Como a tecnologia ajuda a reduzir a violência contra mulher

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No combate à violência contra a mulher, toda a estratégia de enfrentamento deve ser aplicada sem medir esforços. Mas seja na prevenção, punição, educação, ou qualquer que seja a abordagem, o fato é que a tecnologia tem muito a contribuir na resolução desse grave problema social.

Afinal, se inovações como Internet das Coisas (IoT), Inteligência Artificial (IA), big data, entre outras, ajudam a solucionar problemas de segurança de empresas e cidades, elas também podem ser aliadas na proteção da mulher.

A verdade é que, ainda que de forma tímida, essas soluções já existem, seja na esfera pública ou privada. Tais iniciativas são armas importantes na luta contra a opressão de gênero, mas podem ser aprimoradas e ganhar mais penetração na sociedade.

Neste artigo, trouxemos um panorama nacional e internacional sobre tecnologias de combate à violência contra a mulher e quais as expectativas futuras para o uso dessas soluções digitais. Aqui, você verá:

  • Panorama brasileiro da violência contra a mulher
  • Como a tecnologia pode ajudar a reduzir a violência contra mulher?
  • Iniciativas nacionais
  • Iniciativas internacionais
  • O futuro da tecnologia no combate à violência contra a mulher

Panorama brasileiro da violência contra a mulher

Infelizmente, o Brasil continua sendo um país bastante hostil para as mulheres. Embora haja alguns avanços no combate à violência nos últimos anos, como a Lei Maria da Penha, o Disque 180, a Lei do Feminicídio e a Lei da Importunação Sexual, as estatísticas demonstram que as agressões contra as brasileiras seguem aumentando.

Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2022, pelo menos uma pessoa ligou a cada minuto ao 190, no ano de 2021, para denunciar agressões de violência doméstica. Esse tipo de ocorrência cresceu 4% em relação ao ano anterior, enquanto os chamados por outros motivos diminuíram 5,3%.

Além disso, o mesmo levantamento aponta o acréscimo de diversas outras violências contra a mulher. Os números demonstram o aumento de:

  • 3,3% na taxa de registros de ameaça.
  • 0,6% na taxa de lesões corporais dolosas em contexto de violência doméstica.
  • 6,6% de crimes de assédio sexual.
  • 17,8% de crimes de importunação sexual.

Em relação ao feminicídio (assassinato de mulheres cometidos em razão do gênero), os dados também são alarmantes. Em 2021, foram registrados 1.341 feminicídios, o que representa uma média de um assassinato a cada 9 horas. 62% dos feminicídios foram contra mulheres negras, demonstrando que esse segmento é muito mais vulnerável.

Os dados de 2022 ainda não foram divulgados. Porém, conforme consta em reportagem do G1 de dezembro de 2022, as estatísticas preliminares do Fórum Brasileiro de Segurança Pública apontam 699 feminicídios até o 1º semestre do ano passado – o maior já registrado.

Como a tecnologia pode ajudar a reduzir a violência contra mulher?

Existem diversas estratégias no combate à violência de gênero: leis mais severas, agilidade na ação das forças de segurança, fortalecimento dos canais de denúncias, ações educativas, etc. Seja qual for a frente de atuação, a digitalização do sistema traz grandes contribuições na proteção da mulher. 

Iniciativas baseadas em ferramentas de inteligência artificial, geolocalização, big data analytics, entre outras, estão sendo aplicadas e desenvolvidas por organizações públicas e privadas em ações de prevenção e suporte às vítimas.

Dispositivos eletrônicos, aplicativos, robôs virtuais, plataformas colaborativas, etc, auxiliam mulheres em inúmeras situações. Tais recursos são utilizados como:

  • Ferramentas de socorro em situações de perigo.
  • Canais de acolhimento e denúncia.
  • Mapas de prevenção a zonas de risco em centros urbanos.

A seguir, você verá exemplos concretos de tecnologias empregadas no combate à violência contra a mulher.

Iniciativas nacionais de combate à violência 

Existem soluções tecnológicas aplicadas na esfera pública e privada que estão contribuindo para o enfrentamento da violência de gênero no país. Conheça 3 exemplos. 

Botão do pânico

Como uma política pública de proteção a vítimas de violência contra a mulher, diversos estados brasileiros oferecem o dispositivo “Botão do Pânico”. Essa ferramenta permite que as forças de segurança sejam acionadas de maneira ágil, 24 horas por dia, nos momentos em que a mulher estiver em situações de risco.

