A disseminação das novas tecnologias mudou o mundo de diversas maneiras. É claro que o setor de educação também foi impactado. Celulares, computadores, tablets e a própria internet revolucionaram a sala de aula e o processo de aprendizagem. Agora, estamos prestes a dar um passo adiante, com o uso crescente da realidade virtual (RV) e da realidade aumentada (RA) na educação.
Apesar de serem diferentes, ambas as ferramentas, se bem usadas, têm o poder de transformar um projeto pedagógico. Ao darem um toque de ficção ao tangível, essas ferramentas trazem muitas vantagens, como o maior engajamento dos alunos e a melhora na assimilação do conteúdo.
Para ilustrar, imagine criar ambientes 3D, viver a época imperial brasileira e aprender sobre nossa história? Ou, então, usar um software que recria o espaço sideral para fins de estudo de astronomia?
Neste artigo, você poderá entender melhor o que a RV/RA representam e o porquê de estarem ganhando cada vez mais espaço no setor de ensino. Continue lendo sobre.
- O conceito de RA e RV
- As diferenças entre as duas tecnologias
- De que forma podem contribuir para o processo de aprendizagem
- As vantagens no uso desses recursos em sala de aula
- Os exemplos práticos na atualidade
- Os desafios para popularizar a RA e a RV no Brasil
Diferença entre realidade aumentada e realidade virtual
Antes de mais nada, é importante lembrar que os conceitos ganharam destaque na imprensa, depois que o Facebook anunciou a criação do Metaverso, solução que pretende combinar redes sociais com a RA e a RV. Por isso, a área de educação está de olho, para entender como usar as tecnologias a seu favor. Vamos, então, falar sobre as diferenças entre as duas.
Na RA, um ambiente virtual é desenvolvido para coexistir em sobreposição ao mundo que já temos. Um exemplo bem simples é o jogo eletrônico Pokemón GO, que virou febre há alguns anos. Por meio do celular, as pequenas criaturas são criadas na sala de casa ou na rua por onde a pessoa passa.
Outros exemplos são aplicativos que identificam as estrelas ou até os filtros divertidos de redes sociais. Portanto, a RA dá um ar de ficção ao mundo físico, incrementando a nossa experiência. Além disso, qualquer pessoa que disponha de um smartphone pode experimentar.
Já a RV é completamente imersiva, pois cria um mundo puramente digital a ser descoberto. Em outras palavras, aguça os sentidos, por nos fazer sentir que estamos em um ambiente totalmente diferente do habitual. Em geral, usando um capacete de RV, podemos ver imagens e ouvir sons gerados por computador. E, a partir daí, manipular objetos, andar e vivenciar novas sensações nesse meio.
Diferentemente do aplicativo que identifica as constelações, com a RV, é possível, por exemplo, sentir como se estivéssemos em uma nave espacial, percorrendo o espaço e vendo os planetas ao vivo. É uma experiência muito interativa e que proporciona um nível profundo de imersão. A tecnologia, no entanto, é mais complexa e exige equipamentos mais específicos.
Como essas tecnologias podem ajudar professores e alunos?
Nos anos 1960, nos Estados Unidos, o teórico Edgar Dale, da Universidade de Ohio, propôs o conceito de pirâmide do conhecimento (em inglês, Cone of Experience), no qual defendia que experiências reais e concretas são base importante para uma aprendizagem permanente.
Por meio dela, o educador concluiu que os alunos retêm mais informações quando estão participando ativamente do processo, não apenas ouvindo ou lendo. Trata-se da “aprendizagem pela ação”.
Assim, a partir dessa percepção, fica claro que materiais audiovisuais ampliam a motivação dos alunos, pois incentivam a participação ativa. Ao longo do tempo, essa teoria foi evoluindo, junto às possibilidades tecnológicas de cada época. Professores usavam desenhos, depois, passaram a utilizar projetores e TVs. Com a popularização da internet, finalmente, a tese pode ser elevada a outros patamares.
