Irrigação inteligente: mais sustentabilidade e produtividade no campo

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As inovações tecnológicas são essenciais para que o agronegócio seja capaz de responder ao desafio de produzir mais e de forma sustentável. Nesse sentido, a irrigação inteligente é uma peça fundamental para o aproveitamento responsável dos recursos hídricos.

Com base em dispositivos digitais que coletam dados em tempo real, esse modelo utiliza tecnologia de ponta para a tomada autônoma de decisões. A água no campo, por exemplo, é utilizada da melhor forma possível e isso melhora também a produtividade.

As soluções tecnológicas integram a chamada agricultura digital, em que dispositivos conectados proporcionam mais precisão ao agronegócio. Da mesma forma que IoT, big data, armazenamento em nuvem e as demais inovações revolucionaram a cidade, o campo é o próximo ambiente a ser transformado.

Neste artigo, mostraremos por que a irrigação inteligente é um dos pontos centrais da digitalização do campo, e como o avanço da conectividade pode ajudar a ampla adoção dessa solução no Brasil. 

Ao longo do texto, você verá: 

  • O que é a irrigação inteligente?
  • A importância da irrigação inteligente
  • As tecnologias que viabilizam a irrigação de precisão
  • O avanço da conectividade para a aplicação da irrigação inteligente

O que é a irrigação inteligente?

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Controle da irrigação de um campo por meio de um smartphone

A irrigação inteligente é a solução tecnológica que visa a otimizar o aproveitamento dos recursos hídricos e aumentar a produtividade rural. Essa técnica é viabilizada por meio de equipamentos que coletam dados sobre os principais fatores que interferem na tomada de decisão, como a umidade do ar, as condições do solo, o clima, etc.

Dessa forma, o horário de rega e a quantidade de água ideais para cada cultura tornam-se dinâmicos, conforme as necessidades do dia a dia. Se os sensores detectam uma boa umidade do solo e previsão de chuva para as próximas horas, por exemplo, a molhagem programada pode ser diminuída ou interrompida por determinado período.

Para os produtores rurais, isso se traduz em economia de recursos e aumento de eficácia. Além disso, o sistema contribui para a certificação de sustentabilidade das produções agrícolas, facilitando as exportações.

O termo “irrigação inteligente” também é usado para designar um modelo por gotejamento surgido em Israel. Entretanto, referimo-nos a esse sistema no contexto da agricultura 4.0, no qual a digitalização assume protagonismo no setor rural.

A viabilidade desse método depende da integração de tecnologia de ponta, como IoT e big data, com conectividade e armazenamento em nuvem. Não só na aguagem, mas no manejo do solo, na colheita ou na administração da propriedade, essas ferramentas viabilizam verdadeiras fazendas inteligentes.

Inovador, o modelo já vem sendo utilizado no País e no mundo afora. Com a melhoria da produtividade proporcionada e a ampliação do 5G, a tendência é o incremento do uso dessa e de outras soluções da agricultura digital.


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A importância da irrigação inteligente

Além de melhorar o trabalho do produtor rural, a irrigação de precisão está atenta a um gigantesco desafio ambiental: a escassez dos recursos hídricos. Sendo a agricultura a atividade que mais consome água no planeta, é fundamental o uso de mecanismos que proporcionem seu uso consciente.

A forma como a água é utilizada na agricultura brasileira pode ser compreendida no Atlas Irrigação de 2020, da Agência Nacional das Águas (ANA). Segundo o estudo, a produção agrícola nacional demanda 29,7 trilhões de litros por ano, representando 49,8% da demanda por esse recurso no País.

Esse mesmo trabalho aponta que o aprimoramento dos sistemas de rega, em especial os métodos por gotejamento, microaspersão e aspersão por pivô central, devem melhorar o aproveitamento hídrico ao longo dos anos. A estimativa é que até 2040 haja um acréscimo de 76% de hectares irrigados. Entretanto, o uso da água deve crescer em menor proporção: 66%.

Isso demonstra que novas técnicas e tecnologias podem ser determinantes para a ampliação do mercado agrícola de forma sustentável. Esse crescimento é imprescindível para dar conta do aumento da população global, especialmente no meio urbano, que aumentará até 2050, conforme dados da Organização das Nações Unidas (ONU). 

Para suprir essa demanda, a estimativa é de que a produção de alimentos cresça cerca de 50% no mesmo período, segundo levantamento do World Resources Institute.

A necessidade da expansão ecologicamente sustentável tem aquecido bastante o setor mundial da agricultura 4.0. A consultoria Marketsandmarkets™ estima que o mercado da irrigação inteligente tenha chegado à marca de 1 bilhão de dólares em 2020, com a projeção de atingir 2,1 bilhões em 2050, um crescimento de 15,3% ao ano.

As tecnologias que viabilizam a irrigação de precisão

Para saber a quantidade ideal de água a ser aplicada conforme os sistemas de irrigação em cada cultura agrícola, são necessárias diversas ferramentas para a coleta e o processamento de dados:

IoT

A internet das coisas (IoT) é o elemento-chave quando se trata de irrigação inteligente. Caracterizada pela integração de dispositivos conectados com objetos físicos, essa ferramenta coleta dados estratégicos para a otimização do uso da água na agricultura.

Na prática, isso ocorre pela instalação de sensores wireless geolocalizados em diferentes áreas da lavoura, coletando dados do solo, dos cultivos e da atmosfera sobre temperatura, umidade, quantidade de nutrientes etc. 

