A discussão sobre o Open Banking pode ser considerada recente. O assunto começou a ganhar os holofotes há poucos anos, mais especificamente em 2017.
No ano seguinte, a Inglaterra inaugurou o seu sistema financeiro aberto, sendo pioneira nesse movimento de revolução das finanças. Assim, esse evento tem relação direta com o avanço da tecnologia.
Afinal, a transformação digital só é possível graças ao uso de aplicações da nova geração, como a inteligência artificial, para executar diversas atividades: desde a coleta de dados até o seu tratamento, a sua integração e sua segurança.
No Brasil, em meados de dezembro deste ano, o Open Banking entrou na sua quarta e última fase de implementação. O projeto está em andamento desde o início de 2021 e promete entregar aos consumidores taxas e produtos financeiros mais competitivos.
Mas ainda há outros benefícios que todo mundo deve ficar por dentro, principalmente quem é empreendedor ou gestor de negócios.
Neste post, apresentaremos os principais pontos sobre o assunto, esclarecendo as dúvidas e destacando como empresas e clientes se beneficiam disso. Assim, ao longo deste artigo, veremos:
- O que é Open Banking?
- Como o Open Banking funciona?
- Quais são as suas vantagens?
- O que podemos esperar para o futuro?
O que é Open Banking?
Para conhecer como o Open Banking deve beneficiar clientes e empresas, é primordial entender o que significa essa novidade.
Assim, do inglês, na tradução literal, o “banco aberto” une os conceitos de transformação digital e liberdade de mercado para levar melhores alternativas para os usuários bancários.
Por meio de APIs (Application Programming Interface, ou Interface de Programação de Aplicação), os dados cadastrais e transacionais de clientes podem ser compartilhados entre os bancos.
Mas, para que isso aconteça, é preciso ter a autorização do respectivo usuário. Assim, mesmo que o consumidor não tenha uma conta em um determinado banco, ele pode ter acesso às suas ofertas e condições.
Hoje, a implementação do Open Banking pelo Banco Central está na sua última fase, que deve terminar em meados de 2022.
Na América Latina, o Brasil é o precursor do Open Banking – e isso é uma ótima notícia. De acordo com dados levantados em outubro de 2021 pela consultoria Statista, o continente sul-americano está em último na projeção de quantidade de usuários desse recurso: apenas 4,5 milhões.
Com o nosso país em destaque pela implementação pioneira nessa região, o nosso mercado financeiro deve também fortalecer sua imagem para atrair investidores estrangeiros.
Como o Open Banking funciona?
A API é responsável por conectar diversos softwares e também por distribuí-los. Dessa forma, é estabelecida a integração de dados entre as empresas do mercado bancário. Mas, é importante destacar que nem todos os bancos têm a obrigatoriedade de participarem do movimento Open Banking.
Segundo o plano de ação do Banco Central, apenas os principais bancos do País estão na lista de obrigatoriedade de participação, como:
- Banco do Brasil;
- Caixa Econômica Federal;
- Santander Brasil;
- Credit Suisse.
Além disso, é interessante destacar que o Open Banking não contempla somente bancos. Nesse sentido, há outros agentes envolvidos, sendo eles
- Instituições transmissores e/ou receptoras de dados;
- Instituições detentores de conta;
- Correspondentes de crédito;
- Instituições prestadoras de serviços de iniciação de pagamentos.
Dentro desse grupo, uma financeira pode assumir uma ou mais atividades no escopo do Open Finance. Em dezembro de 2021, segundo dados do site oficial, 821 instituições já estão integradas.
Fases do Open Banking
No Brasil, a implementação do processo de Open Finance – termo que designa a abertura do sistema financeiro em sentido amplo, abarcando todos os agentes do setor, não apenas os bancos – foi planejado considerando quatro etapas.
Já estamos na última etapa, cujo foco é possibilitar o compartilhamento de informações de produtos financeiros mais complexos, como investimentos, previdência privada e seguros.
O projeto começou a ser implementado em fevereiro de 2021 e essas foram as três fases já concluídas desde então:
- 1ª fase — Compartilhamento informações padronizadas sobre o Open Banking pelas instituições participantes para seus clientes;
- 2ª fase — Iniciou-se o processo de compartilhamento de dados cadastrais e transacionais dos clientes;
- 3ª fase — Instituições que realizam a iniciação de pagamentos passaram a realizar transações com Pix.
