O tema da saúde mental no trabalho tem sido cada vez mais discutido, dentro e fora do Brasil. Afinal, milhares de empregados, em algum momento, já tiveram que pedir afastamento devido a transtornos psíquicos, como depressão e ansiedade.
Aliás, a crise sanitária ocorrida em 2020 foi um dos fatores que acentuou essas questões. Nesse cenário, houve períodos de isolamento social, pressão quanto à produtividade no modelo remoto e uma certa confusão entre os âmbitos profissional e pessoal.
Contudo, se por um lado a tecnologia é um dos meios responsáveis pela elevação de estresse, trazendo imediatismo e diluição do horário de trabalho, esta também pode ser parte da solução.
Startups voltadas para saúde mental, bem como dispositivos vestíveis e conectividade, são ferramentas poderosas para o controle do bem-estar dos colaboradores. Por isso, é importante entender como empregar inovações em prol dos funcionários, o que, consequentemente, também beneficia a própria empresa.
Se você se interessa pelo tema, veja, a seguir:
- Panorama da saúde mental no trabalho
- Principais problemas no ambiente profissional
- Como as empresas estão se posicionando
- Papel da tecnologia na manutenção da saúde mental no trabalho
Panorama da saúde mental no trabalho
De modo geral, o tema saúde mental no trabalho sempre foi um tabu. Muitas vezes, comportamentos específicos de pessoas sofrendo com depressão, por exemplo, são rotulados como falta de entusiasmo e comprometimento com o emprego. Além disso, a desinformação de líderes e companheiros comumente agrava a situação.
Até hoje, há esforços para mudar essa percepção errônea, que permanece no mercado e na sociedade como um todo. E, com isso, tornam-se mais frequentes os debates sobre essas patologias nos espaços profissionais, assim como as ações em prol do bem-estar dos funcionários.
Isso aconteceu, especialmente, a partir de 2020, quando o tema ganhou novo destaque dentro e fora do Brasil. Segundo um artigo científico da Organização Mundial da Saúde (OMS), publicado em março de 2022, a pandemia piorou o quadro global, nesse sentido. Os dados da pesquisa mostram que, no primeiro ano de Covid-19, os índices de ansiedade e depressão aumentaram em 25%.
A questão da saúde mental no trabalho também chamou a atenção no Brasil em 2020, quando 576 mil pessoas solicitaram o afastamento de suas funções devido a transtornos mentais e comportamentais. Esse número foi 26% maior do que em 2019, de acordo com a CNN Brasil, em publicação de setembro de 2021, baseada em dados da Secretaria Especial da Previdência e Trabalho.
Cenário ao redor do mundo
Em paralelo, um mapa feito pela organização de pesquisa sem fins lucrativos Sapien Labs, e divulgado em março de 2022, mostra a média de saúde mental no globo. A medida considera como métricas: humor, perspectiva de vida, socialização, motivação, cognição, adaptabilidade, resiliência e a conexão entre mente e corpo.
E, diferentemente do que se possa imaginar, o Quociente de Saúde Mental (MHQ) foi menor em países de língua inglesa, como África do Sul, Reino Unido, Austrália e Irlanda. Já dentre os mais bem ranqueados, estavam países da América Latina e Espanha.
Contudo, no caso do Brasil, a situação não é tão favorável, uma vez que, em 2019, a OMS o apontou como o país com mais deprimidos na América Latina.
Sendo assim, não há dúvidas de que há muito a se desenvolver em relação ao suporte que empresas podem dar aos funcionários para prevenir e auxiliar nessas questões.
Principais problemas no ambiente profissional
Existe uma grande variedade de problemas que afetam a saúde mental. Há os que estão relacionados a traumas, crises financeiras, doenças de entes queridos ou, ainda, a um fator muito presente no cotidiano: o estresse.
Essa é uma das causas, ou, ao menos, um impulsionador de transtornos que afetam grande parte da população, como depressão e ansiedade.
De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2019, do IBGE, 16,3 milhões de brasileiros com mais de 18 anos sofrem com depressão, sendo que as áreas urbanas registram o maior número de casos, representando 10,7%, enquanto, na região rural, o índice é de 7,6%
Ainda, segundo um estudo da Universidade de São Paulo (USP), divulgado em fevereiro de 2021 pela CNN, o Brasil foi o primeiro entre 11 países com casos de ansiedade (63%) e depressão (59%) durante a pandemia.