Esses dispositivos também se ligam a estações meteorológicas, podendo fornecer previsões do tempo muito mais acuradas, conforme a localização das culturas.

A IoT pode ser aplicada nos sistemas de rega mais precisos, como o localizado, em que as plantas são molhadas diretamente nas áreas de maior absorção. Um projeto da Embrapa utiliza a irrigação por taxa variável, em que é possível regular as doses específicas de água em cada aspersor.

A IoT também pode ser aplicada em outros sistemas agrícolas, como estufas, hidroponia ou fazendas urbanas. O recurso pode ser utilizado em tratores, colheitadeiras, drones e máquinas que auxiliam no plantio, colheita, gerenciamento da lavoura, armazenamento de grãos, reconhecimento do solo e outras atividades.

Na agropecuária, a IoT é um recurso eficiente. Afinal, dispositivos conectados diretamente aos animais e locais de criação podem fornecer informações precisas que auxiliam na saúde, na alimentação e no controle de qualidade de diversas espécies.

Conectividade, big data e cloud computing

Para a IoT, na irrigação inteligente, operar de forma consistente e estável, é necessária uma alta qualidade na conectividade. Isso significa tanto velocidade de transmissão quanto uma boa infraestrutura integrada, que inclui os sensores de campo aos hardwares dos centros de comando.

Além disso, o sistema de armazenamento em nuvem (cloud computing) se une à cadeia, garantindo um ambiente ágil e seguro das informações. Com essa ferramenta, os dados coletados e os softwares de processamento e gestão podem ser acessados remotamente, otimizando o trabalhando e economizando custos com data center.

Por fim, o processamento ágil de dados, em grandes quantidades e variedades, entra em cena com o big data. Nessa etapa, toda a informação coletada é analisada por softwares específicos. Esse processo é a alma da irrigação inteligente, pois é aqui que todo o investimento se materializa em dados que garantem o monitoramento preciso do uso de água nas produções agrícolas.

Assim, essas inovações tecnológicas da agricultura digital atuam em conjunto, sendo diferentes processos e etapas para o mesmo objetivo. A utilidade vai muito além da prática da aguagem, podendo estar presentes desde a preparação do plantio até a venda direta ao consumidor final.

Por conta, principalmente, da produtividade gerada pela digitalização, que paga os investimentos a longo prazo, e pela estimada diminuição do custo dos equipamentos, o mercado da agricultura de precisão deve crescer cerca de 7,9% ao ano até 2030. Os dados são da Marketsandmarkets™, que aponta o aumento dos atuais US$ 8,5 bilhões para US$ 15,6 bilhões até o final da década.

O avanço da conectividade para a aplicação da irrigação inteligente

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Drone agrícola voa e auxilia na fertilização, pulverizando o campo

A falta de cobertura da conexão no campo à internet ainda é uma barreira que precisa ser superada para a adesão ampla das tecnologias digitais. 

Segundo um estudo apresentado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), em parceria com a Universidade de São Paulo, em 2021, o alcance dos modelos de comunicação 2G, 3G ou 4G é de apenas 23% nas regiões rurais brasileiras

O mesmo estudo aponta um imenso crescimento econômico caso esse índice chegasse a 50%. Nesse caso, a produção agropecuária teria um acréscimo no valor bruto em 4,5%, adicionando cerca de R$ 47 bilhões à economia.

Um avanço das telecomunicações, que ajudará muito na superação desse desafio é a conectividade 5G. Com o recurso, o aumento do alcance de sinal e da velocidade de conexão e a diminuição da latência permitirá que a IoT possa ser adotada massivamente nas áreas rurais. A previsão é que até julho de 2022 o 5G esteja presente em todas as capitais brasileiras.

Ainda há muito a se avançar nesse sentido, mas já há casos bem-sucedidos de irrigação conectada no País, mesmo com base em tecnologia 4G. Um exemplo é o projeto da Vivo em parceria com a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP), realizado em 2019:

Nessa ação pioneira, um projeto de irrigação 100% automatizado foi implementado em uma fazenda em Piracicaba, no estado de São Paulo. Com a instalação de IoT em um modelo de rega por pivô central, o sistema foi totalmente conectado para funcionar de maneira autônoma. Assim, a água está sempre disponível nas condições ideais nos 10 hectares de cultivo de soja, milho e cana-de-açúcar da propriedade rural.

Irrigação inteligente: o futuro é agora

A tecnologia digital que revolucionou a indústria e a relação entre as pessoas na cidade chegou ao campo. Assim, para a digitalização das fazendas ser a realidade rural predominante, é apenas questão de tempo. E como em toda inovação, quem adota as inovações primeiro sempre sai em vantagem competitiva.

Além disso, preservar a água tem impactos que vão muito além da economia. Para o agronegócio, aplicar um sistema que otimize os recursos hídricos representa não só o aumento da produtividade, mas o compromisso com a sustentabilidade.

Para ajudar os produtores rurais a entrarem na era digital, a Vivo Empresas oferece uma vasta gama de ferramentas de digitalização do campo. Com soluções que incluem IoT, cloud computing, big data, aluguel de equipamentos, monitoramento do clima em tempo real e muito mais, o agricultor melhora a produtividade e contribui para a economia dos recursos naturais.

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Até a próxima!

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