Dessa forma, RV e RA, na educação, introduzem definitivamente a sala de aula no campo da experiência, já que auxiliam a quebrar a barreira entre teoria e prática. De um lado, os alunos podem sair da rotina e se sentir mais estimulados a adquirir conhecimento; de outro, os docentes estão cada dia mais desempenhando o papel de facilitadores do processo (e não apenas de provedores de conteúdo).
Confira o 2o capítulo do nosso podcast Aproximando Ideias. Nesse episódio, participação especial do convidado Daniel Castanho, presidente do conselho do grupo Ânima, que administra instituições de ensino superior em todo país.
Vantagens incluem aumento da confiança e autoaprendizagem
Não por acaso, uma das maiores vantagens do uso de RV/RA, na educação, é, justamente, o resultado: uma aprendizagem mais eficiente.
A outra é a possibilidade de o aluno se tornar autodidata. Uma vez que o professor ensina o estudante a aprender, este estará apto a usar sua bagagem cultural para adquirir mais conhecimento por conta própria. Ao servirem-se de tecnologias como a RV/RA, os aprendizes se sentem empoderados na busca por respostas e por resolver problemas sozinhos. Afinal, agora eles têm controle sobre o processo de formação.
Dessa maneira, podem avançar no próprio ritmo. Isso evita, por exemplo, situações em que o aluno não entende o conteúdo na hora, e, depois, tem dificuldade para recuperar o atraso, por vergonha ou baixa autoestima.
O fato de ser interativo e despertar mais atenção também pode contribuir para ampliar o grau de comprometimento, evitando o abandono de cursos por desinteresse. Definitivamente, a interatividade aumenta o engajamento. Um estudante que não goste muito de história, por exemplo, pode mudar de ideia, se lhe for oferecida a possibilidade de visitar a Grécia Antiga em um dispositivo de RV.
Por fim, a chance de transmitir assuntos complexos de maneira simples é outro benefício. Consideraremos que alguns educandos não conseguem representar mentalmente aquilo que está sendo passado. Pessoas com boa capacidade de abstração podem ler um texto, ver uma imagem e logo assimilar o conteúdo, mas nem todos são assim. As tecnologias imersivas, portanto, servem para ajudar aqueles que têm dificuldade de contextualizar situações.
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Alguns exemplos de realidade virtual e realidade aumentada na educação
Talvez o caso mais conhecido de RV esteja nos simuladores de voo para treinamento de pilotos. Mas o uso da RA/RV, no processo de aprendizagem, abrange diversas áreas de conhecimento. Vejamos alguns exemplos.
Estudo de idiomas
As possibilidades são vastas na área de ensino de idiomas. Por meio da RV, o aluno poderia “viajar” virtualmente para outro país. Assim, teria a possibilidade de viver situações do cotidiano em outra língua sem sair de casa. Muito mais interessante do que decorar frases e conjugações verbais seria poder pedir um café em um restaurante em Paris, conseguir usar o metrô de Nova York ou reservar um quarto de hotel em Londres.
Curso de medicina ou enfermagem
Atualmente, já é possível simular uma visão de raio X para observação de estruturas ósseas do corpo humano. Essa seria uma aula de anatomia baseada em RA. Um caso prático é o HoloAnatomy, software da Microsoft que combina RA e RV para observar, até mesmo, partes difíceis de visualizar, como os sistemas circulatório e nervoso.
Aulas de história
No mesmo sentido, uma das possibilidades da RV seria recriar cenários improváveis ou que não existem mais. Um caso interessante é o software History Maker VR, financiado, em parte, pelo Departamento de Educação dos Estados Unidos. A ferramenta permite aprender a história americana de maneira interativa e lúdica. Já o “Roma Reborn” dá a chance de fazer um passeio medieval para estudar o desenvolvimento urbano da capital italiana. Aqui, no Brasil, o Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro, criou uma exposição para estudo de carros antigos usando a RA.
