Drones agrícolas são peças-chave no futuro do setor

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As inovações tecnológicas têm provocado mudanças importantes no meio rural. Depois da industrialização clássica, com maquinário mais eficiente, o agro começou a usar os computadores e softwares como aliados. Agora, chegou a hora de dar mais um passo rumo ao futuro, e a grande aposta está nos drones agrícolas.

O uso de drones no campo é uma vertente de algo mais amplo – a agricultura de precisão, sistema de gestão que reúne tecnologias capazes de coletar e analisar dados. Por consequência, a técnica entrega informações valiosas ao agricultor, facilitando a tomada de decisões. 

A cabo desse movimento, os drones, bem como os veículos aéreos não tripulados (VANT), tornaram-se ferramentas fundamentais no agronegócio. Entre outras vantagens, os equipamentos reduzem a necessidade de mão de obra, ajudam na redução de gastos com insumos, economizam tempo e melhoram a produtividade como um todo. 

O panorama é especialmente importante no Brasil, tendo em vista que a agropecuária representa uma parcela significativa da economia. Soma-se a isso a popularização da Internet das Coisas (IoT) e do 5G, grandes aliados da agricultura inteligente e teremos um  mercado em franca expansão nos próximos anos. 

Nesse contexto, preparamos este artigo a fim de ajudá-lo a entender: 

  • O que é e para que serve o drone agrícola? 
  • As principais vantagens da tecnologia 
  • Onde poderá ser aplicada, com exemplos
  • A relação com a agricultura sustentável 
  • Os cuidados na regulamentação 

O que é e como são usados os drones agrícolas?

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Drones surgiram no âmbito militar, mas logo se popularizaram em aplicações recreativas e profissionais

Os drones são pequenas aeronaves não tripuladas, ou, então, ‘robôs que voam’, numa análise mais pragmática. São controlados remotamente, geralmente possuem uma câmera de alta qualidade e fazem um barulho característico devido à hélice. 

Inclusive, foi esse som que gerou o nome. Drone, em inglês, significa ‘zumbido’. Alguns usam combustível para voar, outros funcionam com eletricidade, a partir de baterias. 

A princípio, os drones foram criados para uso militar. Nesse contexto, trabalhavam no setor de coleta de imagens, inteligência, avaliação de danos em batalhas e reconhecimento de área. 

Nos últimos anos, porém, o equipamento também se popularizou na produção de filmagens e fotos recreativas. Naturalmente, não demorou muito para que empresas do meio agrícola vissem potencial na ferramenta, e passassem a utilizá-la no campo com diversos fins. 

Não por acaso, esse entusiasmo se traduz em números. Segundo estudo da alemã Drone Insights Industry, de agosto de 2021, o mercado global de drones vai atingir US$ 41,3 bilhões até 2026, com perspectiva de crescimento anual em torno de 10%. Isso já considerando o impacto da pandemia de Covid-19. 

Adicionalmente, outro fato interessante é que o Brasil é líder do segmento na América do Sul, movimentando US$ 373 milhões anualmente. Ainda de acordo com o levantamento, a agricultura está entre os três setores que mais vão usar a tecnologia. 

O que atrai os agricultores?

As possibilidades para os drones agrícolas são inúmeras, e vão desde o mapeamento aéreo menos custoso, sobretudo em áreas de difícil acesso por terra, até a pulverização mais precisa de insumos e agentes defensivos. 

Os equipamentos também podem ajudar no manejo do gado, identificar se a plantação deve ser irrigada mais vezes, onde existem pragas, focos de incêndio, etc. 

Vale comentar que antes eram usadas imagens de satélites para áreas extensas. Essas, porém, deixavam a desejar na questão da precisão. 

Em contrapartida, um drone consegue fornecer as mesmas informações com muito mais nitidez e sem a defasagem temporal. 

Com isso, torna-se possível, por exemplo, identificar uma praga atacando a colheita naquele momento e, com dados precisos, decidir quanto de pesticida é necessário usar. Tal capacidade evita o desperdício de insumo ou uso aquém do necessário. 

