Na história humana, foram as inovações tecnológicas que transformaram a maneira como a sociedade se organizava. Hoje, os avanços nas ciências da computação e cibersegurança estão proporcionando uma nova tendência, a criptoeconomia, a qual pode mudar a forma como lidamos com nossas finanças.
Nesse paradigma, as trocas econômicas se tornam mais horizontais, descentralizadas e automatizadas via contratos inteligentes. Isso tudo com a segurança da blockchain, que habilita transações ponto a ponto com altíssimo nível de segurança.
A criptoeconomia já é realidade, mas ainda é incerto se ela terá ampla adesão social. De qualquer maneira, seus princípios e tecnologias podem ser aproveitados pelas empresas e elevar a eficiência das movimentações financeiras e a proteção dos dados.
Saiba sobre os impactos sociais e corporativos desse novo marco da economia digital através dos seguintes tópicos:
- O que é criptoeconomia
- Quando surgiu?
- Conceitos e tecnologias utilizadas
- Aplicações da criptoeconomia
- Importância da segurança
- Panorama atual
O que é criptoeconomia
A criptoeconomia pode ser definida como um novo paradigma de economia digital baseado nas inovações decorrentes das criptomoedas. É um conceito multidisciplinar que envolve estudos das ciências da computação, criptografia, economia e teoria dos jogos para propor uma nova forma da sociedade estabelecer suas relações econômicas.
Um dos principais objetivos dessa abordagem é que as transações, através da tecnologia da blockchain, possam ser cada vez mais descentralizadas e seguras, sem a intermediação tradicional dos bancos. A criptoeconomia também prevê a ampliação das criptomoedas como meios de pagamento.
O resultado prático dessa teoria seriam novas maneiras de as pessoas fazerem uso dos serviços financeiros, como empréstimos, pagamentos e investimentos. As mudanças também implicam no mundo do trabalho e dos games, proporcionando novos modelos de negócios e fonte de renda.
Esse paradigma econômico ainda se relaciona intimamente com a segurança da informação. Como a ideia é descentralizar as transações, a criptografia é imprescindível para a comunicação se manter inviolável e protegida contra fraudes.
Quando a criptoeconomia surgiu?
O termo criptoeconomia foi cunhado pelos desenvolvedores da plataforma Ethereum, entre os anos de 2014 e 2015. O conceito tem íntima relação com o advento dessa rede, visto que ela ocasionou uma evolução do uso da blockchain.
Isso porque, até então, o paradigma de uso dessa tecnologia era o Bitcoin, o qual criou esse conceito para viabilizar a primeira criptomoeda do mundo, em 2008.
Já o Ethereum deu um salto nos usos e nas aplicações da blockchain, facilitando a execução dos chamados contratos inteligentes (smart contracts) e oferecendo uma plataforma programável para o desenvolvimento de aplicações.
Dessa forma, essa nova rede criou as condições para que uma nova economia digital, movimentada pelas criptomoedas e habilitadas pela blockchain, pudesse surgir. Isso resultou, por exemplo, na ascensão do tokens não fungíveis (NFT) e na criação de novas moedas virtuais e de diversos jogos online.
Conceitos e tecnologias utilizadas
A criptoeconomia se baseia em uma série de elementos conceituais e tecnológicos. Conheça os pilares que sustentam esse paradigma:
Criptomoedas
As moedas virtuais são o combustível da criptoeconomia. Através dela, são realizadas todas as movimentações financeiras desse novo modelo, além de serem ativos para especulação e investimentos.
A primeira criptomoeda do mundo, o Bitcoin, foi criada com o objetivo de ser um sistema de trocas descentralizado, peer-to-peer (ponto a ponto, ou P2P) e totalmente seguro. Isso está explícito no white paper do Bitcoin, lançado pelo criador, de pseudônimo Satoshi Nakamoto, em 2008.
Entretanto, especula-se que a moeda virtual também surgiu como uma resposta à crise econômica mundial daquela época. Contribui para essa teoria o fato de esse meio de pagamento digital ser escasso – o contrário das moedas fiduciárias, as quais perdem valor com o tempo por serem emitidas de maneira ilimitada.