Outro assunto que se tornou recorrente nos últimos anos foi a síndrome de burnout. Trata-se de um esgotamento profissional causado por excessos, como sobrecarga de funções e falta de estímulo ou de segurança. Já é considerada uma doença ocupacional crônica pela OMS.
Vale dizer que, na Classificação Internacional de Doenças (CID), o burnout está relacionado ao trabalho, não ao funcionário, o que significa que a companhia pode ser responsabilizada pela síndrome.
Nesse sentido, as empresas têm o importante papel de garantir um ambiente leve e saudável a seus colaboradores.
Dentro das companhias
Seja em modelo híbrido, remoto ou presencial, o comportamento de líderes e até a forma de gestão podem criar uma atmosfera mais estressante do que o necessário. Algumas queixas constantes durante o período pandêmico e que perduram em determinados segmentos são o grande volume de trabalho e os horários estendidos.
Porém, há, ainda, outras questões que necessitam de atenção, como:
- comunicação confusa da organização;
- falta de clareza quanto às funções do profissional;
- cobranças excessivas;
- desvalorização do trabalho.
Quando esses fatores estão presentes, há risco para a saúde mental dos funcionários. E, como resultado, a produtividade e até a qualidade de produtos e serviços podem ser afetadas.
Como as empresas estão se posicionando?
Os profissionais são o centro de todo negócio. Afinal, sem o esforço deles, não seria possível oferecer nenhum produto ou serviço para os clientes. Dessa forma, é claro que a saúde mental no trabalho deve ser uma prioridade para as organizações.
E, de acordo com uma pesquisa da consultoria Willis Towers Watson (WTW), divulgada em janeiro de 2022, essa será uma das principais prioridades no ano para os departamentos de RH.
O levantamento mostra que 86% dos empregadores pretendem focar de modo prioritário na saúde mental, no estresse e no burnout. Somado a isso, 48% cogitam implementar uma estratégia e um plano de ação na organização.
Entretanto, apesar das boas intenções, quase metade dos entrevistados ainda não estruturou esse sistema de bem-estar, que deve incluir campanhas de conscientização e até uma mudança de cultura.
O que já foi feito?
Especialmente em resposta à pandemia, muitas companhias formaram grupos de apoio para lidar com o estresse e a ansiedade causados pelo cenário. Os serviços virtuais de saúde mental, como consultas com psicólogos, também foram oferecidos como suporte para a força de trabalho.
Além disso, por meio de benefícios, as empresas puderam, ainda, auxiliar em alguns fatores externos que tendem a acarretar problemas. Portanto, cresceram as parcerias com academias e personal trainers para aulas online, assim como o auxílio home office, para ajudar com contas de luz e internet, além da compra de materiais necessários.
Quais os riscos de não se investir em saúde mental no trabalho?
Altos índices de absenteísmo e turnover, aumento nos sinistros de saúde, queda de engajamento e produtividade são algumas das consequências comuns em negócios que não priorizam essa questão. Ou seja, há impacto direto no lucro e na qualidade do serviço oferecido pela empresa.
Só para exemplificar, um estudo da startup Kenoby, conduzido entre fevereiro e março de 2021 no Brasil, revela que 67% das organizações tiveram colaboradores afastados por problemas emocionais.
Além disso, pode haver sanções legais às companhias que tiverem práticas ruins e levarem funcionários a, por exemplo, desenvolver uma síndrome de burnout.
Enfim, a realidade é que investir em uma força de trabalho saudável mentalmente não apenas melhora a imagem como marca empregadora e socialmente responsável, mas pode poupar gastos a longo prazo.
Segundo estimado pela OMS, cada dólar investido em tratamentos de transtornos como depressão e ansiedade representa um retorno de 4 dólares em melhorias na saúde e no desempenho dos funcionários.
Exemplos que podem inspirar
A companhia LinkedIn adotou o trabalho remoto em março de 2020 e, desde então, realizou uma série de ações em prol da saúde mental. Dentre as iniciativas de maior destaque, está a criação de licenças especiais para funcionários que são pais de filhos de até 13 anos, ou que cuidam de pais idosos.
Além disso, manteve a oferta de sessões de yoga e mindfulness gratuitas no escritório e deu uma semana de folga remunerada para seus colaboradores ao redor do mundo.
Outro bom exemplo é da Crawly, que trabalha com inteligência de negócios. A companhia conseguiu aderir à semana de quatro dias para os times de desenvolvimento, comercial e marketing, sem diminuir a remuneração dos profissionais.