Os drones preferidos no agronegócio são os de imagem, pulverização e análise topográfica do terreno. Os primeiros são os menos complexos, já os dois últimos, mais robustos, custosos e exigem um manuseio qualificado. 

Outra diferença é que alguns têm asa fixa, possuem autonomia de voo superior e suportam condições climáticas diversas. Os de hélice são mais acessíveis, entretanto são mais frágeis. 

Vantagens incluem redução de mão de obra e mais produtividade

Fato é que o agronegócio é a grande estrela da economia brasileira. Em 2021, o setor chegou a representar 27,4% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo estudo da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em parceria com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da USP. 

Além disso, as previsões são boas, apesar da crise hídrica. Espera-se crescimento de 5% na agropecuária até o final de 2022, de acordo com o boletim Macro da FGV/Ibre, divulgado em novembro de 2021. 

Esses números mostram que o setor é altamente competitivo e a busca por melhorar os processos com digitalização é uma necessidade. Nesse cenário, os drones agrícolas têm encontrado um campo fértil para crescimento. Vamos ver quais são as principais vantagens sentidas por quem lança mão da tecnologia: 

Coleta de dados precisos

O Big Data é um dos trunfos mais poderosos das empresas atualmente. Na agricultura, a análise de dados em tempo real e de maneira assertiva é crucial. 

As imagens captadas pelo drone agrícola, por exemplo, vão ser colocadas em um software para dar respostas como o momento certo para fazer a colheita, estimar os rendimentos, identificar onde pode melhorar e até indicar a solução de problemas relacionados à drenagem do solo ou condições climáticas. 

A coleta e exame de informações vão direcionar as medidas a serem tomadas, baseadas em fatos concretos e não em suposições como era feito antigamente. 

Alta produtividade 

Vamos considerar que as informações são coletadas e analisadas com precisão conforme exemplificado acima. A consequência direta será aumento de produtividade porque haverá resolução de problemas de maneira mais assertiva e com velocidade.  Ao usar um sensor remoto, por exemplo, o drone consegue identificar possíveis doenças na plantação, queimadas, áreas alagadas, etc.  

Ganho de tempo

Via de regra, automação é sinônimo ganho de tempo, porém, os drones agrícolas conseguem elevar ao máximo essa vantagem. Como exemplo, algumas tarefas que poderiam levar dias como mapeamento de área, pulverização, aplicação de fertilizantes e até semeadura, podem ser feitas pela ferramenta bem mais rápido. 

Sem contar a redução dos custos, já que muitas dessas atividades exigem aeronaves tripuladas. 

Economia com mão de obra

A mão de obra no campo é um dos desafios do setor. Primeiro por ser escassa e muitas vezes não qualificada para o tipo de serviço. A pulverização de produtos químicos na lavoura, por exemplo, além de ser demorada e trabalhosa, representa um perigo para a saúde. 

O drone agrícola reduz a quantidade de pessoal porque é capaz de abranger uma área bem maior em via aérea do que seria possível por via terrestre. É mais eficiente, menos custoso e mais seguro. 

Negócio mais sustentável 

Um estudo publicado em agosto de 2021, pelo Painel Intergovernamental em Mudanças Climáticas (IPCC, Intergovernmental Panel on Climate Change), mostrou a urgência de se criar soluções de manejo sustentável na agricultura. 

Nesse sentido, os drones agrícolas podem ser usados para identificar, com exatidão, áreas onde vegetações invasoras estão prejudicando a plantação. 

Consequentemente, ao receber informações precisas, o agricultor se torna capaz de, por exemplo, direcionar a resposta apenas para a área necessária. Assim, por sua vez, reduziria o uso de produtos químicos, bem como o impacto ambiental.