Com as criptomoedas, é possível fazer transferências de valores ilimitados em questão de poucos minutos e com taxas mínimas, em qualquer local do mundo. As movimentações são criptografadas, o que garante o anonimato.
Blockchain
A tecnologia da blockchain foi lançada junto com o Bitcoin, estabelecendo o protocolo seguro e inviolável da comunicação P2P.
Nessa metodologia, todas as transações são interligadas por meio de um bloco de códigos, registrados em um livro público. Como toda a informação acumulada depende dessa cadeia, é praticamente impossível fraudar os registros.
Esses blocos de informações são validados e registrados através do processo conhecido por mineração. Nele, algoritmos executam uma prova de trabalho para gerar um hash a cada bloco, o qual se interliga aos anteriores. Quem realiza essa tarefa é recompensado com criptomoedas.
Como mencionado, a blockchain evoluiu, trazendo novas funcionalidades, como os contratos inteligentes. Nesse sistema, códigos computacionais programam e executam automaticamente um acordo firmado entre duas pessoas, garantindo as obrigações.
Finanças Descentralizadas (DeFi)
A junção entre criptomoedas e blockchain habilitou o principal pilar de sustentação da criptoeconomia: as finanças descentralizadas – Decentralized finance (DeFi).
Nesse conceito, diversos tipos de transações financeiras podem ser realizados diretamente entre os usuários, por meio dos smart contracts. Assim, uma série de serviços pode ocorrer sem a necessidade de intermediários, como bancos e corretoras.
Isso possibilita, por exemplo, que pessoas tomem e concedam empréstimos com as condições de juros, prazos, multas, etc, diretamente entre si. Também é possível fazer investimentos de diferentes níveis de riscos através das exchanges descentralizadas (DEXs), participar de leilões, entre outras atividades.
Tudo isso é executado na blockchain, proporcionando a segurança e confiabilidade das transações.
Aplicações da criptoeconomia
Existem diversas utilidades para as tecnologias nesse marco da economia digital. Veja as principais:
Meios de pagamento
O uso de moedas virtuais como meio de pagamento é um dos exemplos mais evidentes da criptoeconomia. Existe uma série de estabelecimentos que aceitam criptomoedas no Brasil e no mundo, e a adoção já começa ser pensada em nível de política de Estado.
Foi o que aconteceu em El Salvador em setembro de 2021, quando o país foi o primeiro, e até então, o único, a adotar o Bitcoin como moeda oficial.
Em relação às marcas que aceitam criptomoedas, estão listadas grandes empresas, como Microsoft, Twitch e WordPress.
Tokens não fungíveis (NFTs)
As NFTs são um dos elementos da criptoeconomia que mais vêm conquistando relevância. Com essa tecnologia, um item digital (música, meme, objeto de jogo, obra de arte, etc) é associado a um token criptográfico, ganhando uma espécie de selo de autenticidade, que o transforma em um exemplar único.
A ideia por trás desse mecanismo é garantir a originalidade de determinado conteúdo virtual, de modo que as pessoas o reconheçam como algo exclusivo. Se a comunidade valoriza determinada produção, ela pode atingir um grande valor de mercado – há casos de NFTs negociadas por dezenas de milhões de dólares.
De acordo com relatório de dezembro de 2022 da Emergen Research, o mercado global de tokens não fungíveis atingiu o patamar de 15,54 bilhões de dólares em 2021, com uma estimativa de taxa de crescimento anual (CAGR) de 34,2% até 2030.
Jogos play-to-earn
Games do estilo play-to-earn (jogue para ganhar) também compõem boa parte da criptoeconomia. Nesses jogos, o usuário, dependendo do seu desempenho, pode ser recompensado com moedas virtuais.
Baseados na blockchain, muitos desses jogos requerem algum investimento do jogador para comprar avatares, adquirir itens que ajudam na progressão, etc. Diversos componentes dos games se transformam em NFTs, as quais podem ser negociadas com outros jogadores.