Assim que a segunda fase foi lançada, o Open Banking começou a funcionar. Mas ainda há trabalho a ser feito: é preciso esclarecer para usuários e operadores o que de fato é e como funciona essa novidade.
Uma pesquisa realizada pela Opinion Box, no final de 2021, revela que apesar de 84% dos entrevistados de empresas por todo o Brasil já terem ouvido falar sobre o tema, apenas 44% afirmaram que entendem um pouco sobre essa novidade.
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Quais são as suas vantagens?
O Open Banking é uma solução criada tendo o cliente no centro, ou seja, desenvolvida com foco nele. Assim, o maior beneficiado é o usuário do sistema financeiro.
Nesse sentido, há um conjunto de benefícios que essa inovação traz para os clientes, sejam eles usuários de bancos de varejo ou do B2B (Business to Business, ou entre negócios).
Mais competitividade
Uma das vantagens de maior destaque do Open Banking é a potencialização da competitividade da oferta de produtos financeiros para os usuários. Assim, como o cliente pode solicitar o compartilhamento de dados entre duas instituições participantes, ele passa a ter acesso às ofertas da instituição concorrente.
Nesse sentido, as instituições tendem a praticar taxas mais competitivas, ou seja, mais atrativas para os clientes. Isso vale para todos os produtos financeiros que fazem parte dessa inovação. Então, os usuários encontrarão empréstimos, investimentos e outros serviços financeiros cada vez mais adequados à sua realidade como consumidor.
Inclusão financeira
Segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva, em abril de 2021, pelo menos 34 milhões de brasileiros não têm acesso a serviços bancários. Assim, produtos e serviços financeiros mais competitivos vão abrir espaço para a promoção da inclusão, do acesso de mais pessoas a essas soluções.
Além disso, temos em paralelo o avanço da transformação digital e o reflexo da mudança do comportamento do consumidor. Hoje, 64% dos brasileiros das classes D e E têm acesso à Internet, conforme dados divulgados em agosto de 2021, no levantamento anual da TIC Domicílios, .
Dessa maneira, o avanço da inovação tende a baratear serviços tradicionais de acesso à rede de Internet. Assim, ajudará a melhorar a taxa cobrada de usuários que pertencem à base da pirâmide social e, consequentemente, a terem acesso digital.
Então, esse crescimento também tende a ser um fator para ajudar a potencializar o uso de serviços bancários virtuais, por exemplo.
Fortalecimento da transparência
Nos últimos anos, um dos assuntos mais destacados no mercado é a importância da transparência nas relações entre empresas e clientes, parceiros de negócios, investidores e colaboradores.
Esse conceito ganhou relevância em decorrência da agenda ESG (Environmental, Social and Governance, ou Ambiental, Social e Governança). Nessa tríade, a Governança Corporativa evoca a importância da transparência nas relações comerciais, com um fortalecimento de ações de Compliance.
Além do mais, em paralelo, tivemos o surgimento da LGPD (Lei Geral da Proteção de Dados), que passou a ter vigência em 2020. Assim, juntas, essas duas frentes mostram uma resposta do mercado para a necessidade de transparência. Nesse sentido, o Open Banking segue nesse mesmo caminho.
Melhora da experiência do cliente
Um dos benefícios de uma solução desenvolvida com foco no cliente é que existe a consequente melhora da sua experiência. Assim, quando pensamos na competitividade, a tendência é que também haja uma potencialização da qualidade do atendimento prestado pelas financeiras.
Essas instituições tenderão a ter taxas muito próximas para seus produtos. Então, para se diferenciarem no mercado, podemos inferir que o atendimento ao cliente é uma das frentes que elas mais devem trabalhar nos próximos anos, e com razão.
De acordo com um estudo realizado pela consultoria PwC, em 2018, 92% dos entrevistados brasileiros afirmaram que estão dispostos a pagar mais por um produto ou serviço desde que tenham uma experiência diferenciada.
Considerando esse aspecto, a tecnologia também assume um papel relevante, já que há cerca de 80 milhões de clientes digitais no e-commerce brasileiro, segundo levantamento da Ebit/Nielsen, realizado em março de 2021.
