre inovação e tecnologias inteligentes na agricultura, como:

  • Por que a conectividade é tão importante para o agronegócio?
  • Tecnologias usadas nas fazendas conectadas;
  • Panorama da internet em áreas rurais do Brasil;
  • Como a inovação favorece a sustentabilidade?
  • Impacto da chegada do 5G no campo.

Agro e a demanda crescente por alimentos

Jovem agricultor em uma estufa com tomate

A população mundial deve atingir 9.7 bilhões de pessoas até 2050, segundo projeção da Organização das Nações Unidas (ONU). Diante disso, a estimativa é de que a produção de alimentos precisará crescer cerca de 60% para atender a demanda. 

Grandes países agrícolas, como o Brasil, terão um desafio pela frente: melhorar a produtividade sem colocar a preservação do planeta em risco. A solução não é tão simples, mas, certamente, passa por investimento em ferramentas mais eficientes ao plantio. 

A boa notícia é que os processos inteligentes envolvendo automação, digitalização, Internet das Coisas (IoT), Big Data e Cloud Computing já são uma realidade. 

Tecnologias que fazem a diferença nas fazendas conectadas

A seguir, serão abordados os processo que estão acontecendo na prática e quais as soluções mais adotadas no campo atualmente.

Câmeras e sensores inspecionam a colheita

Um dos trunfos das fazendas conectadas é usar de forma eficiente os dados e imagens coletadas da plantação. Hoje, existem câmeras e sensores capazes de analisar a vitalidade da cultura e dar respostas rápidas que ajudam na tomada de decisão do gestor. Um dos usos, por exemplo, é no monitoramento das condições meteorológicas. 

Mapas NDVI apontam saúde da lavoura

Nesse contexto, é importante falar do Índice de Vegetação por Diferença Normalizada, ou NDVI (do inglês, Normalized Difference Vegetation Index). Em suma, esse sistema ajuda a calcular o quão saudável está a planta com base em como ela reflete a luz. 

Essa técnica permite a criação de mapas e a identificação de regiões críticas, que merecem mais atenção. Graças à conectividade, isso pode ser feito mesmo a distância. 

Já existem soluções pagas de NDVI, mas, quem quer começar testando, pode contar com a desenvolvida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que disponibiliza os recursos gratuitamente, por meio do Sistema de Análise Temporal da Vegetação (SatVeg). 

Drones facilitam a pulverização

Um recurso cada vez mais usado são os drones agrícolas. Essas diminutas aeronaves não tripuladas facilitam o alcance a áreas de topografia acidentada e coletam dados para análise por imagens. Além disso, modelos avançados substituem a mão de obra humana em atividades consideradas de risco, como a pulverização de pesticidas. 

Apesar do uso ainda tímido no Brasil, essa ferramenta é uma tendência mundial. Em um levantamento feito em 40 países, a pesquisa Situação da Indústria de Drones 2022, da empresa Drone Deploy, mostrou que 54% dos agricultores pretendem aumentar o investimento na solução até o fim de 2022. 

Monitoramento mais ágil

Um exemplo de uso integrado e remoto de tecnologias está na usina São Martinho, em Pradópolis (SP). A companhia é uma das maiores produtoras brasileiras de açúcar e etanol, com faturamento anual estimado em R$ 3,7 bilhões. 

Com ajuda de soluções inovadoras, a organização é capaz de monitorar a distância o trabalho das máquinas colhedoras. Caso exista alguma anormalidade, os dados são enviados, em tempo real, para um centro de operações. A partir disso, as decisões podem ser tomadas de forma assertiva. O próximo passo nessa fazenda conectada vai ser integrar todas as unidades por meio do 5G, assim como fez anteriormente com o 4G.


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Tratores inteligentes e elétricos

A AgTech Monarch Tractor colocou uma versão elétrica dos seus tratores no mercado. Entre as grandes vantagens, está o fato de dispensarem o uso do diesel, cada vez mais caro e menos sustentável. 

Além disso, um único operador pode gerenciar até oito unidades simultaneamente, o que traz um grande aumento de eficiência. O veículo tem autonomia de até 10 horas, com tempo de recarga de 4 a 5 horas. Cada máquina custa cerca de US$ 50 mil. A perspectiva, no entanto, é de que este valor seja reduzido no futuro.

No Brasil, a Yak Tractors segue a tendência e desenvolveu uma variante nacional de tratores elétricos e inteligentes. Segundo a empresa, o retorno do investimento pode acontecer em dois anos e a solução é acessível a pequenos e médios agricultores. 

Fazendas conectadas andam lado a lado com a sustentabilidade

O respeito ao meio ambiente e aos recursos naturais é um dos ganhos colaterais para produtores que investem em soluções inovadoras. 

Os drones agrícolas, por exemplo, permitem maior precisão no uso de pesticidas: apenas a quantidade necessária é usada, sem desperdícios. E tratores elétricos ajudam a reduzir a pegada de carbono, pois dispensam o uso do combustível fóssil. 

Sistemas de mapeamento do solo podem ajudar a elaborar planos de irrigação mais eficientes, com baixo consumo de água. Além disso, monitorar o clima pode diminuir a necessidade de uso de agrotóxicos. 

Fazendas conectadas conseguem fornecer maiores quantidades de alimentos com menores áreas de cultivo. Em outras palavras, quanto mais eficiente for o manejo, menor será a demanda de ocupação de terra para agricultura ou pecuária. 

5G é esperança para aumentar conectividade no campo

fazendeira usando tablet na estufa

Tendo em vista a situação descrita acima, é ainda necessário considerar um gargalo: a baixa cobertura de rede no campo. E esse é um obstáculo e tanto. 

Apenas 23% da área agrícola brasileira têm sinal de internet móvel. Esse dado foi levantado pelo estudo Cenário e Perspectivas da Conectividade para o Agro, divulgado em maio de 2021, pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) em parceria com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). 

A solução, no entanto, pode estar a caminho, com a chegada do 5G ao país. Afinal, um dos compromissos estabelecidos no leilão das frequências foi a ampliação da cobertura 4G em rodovias federais. Dessa maneira, segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), mesmo que a quinta geração não desembarque de imediato no campo, haverá benefícios secundários. 

O 5G também vai facilitar a criação de redes particulares, chamadas de serviço limitado privado (SLP). Nessa modalidade, grandes propriedades podem montar a própria infraestrutura para se favorecerem da internet. 

Para apoiar a evolução do agronegócio no Brasil, a Vivo Empresas mantém um amplo portfólio de soluções para o agronegócio baseadas em tecnologias digitais, com diversas aplicações em conectividade, Cloud, Big Data e IoT.

Entre as possibilidades está, por exemplo, a Gestão Pecuária, plataforma que integra dados coletados em tempo real de cada animal e da sua fazenda para você ter total controle do rebanho em cada etapa do manejo e tomar decisões mais assertivas para sua produção.

Outra opção é o Drone Pro, que comercializa drones próprios para pulverização e monitoramento. 

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Até a próxima!

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