A lista dos jogos play-to-earn mais famosos inclui:
- Axie Infinity;
- Genesis Worlds;
- The Sandbox;
- Aliens World;
- Drunk Robots.
Fontes de renda
Para muitas pessoas e empresas, a criptoeconomia representa não apenas uma nova possibilidade de movimentar dinheiro, mas também uma oportunidade de renda.
Os elementos citados anteriormente já possibilitam, por si só, o faturamento através do investimento, seja em criptomoedas, NFTs ou em jogos play-to-earn. Além disso, essa nova economia ainda cria um novo modelo de negócios, chamado Organização Autônoma Descentralizada (DAO – do inglês Decentralized Autonomous Organization).
Empresas dessa categoria são totalmente digitais e funcionam por meio de contratos inteligentes baseados na blockchain. São corporações desse formato que produzem os jogos e outros produtos que podem remunerar o usuário através dos modelos learn-to-earn, create-to-earn, invest-to-earn, entre outros.
Importância da segurança
Embora as moedas virtuais sejam muitas vezes associadas a golpes financeiros, a verdade é que, em termos de segurança cibernética, a tecnologia que a sustenta é extremamente confiável.
Isso porque a blockchain é pública e passa por verificação a cada novo bloco de informação. Para ser adulterada, seria necessária a manipulação orquestrada da maioria dos mineradores (o chamado ataque dos 51%), algo praticamente inviável.
Ainda assim, a criptoeconomia não está sujeita a riscos cibernéticos, como o cryptojacking – sequestro de poder computacional para mineração. Além disso, existem as ameaças corriqueiras de qualquer tipo de uso da internet, como os malwares e ransowares, os quais podem, no limite, fazer com que terceiros tenham acesso indevido a uma carteira de moedas virtuais.
Desse modo, qualquer tipo de atividade digital requer vigilância constante. Por isso, o ideal é que toda a navegação online seja feita com ferramentas de proteção cibernética, como as oferecidas pela Vivo Empresas
Panorama atual da criptoeconomia
A criptoeconomia é um tema ainda muito recente no cenário mundial e que levanta muitas polêmicas em relação aos seus impactos positivos e negativos na sociedade.
Para os defensores desse novo modelo, ela representa uma maneira muito mais horizontal de as pessoas realizarem transações financeiras, visto que negócios são realizados diretamente entre os usuários, sem intermediários.
Entretanto, muitos especialistas criticam o funcionamento das criptomoedas pela sua alta volatilidade, o que as torna, na prática, um produto financeiro especulativo. Além disso, o gasto energético do processo de mineração é muito elevado, gerando impactos ambientais significativos.
Ao longo de 2022, o mercado vem enfrentando o chamado inverno cripto, com o registro de um encolhimento da capitalização de 66% em outubro. Mesmo assim, o número de investidores vem crescendo no país. Segundo dados da Receita Federal divulgados pela Revista Exame em setembro deste ano, houve um aumento de 200% de pessoas físicas que movimentaram criptomoedas.
Apesar das incertezas em relação ao futuro das moedas virtuais, a blockchain é uma tecnologia que desperta bastante confiança no mercado. Muitas empresas já utilizam esse mecanismo, seja para rastrear e registrar dados ou para realizar acordos via contratos inteligentes.
Tecnologias para uma nova economia
A criptoeconomia é um perfeito exemplo de como a tecnologia cria tendências de impacto no mundo dos negócios. A blockchain é um dos elementos que transformam a digitalização das empresas, mas as recentes inovações vão muito além.
O futuro dos negócios está diretamente atrelado ao metaverso e aos avanços na conectividade, como o 5G. Os softwares de inteligência artificial e os dispositivos conectados via Internet das Coisas (IoT) também demonstram como uma nova era se aproxima do mundo corporativo.
A Vivo Empresas participa ativamente dessa transformação, promovendo produtos que digitalizam por completo negócios de todos os portes. Com soluções em conectividade, cloud computing, aluguel de equipamentos, entre outras, as startups brasileiras ganham eficiência para aproveitar as oportunidades desse período de profundas mudanças.
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