Assim, as empresas do mercado financeiro devem aumentar seus investimentos em inovação, como:
- Marketing Digital;
- ferramentas de CRM (Customer Relationship Management, ou Gestão de Relacionamento com o Cliente);
- Serviços de Business Intelligence (Inteligência do Negócio);
- Soluções de Cloud Computing (Computação em Nuvem) e Cibersegurança.
Surgimento de novos negócios
O mercado financeiro brasileiro tem sido solo fértil para o surgimento de startups de destaque nacional e internacionalmente. Marcas como Nubank, Creditas e Toro Investimentos são exemplos de fintechs de nichos diferentes que são referências de mercado.
Para se ter ideia, de acordo com a Distrito Dataminer, no início de 2021, o Brasil contava com 876 fintechs. Além disso, o ano de 2020 foi um dos melhores para esse segmento de mercado, em que houve o registro do crescimento de 84% dos aportes.
Com a chegada do Open Banking, novas soluções e modelos de negócios voltados para o negócio financeiro devem surgir nos próximos anos. Dentre as possibilidades, o Banco Central já conseguiu projetar algumas oportunidades, como
- marketplace de crédito;
- apps de educação financeira e planejamento;
- comparadores de serviços e tarifas;
- pagamentos por meio de mídias sociais.
Inclusive, em dezembro de 2021, o WhatsApp, mídia social da Meta, saiu à frente e lançou a funcionalidade de pagamento por meio do aplicativo de troca de mensagens.
Do ponto de vista de negócios, isso é um recurso que ajuda as empresas a potencializarem as vendas. Afinal, somente em 2020, as redes sociais foram responsáveis por 34% das vendas do e-commerce, de acordo com a pesquisa NuvemCommerce 2020, da NuvemShop. Além disso, 95% dos entrevistados afirmam usar o WhatsApp para vendas.
O que podemos esperar para o futuro?
Com a quarta e última etapa do Open Banking em andamento, o Banco Central começa a consolidar uma nova perspectiva: o Open Finance.
Assim, além da integração entre serviços bancários, todos os outros produtos e serviços financeiros passam a ter o compartilhamento de dados. Nesse sentido, corretoras e seguradoras, por exemplo, passam a fazer parte desse novo momento do mercado financeiro.
Além disso, temos a chegada da tecnologia 5G, que deve impulsionar ainda mais o surgimento de novas soluções e fintechs. Nesse cenário, será possível fortalecer a integração entre dispositivos, por meio da IoT (Internet of Things, ou Internet das Coisas).
Essa frente vai ser essencial para que as instituições do Open Banking otimizem a experiência do usuário. As APIs também terão papel fundamental para conectar mídias sociais com as bases de dados dos softwares das fintechs.
Outra tecnologia que deve ganhar mais relevância são os Smart Contracts, que devem trazer ainda mais segurança para as operações financeiras.
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Conclusão
O avanço do Open Banking fortalece o posicionamento do nosso País como referência em transformação digital na América Latina e no mundo. Para se ter ideia, em setembro de 2021, o Banco Mundial elegeu o Brasil o 7º líder em Governo Digital, desbancando potências como os Estados Unidos.
Assim, com esse dado e todas as informações que foram apresentadas ao longo deste post, podemos projetar que o Open Banking se apresenta como uma inovação que tem grande potencial. O uso inteligente das suas funcionalidades vai trazer uma nova realidade para a nossa economia e na forma com que as empresas se relacionam com seus clientes e parceiros.
Por isso, conhecer as soluções que devem surgir nos próximos anos é fundamental para adaptar os negócios e se destacar dos concorrentes.
Além disso, vimos que as mudanças também são positivas para quem quer começar a empreender. Quem sabe o Brasil conquistará mais fintechs unicórnios em breve?
Para poder colocar em ações as melhores práticas do Open Banking, é fundamental que os negócios contem com uma parceria estratégica para garantir máxima disponibilidade de rede e acesso a soluções integradas de tecnologia.
A Vivo Empresas é referência quando o assunto é transformação digital. Há anos, desenvolve projetos tecnológicos disruptivos para mais de R$1.5 milhão de clientes corporativos de diferentes nichos de mercado, entregando soluções capazes de potencializar a aplicação do Open Finance no seu negócio.
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