O objetivo é ter um dia útil livre para que os empregados possam resolver suas questões pessoais e descansar, reduzindo a ansiedade.
Papel da tecnologia na manutenção da saúde mental
A digitalização foi importante em todos os segmentos de negócios, e não é diferente quando o assunto é saúde mental.
A princípio, podemos citar a conectividade, que é elemento crucial na flexibilização de modelos de trabalho. Afinal, muitos profissionais consideram a possibilidade de desempenhar suas funções remotamente ou de forma híbrida, alternando entre presencial e online, em busca de uma melhoria na qualidade de vida.
Mas, além disso, o poder da conexão, juntamente ao da nuvem, também estão presentes na popularização dos serviços digitais de saúde mental. A vida corrida pode atrapalhar o comparecimento a consultas com psicólogos e terapeutas, impactando no tratamento de depressão e ansiedade.
Por meio de aplicativos e plataformas, que, inclusive, podem fazer parte dos auxílios oferecidos pelas empresas, o colaborador sempre tem ajuda à sua disposição.
Ao mesmo tempo, ambas as tecnologias ainda são essenciais para manter os times integrados e facilitar a comunicação entre equipes, tornando o ambiente da companhia mais receptivo e colaborativo.
Outra inovação interessante para cuidar da saúde mental são os dispositivos vestíveis, conectados via Internet das Coisas, ou IoT. As pulseiras inteligentes, ou smartbands, conseguem acompanhar o nível de estresse do colaborador e podem até guiar exercícios de respiração para diminuir essa taxa.
Paralelamente, já existem programas que utilizam óculos de realidade virtual para deixar a pessoa mais calma, por meio de jogos, ou, ainda, para guiá-la a um estado de meditação.
Para a empresa, o uso inteligente de dados é fundamental para elaborar uma estratégia de bem-estar. Por meio deles, pode-se entender os principais problemas que afligem a força de trabalho e, assim, definir os benefícios que poderiam ser aplicados para ajudar colaboradores. As soluções de Big Data de análise de dados são boas aliadas para encontrar tendências e hábitos de comportamento.
Healthtechs
As healthtechs, startups do segmento de saúde, utilizam a tecnologia para criar soluções em cuidados médicos e outros segmentos do setor. De acordo com o Distrito Healthtech Report 2020, desde 2014, foram investidos US$430 milhões em negócios inovadores na área, que deve continuar em alta.
Há diversas healthtechs focadas no bem-estar emocional. Conheça duas que se destacam:
Hisnëk
Utiliza inteligência artificial (AI) para reconhecer as emoções dos funcionários. Pelo aplicativo, o colaborador tem um canal aberto, no qual a AI identifica o perfil da pessoa e apresenta soluções personalizadas, como a indicação de um psicólogo. As interações, bem como a identidade de quem utiliza o app, são mantidas anônimas. E a empresa recebe um relatório para compreender a condição mental geral das equipes.
Vittude
Oferece terapia online e se destaca pelo uso do software Vittude Match, que usa AI e Machine Learning para que as pessoas encontrem o psicólogo ideal para sua demanda. O sistema apresenta um questionário simples para o colaborador e utiliza essas informações para cruzar com dados de experiência clínica e abordagem terapêutica dos profissionais de saúde mental.
Uma mudança cultural é necessária
Dados os números cada vez maiores de profissionais apresentando sinais de depressão, ansiedade e burnout, discutir a saúde mental no trabalho é de extrema importância nesse momento.
É preciso apoiar uma mudança cultural em como as questões emocionais são tratadas no ambiente corporativo e conscientizar gestores e colaboradores quanto a boas práticas. Essas transformações, por mais que exijam esforço, só têm a agregar ao negócio.
Um clima organizacional positivo e saudável favorece a todos, tanto aos profissionais, que se sentem mais engajados a ter melhor desempenho, quanto ao negócio, que irá prosperar.
Para começar uma mudança, é importante entender o contexto em que a companhia está no momento, analisando dados já obtidos e tendências do mercado. Após definidos os pontos principais de transformação, é possível selecionar as tecnologias ou parcerias que podem ajudar na estratégia.
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Aliás, a área de saúde tem muito a se beneficiar com o uso de inovações. Confira estes artigos para saber mais sobre o tema.
- Telemedicina em 2022: conheça os avanços e as perspectivas mais atuais para a saúde a distância
- Internet das Coisas Médicas (IoMT): a conectividade em prol do corpo médico e dos pacientes
- Saúde 4.0: veja como a inovação e tecnologia transformam o setor
Até a próxima!