É inegável que os avanços tecnológicos impactam diversos setores da vida humana de forma cada vez mais acelerada. Com a medicina, não é diferente. As tecnologias utilizadas para atendimento remoto dos pacientes, na telemedicina, renovam-se anualmente, de forma que o uso dessa ferramenta, impulsionado no início da pandemia de covid-19, já não é o mesmo em 2022.
Soluções como inteligência artificial (AI), Internet das Coisas (IoT), cloud computing e big data estão cada vez mais presentes no acompanhamento a distância dos pacientes. Igualmente importantes são os mecanismos de segurança digital e as ferramentas para colaboração e produtividade: essenciais para o uso ágil e seguro da medicina online.
Todas essas inovações estão no contexto da saúde 4.0, que vem revolucionando a telemedicina e os demais aspectos da atuação médica. Neste artigo, revelaremos os impactos tecnológicos nos serviços de saúde e as principais tendências para o setor. Aqui, você verá:
- Evolução da telemedicina no Brasil
- Consolidação da telemedicina
- Tendências da telemedicina
- Tecnologias da saúde 4.0
- Por que investir em telemedicina?
Evolução da telemedicina no Brasil

Embora o atendimento médico a distância tenha sido amplamente adotado nos últimos tempos, a prática foi regulamentada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) há 20 anos, com a Resolução CFM nº 1.643/2002.
Entretanto, essa Resolução compreendia o uso da telemedicina, conforme o art. 1º, apenas com o objetivo de ”assistência, educação e pesquisa em saúde”. Isso tornava impraticável, por exemplo, a emissão de receituário e atestado médico.
Com o temor da pandemia de covid-19, o Governo Federal, em fevereiro de 2020, aprovou uma lei que autorizava medidas emergenciais para combater o coronavírus, que começava a se espalhar no Brasil. Seguindo as recomendações do art. 3º dessa lei, a telemedicina foi regulamentada na Portaria Nº 467, de 20 de março de 2020.
Desde então, essa tecnologia de atendimento médico vem sendo uma grande aliada na promoção da saúde e do bem-estar dos brasileiros. Segundo dados da entidade Saúde Digital Brasil (Associação Brasileira de Empresas de Telemedicina e Saúde Digital), a telemedicina pode ter salvo mais de 75 mil vidas entre 2020 e 2021. Segundo a Associação, cerca de 7,5 milhões de brasileiros realizaram consultas online no período.
Consolidação da telemedicina pós-pandemia
A aplicação cada vez maior da telemedicina pode ser medida por meio do crescimento das Health Techs (empresas de tecnologia ligadas à saúde) nos últimos anos.
De acordo com levantamento da Sling Hub (que apura dados de startups latino-americanas), o número de empresas do segmento mais que dobrou entre 2020 e 2021, passando de 542 para 1.158. Houve um acréscimo ainda maior em relação à captação de recursos desses negócios. Em 2021, até 30 de outubro, foram investidos 344,3 milhões de dólares: aumento de 329% em relação ao mesmo período de 2020.
Outro indicativo da consolidação dessa modalidade de atendimento pode ser verificado no Panorama das Clínicas e Hospitais de 2021, estudo realizado pela Doctoralia, em parceria com a Tuo Tempo. Segundo o levantamento, mais de 70% das instituições entrevistadas afirmaram já ter disponibilizado consulta remota. Além disso, aproximadamente 65% dessas empresas pretendem continuar oferecendo o serviço após o fim da pandemia.
Cerca de dois anos após a autorização legal do uso da telemedicina, essa opção está sendo bem avaliada tanto por profissionais quanto pelos usuários. De acordo com pesquisa do CFM, 90% dos médicos que atenderam dessa forma pretendem continuar realizando esse tipo de consulta. Quanto aos pacientes, sete em cada 10 mostraram-se satisfeitos com as primeiras experiências em telemedicina, segundo dados da Conexa Saúde.
Isso tudo demonstra que, embora a pandemia esteja sendo superada, a telemedicina veio para ficar. Com as inovações tecnológicas, ela é uma ferramenta poderosa na prevenção e no acompanhamento de pacientes — e ainda pode oferecer muito mais possibilidades.
Tendências atuais no segmento
Se, no período agudo da crise sanitária, o objetivo principal do atendimento remoto era diminuir a ida da população aos hospitais, hoje em dia, a telemedicina é vista como uma estratégia perene de saúde, usada, principalmente, para acompanhamento de pacientes que precisam de cuidados contínuos.
Há diversas possibilidades de aplicação da telemedicina, com a tendência da segmentação por áreas aumentando cada vez mais. Dentre as especialidades desse tipo de atendimento, podemos citar teleconsulta, telediagnóstico, telemonitoramento, telecardiologia, teleoftalmologia etc.
Um exemplo de evolução prevista para este ano diz respeito à área da teleterapia, que inclui o tratamento de pessoas com problemas de adicção (vícios). Segundo o médico especialista em telessaúde Dr. Ian Tong, em entrevista à Healthcare IT News, uma tendência do ramo, em 2022, é ir além das videoconferências 1:1 (médico–paciente). Na visão dele, a demanda por saúde comportamental deve promover o uso de teleconferências grupais, semelhantes aos encontros em grupos de apoio presenciais.
A telemedicina, no entanto, deve ir muito além. Algo muito aguardado pelo setor é a implementação da tecnologia 5G para viabilizar o uso de robôs cirurgiões operados a distância.
O uso da robótica para cirurgias, principalmente ginecológica e urológica, já é uma realidade — mais de 14 mil procedimentos cirúrgicos com robôs foram realizados em 2020, conforme dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Minimamente Invasiva e Robótica do Capítulo do Rio de Janeiro (SOBRACIL-RJ). Com uma conectividade mais segura, a expectativa é de que essas máquinas possam ser operadas remotamente por médicos em qualquer lugar do mundo.