A iniciativa surgiu em 2013, atendendo a mulheres vítimas de violência doméstica no município de Vitória (ES). O botão consiste em um dispositivo eletrônico equipado com GPS e com capacidade de gravar áudios. Quando acionado, um alerta é enviado à Patrulha Municipal Maria da Penha, que se desloca ao local para atender à ocorrência.

Desde a criação, outras unidades federativas passaram a adotar a mesma estratégia. Hoje em dia, o botão do pânico está disponível em São Paulo, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, entre outros estados.

O mecanismo também evoluiu ao longo dos anos. No Paraná, por exemplo, foi implantado, em 2021, o Botão do Pânico Virtual, integrado ao App 190, da Polícia Militar do Estado. Quando acionado, uma viatura se desloca ao local de maneira prioritária, sem a necessidade da mulher ligar para a força de segurança.

App Todos por uma

O aplicativo Todos por uma é uma ferramenta gratuita de proteção às mulheres em momentos de perigo. A tecnologia possibilita que as usuárias cadastrem o número de telefone de pessoas de confiança, chamadas de anjo, que são notificadas caso a mulher esteja passando por alguma situação de risco.

A interface deste aplicativo simula um app de compras, para não despertar a desconfiança do agressor. Quando acionado, a geolocalização da usuária é atualizada a cada 30 segundos. Dessa forma, o anjo pode ir ao local, ou chamar forças de segurança, para socorrer a vítima.

Além dessa funcionalidade, o app também mapeia locais de risco, indicados pelas próprias mulheres, ajudando as demais a identificar e evitar transitar nas áreas mapeadas.

O app está disponível para download no Google Play e App Store e conta com mais de 20.000 cadastros. Além do Brasil, ele também atende usuárias dos Estados Unidos, Canadá, Portugal, Colômbia, Grécia, entre outros países.

Projeto Glória

O Projeto Glória é uma iniciativa de empoderamento da mulher e combate à violência de gênero. Essa plataforma de transformação social foi criada com o objetivo de identificar, educar, intervir e dar suporte aos casos de agressões de mulheres ao redor do mundo.

A Glória é uma Inteligência Artificial em desenvolvimento: uma robô que visa coletar e analisar dados a partir da interação com as mulheres. O objetivo é que a ferramenta de machine learning atue online e offline – em totens instalados em feiras, eventos, etc.

Uma das ações realizadas por este projeto foi o ebook Basta! O Grito Glorioso!, lançado em 2022. O livro traz conteúdo educativo sobre autocuidado e violência de gênero, ajudando as mulheres a identificarem essas situações, denunciarem agressões e se libertarem do ciclo de maus-tratos.

Iniciativas internacionais de combate à violência

No contexto internacional, podemos dizer que as tecnologias de combate à violência de gênero estão mais avançadas. Confira 3 aplicações:

Botão de pânico ROAR

A empresa estadunidense ROAR desenvolveu um botão de pânico vestível, compacto, com tecnologia de conectividade BLE mesh. Esse recurso viabiliza uma comunicação entre os dispositivos de maneira independente da rede de conexão e infraestrutura de TI do local, permitindo que o alerta seja acionado em quaisquer situações.

Esse botão de pânico é aplicado em contexto corporativo, especialmente entre funcionários de redes hoteleiras, com o objetivo de garantir a proteção da equipe de trabalho.

A empresa foi criada e é presidida por uma mulher, que criou a solução como uma forma de dar mais proteção às mulheres em casos de assédio e violência no ambiente corporativo.

HarassMap

O HarassMap é uma plataforma egípcia que incentiva as cidadãs do país a denunciarem assédio e violência de gênero. Através do site ou aplicativo, as mulheres podem relatar situações de agressões presenciadas, que são coletadas e mapeadas. Periodicamente, a plataforma gera relatórios, dando visibilidade aos casos.

O objetivo dessa tecnologia é acabar com o silenciamento a que muitas mulheres egípcias são submetidas. A ideia é que, quanto mais denúncias e consequentes punições, mais os agressores serão inibidos de praticar violências.

A plataforma também tem forte atuação educativa, instruindo mulheres a fazerem boletins de ocorrência e fornecendo contatos de locais para apoio e atendimento psicológico. O HarassMap ainda realiza campanhas em escolas, universidades, ambientes de trabalho, etc, conscientizando a população sobre o problema da violência de gênero.