Laboratório virtual
Nesse contexto, é muito mais seguro fazer experimentos com misturas de elementos químicos quando não há risco de criar substâncias tóxicas ou causar uma explosão. As tecnologias RV/RA possibilitam testar as hipóteses dos alunos em tempo real, podendo ser reformuladas e analisadas diante dos olhos, sem perigo. Na área de ciências, portanto, os recursos de simulação do real podem servir como ferramenta poderosa de ensino.
Escolas de arquitetura e engenharia
Dessa mesma forma, desafiar e testar os limites da física sem correr riscos é outra característica do uso da RA na educação, dessa vez, no campo da arquitetura. Os aplicativos permitem visualizar por meio de hologramas o que vai ser construído no espaço que possuem. É uma maneira mais fácil de estudar cálculo de materiais e projetos de instalação. Além disso, é menos custoso e seguro fazer os ensaios de tentativa e erro no ambiente virtual do que ao vivo, em um canteiro de obras.
Ensino de matemática
Muitos alunos de matemática poderiam entender melhor a matéria e até ter mais interesse em cálculos se os livros fossem dotados de RA. Um exemplo de material didático com a tecnologia é quando usam no conteúdo um QR Code para visualizar formas geométricas em 3D, bastando, para isso, posicionarem seus smartphones ou tablets sobre uma questão.
Treinamento da equipe
As tecnologias de imersão não ficam restritas ao meio acadêmico. São de grande valia para empresas no treinamento de colaboradores. Alguns departamentos já estão usando RV para criar, por exemplo, cenários hipotéticos de negociação. Assim, é possível analisar como o funcionário lida com cada situação. Também podem utilizar games para estimular a capacidade cognitiva, promover competição construtiva e o espírito de equipe.
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Desafio inclui democratização das Tecnologias da Informação e Comunicação
Definitivamente, o uso de recursos de RV/RA, na educação, veio para ficar. Contudo, é preciso pensar que existem desafios a serem superados, sobretudo em países que dependem da democratização do acesso às Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs).
Assim, uma das barreiras é que nem todo mundo tem um equipamento apropriado para RV. Além disso, a maioria das pessoas não saberia usar esses recursos de maneira imediata, porque têm uma experiência limitada com as ferramentas. Como uma parte dos alunos não têm condições de comprar dispositivos RV, seria preciso distribuí-los nas escolas.
Nessa mesma linha, outra carência é a falta de conteúdo para esse meio, sobretudo, em português. É desejável que surjam mais empresas dispostas a desenvolver soluções imersivas na área de ensino.
A transformação já está acontecendo
Mesmo com alguns obstáculos, é inegável que o setor de tecnologias imersivas seja uma promessa na transformação da sala de aula. Um levantamento do Research and Markets, de abril de 2021, estimou que o mercado global de RA movimentou US$ 760,4 milhões em 2020. A previsão é de que a cifra chegue a US$ 42 bilhões até 2027. Já um estudo divulgado em janeiro de 2021, pela HoloniQ, empresa de pesquisa, indicou que os gastos com inteligência artificial (IA) na educação vão atingir 6,1 bilhões até 2025.
É claro, no entanto, que há desafios a serem superados para implementar RV/RA no ensino, como a popularização da Internet das Coisas (IoT), de soluções de conectividade e democratização das TICs. Outro ponto a se destacar é que a mídia sozinha não faz milagres, o grande diferencial está no projeto pedagógico, a inovação é apenas uma ferramenta.
Não por acaso, ferramentas tecnológicas são a especialidade da Vivo Empresas, que oferece um portfólio completo em soluções para o setor da Educação. São opções baseadas em cloud computing, Internet das Coisas (IoT) e conectividade, para citar algumas.
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- Educação e tecnologia: conexão direta da escola com o futuro
- Profissionais de educação e o apoio que a tecnologia oferece ao setor
- Como a tecnologia aprimora os esforços de professores e escolas
Até a próxima!