Independentemente da aplicação, o fato é que a telemedicina requer o uso de tecnologias médicas sofisticadas, no contexto da saúde 4.0. Isso inclui processamento de dados, segurança digital, conectividade, AI e IoT, dentre outras inovações.
Tecnologias da saúde 4.0 na telemedicina
Os hábitos do paciente e seu histórico médico são elementos indispensáveis que todo profissional da medicina precisa ter em mãos em qualquer atendimento. Para consulta segura das informações e coleta de dados, há duas ferramentas extremamente necessárias na telemedicina: big data e cloud computing.
A tecnologia de armazenamento em nuvem (cloud computing) permite o acesso ágil e seguro dos dados do paciente, como histórico de consultas, receituário, resultado de exames etc. Em atendimentos online, essa solução é indispensável tanto para o acompanhamento do médico quanto para possíveis trocas de profissionais, ou encaminhamentos para outras especialidades.
Essa tecnologia também oferece um ambiente seguro para processamento de dados obtidos com uso de wearables, dispositivos “vestíveis”, como relógios de monitoramento, que fazem parte do universo da IoT. De forma integrada, a big data e o cloud computing garantem uma avaliação constante da saúde do paciente, auxiliando muito na prevenção e no acompanhamento de doenças.
Não por acaso, o investimento global em infraestrutura de dados cresce continuamente. Segundo dados da Canalys, no 3º trimestre de 2021, houve um aumento de 35% no gasto mundial com armazenamento em nuvem, chegando a 49,4 bilhões de dólares.
Outra ferramenta da saúde 4.0 é a Inteligência Artificial (AI). Com o uso de algoritmos e da telemedicina, já é possível obter laudo de eletrocardiograma (ECG) em minutos. Essa tecnologia também permite detectar nódulos cancerígenos em exames de raios-X e tomografia computadorizada. Nessa aplicação, a AI oferece diagnósticos mais precisos e com espaço de tempo menor.
Algo tão importante quanto as tecnologias sofisticadas na telemedicina é, também, a segurança digital. Ter um ambiente seguro dos dados e de diálogo entre médico e pacientes que garanta a privacidade, conforme determina a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), é indispensável em qualquer atendimento. Assim, é imprescindível que a gestora de saúde invista em ferramentas de armazenamento e teleconferência seguras e confiáveis.
Softwares de colaboração e produtividade também são muito importantes na gestão dos serviços de teleatendimento. Essas ferramentas facilitam o trabalho em equipe, melhorando a comunicação interna e agilizando diversos tipos de procedimentos.
Como já mencionado no tópico anterior, a conectividade é outro fator primordial para aplicação e ampliação da telemedicina. Com a velocidade, estabilidade de conexão e ampliação do alcance proporcionados pelo 5G, esse setor crescerá muito mais e trará avanços como a possibilidade de manipulação a distância de robôs micro-cirurgiões.
Por que investir em telemedicina?

Embora a medicina online tenha sido difundida por uma questão de emergência em saúde pública, a consolidação dela se deve às inúmeras vantagens oferecidas tanto a pacientes quanto a médicos e gestores de saúde.
Um dos grandes impactos dessa modalidade de atendimento é a redução de custos proporcionada. Do ponto de vista do paciente, as consultas geralmente são mais baratas e eliminam a necessidade de gastos com transporte. Em relação ao corpo clínico, há menores despesas na infraestrutura laboratorial e no armazenamento de dados, visto que todas as informações do paciente podem ser armazenadas na nuvem, sem a necessidade de um espaço físico.
Isso confere mais comodidade e flexibilidade, uma vez que melhora a gestão do tempo e torna possível a realização de consultas em horários alternativos. Além disso, essa opção diminui o risco de exposições a doenças em ambientes hospitalares, pois muitos aspectos da medicina podem ser realizados remotamente, sem prejuízo ao paciente
Outra grande vantagem da telemedicina é, se usada de forma integrada com AI, IoT e wearables, o acompanhamento contínuo de pacientes. Pessoas com problemas cardíacos, por exemplo, podem ser monitorados remotamente, com coleta de dados 24 horas, que auxilia no conhecimento da evolução do estado clínico.
Além disso, como toda tecnologia utilizada para encurtar distâncias, a telemedicina promove conexões com especialistas que residem longe dos pacientes. Principalmente na realidade brasileira, na qual faltam especialidades médicas em muitas localidades, muitas vezes essa é a única alternativa de um atendimento por profissional especializado em determinada área.
Entretanto, vale salientar que a telemedicina não pode ser aplicada para todas as ocasiões e, por isso, não substitui a medicina presencial. Na verdade, o uso de ambas as modalidades devem ser planejadas conforme as necessidades de cada paciente, seguindo sempre as recomendações da legislação federal e do CFM.
Conclusão
A telemedicina foi posta à prova com a pandemia de covid-19 e, como resultado, passou de medida emergencial a uma possibilidade muito eficiente de atendimento à saúde. Por conta dos benefícios, muitas empresas do setor já adotaram essa prática de forma permanente, tornando imperativo que as demais se adequem e ofereçam esse serviço para manterem a competitividade.
Conforme dados da consultoria Gartner, cerca de 63% dos provedores de saúde estão passando por mudanças e adequações por diferentes motivos, incluindo as demandas de um novo tipo de consumidor adaptado a serviços remotos. Entretanto, apenas 22% dessas empresas conseguiram se adequar.
Segundo a Gartner, a principal saída para a recuperação desses negócios é a adoção de uma mentalidade “digital-health-first”, ou seja: que priorize as ferramentas digitais no atendimento ao usuário.
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