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Veja alguns exemplos práticos do uso de drones no agronegócio

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Versatilidade dos equipamentos permite empregá-los nas mais diferentes tarefas e contextos; confira alguns

Para visualizar melhor como o dispositivo, dependendo do modelo, pode ajudar desde o planejamento até a distribuição, vamos dar alguns exemplos de usos práticos considerando os principais produtos do agro no Brasil. 

Plantação de soja 

Uma das dificuldades do cultivo da soja é a grande extensão das áreas. Um drone agrícola ajudaria na pulverização automatizada. Segundo especialistas, o equipamento pode cobrir até 13 hectares por hora, ao passo que o pulverizador manipulado nas costas não chega a 0,1 hectare no mesmo intervalo. 

Criação de gado 

As comitivas de boiadeiros que saem para analisar o gado criado de forma extensiva podem ser substituídas pelos serviços automatizados dos drones agrícolas. A ferramenta é capaz de tocar os animais, contá-los por meio de imagens e até identificar se há algum deles doente, usando sensores de termoanálise. 

Cultivo de cana de açúcar 

O plantio de cana tem uma característica que é a dificuldade de acesso por terra. Não é fácil adentrar um canavial para fazer pulverização ou análises sobre a qualidade do cultivo. O uso do drone agrícola vai ajudar a capturar imagens e, caso use o modelo pulverizador, permitirá que chegue a lugares onde uma pessoa não poderia chegar. 

Produção de café 

A cafeicultura de montanha sempre enfrentou desafios relacionados à dificuldade de acesso a áreas de topografia acidentada. Acabam não conseguindo fazer a pulverização de maneira hegemônica, aumentando riscos de ter a produção atacada por pragas como a ferrugem ou a broca do café. Por isso, agricultores deste setor estão investindo em drones. O resultado é o manejo mais eficiente dos insumos e controle de doenças. 


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Regulamentação exige cuidados redobrados

O produtor rural que for adotar o drone agrícola deve ficar atento à legislação. Em setembro de 2021, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) publicou a Portaria 298 regulamentando o uso de drones agrícolas. Além do registro obrigatório, as regras incluem a exigência de profissional qualificado e registrado nos órgãos de classe para manusear o equipamento. 

A regulamentação também estabelece distâncias mínimas entre a aplicação de inseticidas com drones e áreas habitadas ou de captação de água. Além disso, traz uma série de diretrizes de segurança no trabalho para os pilotos remotos e a equipe de campo. É sempre bom ficar atento a todas essas regras.  

Importante ressaltar que a portaria não substitui a exigência de registro na Agência Nacional de Aviação (Anac), pois os drones, quando usados de maneira profissional como os agrícolas, são considerados Veículos Aéreos Não Tripulados (VANTs). Já os dispositivos com finalidade puramente recreativa seguem as regras do aeromodelismo.

Também é necessário saber que no Brasil são permitidos apenas os VANTs do tipo Aeronave Remotamente Pilotada (ARP). Isso quer dizer que é necessariamente  preciso ter alguém, um piloto, comandando a aeronave, mesmo que à distância. Já os drones de ‘voo autônomo’ não têm previsão da legislação brasileira por enquanto.

Conclusão 

Os drones agrícolas, portanto, são uma evolução inevitável no dia a dia do produtor rural. Imagine gerar mapas de controle 3D para identificar onde é melhor concentrar a plantação? Ou mesmo estimar o tamanho da colheita para contratar um seguro? 

A versatilidade dos drones para a agropecuária é enorme e abre um leque de oportunidades para coletar dados essenciais, analisar e usar isso em prol do aumento da produtividade e redução de custos. 

A ressalva é que a implementação da tecnologia deve ser feita por profissionais qualificados, usando os dispositivos da melhor forma possível e dentro das normas da legislação.

O Brasil, enquanto grande celeiro mundial, só tem a ganhar com a disseminação dos drones agrícolas na produção nacional. Combinados com tecnologias de big data, armazenamento na nuvem e IoT, Inteligência Artificial (IA) e Machine Learning, os dispositivos devem se tornar um pilar importante na agricultura de precisão. 

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Até breve!

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