Projeto Caretas

O Brasil foi o pioneiro em receber o Projeto Caretas, desenvolvido pela Unicef em parceria com as empresas Sherpas, Chat-Tonic, Facebook e a ONG Safernet. Essas organizações criaram, em 2018, a personagem fictícia Fabi Grossi: uma inteligência artificial que interage com jovens e adolescentes no aplicativo Messenger.

Esse chatbot foi programado para apoiar e conscientizar mulheres vítimas de vazamento de fotos íntimas. A IA atua de diversas formas, fornecendo suporte emocional, aconselhamento e direcionamento sobre ações a serem tomadas.

O projeto foi considerado um sucesso pela Unicef. Foram contabilizadas mais de 500 mil interações completas, com 93% de aprovação da experiência do usuário como boa ou muito boa. Por conta disso, a organização expandiu o projeto para a Argentina, África do Sul e Ucrânia.

No entanto, os usuários do Facebook relatam que o chatbot não está mais respondendo. De qualquer forma, a iniciativa demonstra como a IA pode ser utilizada no aconselhamento e combate a um grave problema enfrentado pelas mulheres.

O futuro da tecnologia no combate à violência contra a mulher

As iniciativas descritas ao longo do texto demonstram como as tecnologias digitais podem ser aliadas no combate à opressão de gênero. Entretanto, ainda há muito a ser feito: e as inovações têm enorme potencial no auxílio ao enfrentamento da violência contra a mulher.

Estamos vivenciando, por exemplo, a plena ascensão do metaverso, que cria um ambiente de interação virtual muito mais próximo da realidade. Esse recurso pode aproximar mulheres em grupos de aconselhamento e, no futuro, integrar a canais oficiais de proteção às vítimas, como delegacias, Tribunais de Justiça, entre outros.

Tal iniciativa incentivaria as mulheres na busca por justiça, visto que o deslocamento presencial, muitas vezes, é um impeditivo. Afinal, muitas cidadãs têm medo de frequentarem os ambientes dos órgãos oficiais, que são intimidadores para as vítimas mais fragilizadas.

O avanço exponencial da AI também deve trazer enormes contribuições. Iniciativas como o Projeto Caretas podem ser ampliadas e aprimoradas, dando mais suporte às vítimas. Com as interações, geram-se insumos para análise de big data, os quais poderão ajudar no estabelecimento de políticas governamentais.

Essa ferramenta, ainda, pode estar integrada ao poder público, ajudando em investigações. O Tribunal de Justiça do Ceará (TJ/CE) está em busca dessa solução, com a expectativa da inovação ser aplicada ainda neste ano.

Dispositivos de Internet das Coisas (IoT), câmeras térmicas, videomonitoramento com reconhecimento facial, etc, também podem contribuir. Essas ferramentas próprias de cidades inteligentes (smart cities) podem ser aplicadas em espaços públicos, terminais de transportes, campus universitário, entre outros, ajudando na identificação e intervenção em situações de agressão.

Conforme aponta Andrea Bisker, CEO e fundadora da Spark:off, em entrevista ao podcast Aproximando Ideias, da Vivo Empresas, uma das definições de cidades inteligentes é elas estarem centradas na promoção do bem-estar do ser humano. Dessa forma, tecnologias de combate à violência de gênero são fundamentais para municípios inclusivos, seguros e aliados com o desenvolvimento humano.

Vivo tem compromisso com a igualdade de gênero

Como fornecedora de soluções digitais para inúmeros negócios, a Vivo Empresas entende que a tecnologia tem papel fundamental na promoção de uma sociedade com mais justiça, respeito e inclusão.

Por isso, somos signatários de diversos compromissos da Ambição 2030 do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU), incluindo o objetivo 5 para o Desenvolvimento Sustentável que é sobre igualdade de gênero. Entendemos que a diminuição da violência passa por transformações na cultura das organizações, de maneira que trabalhamos em prol do empoderamento feminino em nossas equipes.

A Vivo Empresas está na vanguarda do 5G e oferece soluções digitais, para corporações de todos os portes. Com infraestrutura tecnológica, empresas e cidades se tornam preparadas para aplicar as melhores ferramentas de proteção e segurança das mulheres.

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Até a próxima!

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