Telepresença: o que é e como vem revolucionando a medicina

Foto do autor

A medicina é um dos setores que mais tem se beneficiado das tecnologias inteligentes, e a telepresença representa um passo importante nesse sentido. Essa novidade consiste em usar uma série de recursos que fazem com que o usuário se sinta presente fisicamente em um lugar, por mais que não esteja. Os benefícios, claro, são enormes para a área de saúde. 

De maneira geral, as soluções de telepresença envolvem ferramentas de videoconferência, conectividade, robótica, Inteligência Artificial (IA) e outras tecnologias. É um conjunto, portanto, que permite todos os tipos de interações cibernéticas. 

Por meio de robôs, por exemplo, os médicos conseguem fazer uma cirurgia a distância reproduzindo exatamente os mesmos movimentos que seriam necessários caso estivessem presentes. É como se fosse uma extensão do corpo humano. 

Outro uso que vem sendo feito é permitir que pessoas internadas e isoladas em hospitais possam conviver com a família de maneira mais realista ao simular visitas virtuais. 

Uma utilidade extra, também, é facilitar a troca de informações por equipes médicas, que podem marcar reuniões virtuais simulando um ambiente em que todos estejam juntos. 

Ao usar recursos de Realidade Virtual (RV), é possível reunir uma junta de especialistas em um só lugar com a finalidade de simular a comunicação frente a frente. A ilusão de que estão em uma mesma sala favorece a troca de dados. 

Apesar de parecer com a videoconferência e a telemedicina, a telepresença tem características que a tornam bem diferente. Para entender melhor esse avanço na área da saúde, continue lendo o artigo, pois vamos abordar os seguintes assuntos:

  • O que é telepresença?
  • Como surgiu o conceito.
  • A diferença entre telepresença e videoconferência.
  • A sua relação com a telemedicina.
  • Como a telepresença impacta a área de saúde.
  • As perspectivas para o setor.

O que é telepresença? 

A chamada telepresença é um conjunto de tecnologias que permite ao usuário se sentir presente fisicamente em um lugar em que não está. Por isso, pode incluir ferramentas de vídeo, sensores de imagem, áudio e instalações robóticas que dão à pessoa a chance de realizar tarefas a quilômetros de distância de onde estiver. 

Ou seja, podemos ter nossa localização, ações, movimentos e voz transmitidos em um espaço sem sair de onde estamos. O termo telepresença apareceu pela primeira vez em 1980, em um artigo de Marvin Minsky, um cientista cognitivo dos EUA. 

A publicação original  Telepresence, disponível no repositório virtual do MIT Media Lab, delineou um conceito de teleoperador que poderia dar ao participante a sensação de estar em um local diferente.

Ainda assim, no início da década de 1980, não era possível prever como a Internet impactaria nossas vidas e tudo isso pareceria ter saído da literatura. Não à toa, quando se fala em telepresença, comumente é citado o escritor de ficção científica, Robert A. Heinlein, em especial o livro Waldo, de 1942.  

Usando uma luva e um arreio, Waldo poderia controlar uma mão mecânica muito mais poderosa simplesmente movendo suas próprias mãos e dedos.  A ideia de Heinlein foi extensivamente implementada na telerrobótica usada em cirurgia médica e nas tecnologias para exploração do espaço. 

A diferença entre telepresença e videoconferência 

À primeira vista, as pessoas podem achar que a telepresença é uma espécie de videoconferência ou, na área da saúde, seja considerada medicina a distância. Só que não é bem assim, pois envolve um conceito bem mais complexo.  

Por exemplo, embora a telepresença e a videoconferência possam ter algumas semelhanças, elas não são iguais.

  • A estrutura de uma videoconferência é mais simples, são apenas duas pessoas ou mais se vendo em monitores. Na telepresença, a intenção é que a imagem faça o usuário se sentir na mesma sala que os outros participantes. 
  • A estrutura de áudio na telepresença deve ser impecável para dar uma sensação de comunicação face a face. Por isso, para funcionar, é preciso que exista uma boa solução de conectividade
  • Na telepresença, há imersão das pessoas em um novo ambiente, causando um outro tipo de sensação e a perspectiva de mais proximidade com os interlocutores, algo que pode ser difícil de acontecer na videoconferência. 
  • As soluções de videoconferência são mais simples. Já para ter uma experiência completa de telepresença, é preciso combinar com tecnologias como Realidade Virtual (RV), IA, Internet das Coisas (IoT) e outras. 

Telemedicina e telepresença: qual é a relação?

Nesse contexto, o uso das tecnologias inteligentes encontrou um campo fértil na medicina, sobretudo depois do período pandêmico da Covid-19. Nessa época, os recursos de atendimento a distância, prontuários eletrônicos, receitas digitais e telemedicina foram a solução para um mundo com medidas de isolamento.  

O atendimento médico a distância permite que uma paciente receba o conselho de um profissional em situações não emergenciais de maneira geral. Além disso, entre os benefícios, estão a conveniência e praticidade, uma vez que possibilita que a saúde chegue a áreas distantes ou isoladas, como áreas rurais, onde a pessoa tem dificuldade de se deslocar. 

Por conta dessas vantagens, segundo o estudo Telehealth Market Size, publicado pelo Grand View Research, o tamanho do mercado global de telemedicina vem crescendo. Foi avaliado em US$ 83,5 bilhões em 2022, com projeção para crescer a uma taxa composta anual (CAGR) de 24% até 2030.

Sem dúvidas, a telemedicina é um campo em rápido crescimento, principalmente porque as tecnologias virtuais estão cada vez mais desenvolvidas e criam um mundo de possibilidades nesse setor. Uma delas é, justamente, a telepresença. Com ajuda de robôs, a saúde a distância mais avançada está ganhando força rapidamente em hospitais e centros de pesquisa. 

Como a telepresença pode impactar a medicina 

Hospitais, clínicas e laboratórios estão cada vez mais inclinados a adotar soluções que possam melhorar a produtividade, reduzir custos e garantir um atendimento melhor aos pacientes. As soluções de telepresença vêm sendo uma boa resposta a essa demanda. 

Por isso, segundo a pesquisa Telepresence Robot Market Size, de julho de 2022, o mercado de robôs de telepresença foi avaliado em US$ 262,44 milhões em 2022 e deve chegar a US$ 1.415,98 bilhão em 2030, a um CAGR (taxa de crescimento anual composta) de 20,93% até  2030. 

O aumento da demanda por robôs  no setor de saúde é o principal aspecto para impulsionar o crescimento do mercado. Vamos ver a seguir como a telepresença impacta a medicina moderna. 

Cirurgias com robôs

Assim como diversas outras tecnologias, as operações feitas com auxílio de robôs foram desenvolvidas com aval do Departamento de Defesa dos Estados Unidos. Os militares desejavam encontrar meios seguros de tratar soldados feridos, e um caminho seria a cirurgia robótica. 

Afinal, os robôs de telepresença oferecem uma solução comprovada para melhor gerenciamento remoto de pacientes, de equipes de saúde isoladas e de colaboração entre hospitais.

Assim, surgiu Da Vinci — robô que, por meio da tecnologia, consegue ampliar a visão do médico com recursos de 3D, reduzir tremores das mãos e proporcionar uma precisão bem maior via instrumentos. No Brasil, o Hospital Pedro Ernesto, ligado à Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), foi a primeira instituição pública a operar com um desse modelo.  

Treinamento com telepresença

Os educadores da saúde também enxergam o potencial dos robôs de telepresença para o treinamento de profissionais. À medida que se tornam mais sofisticados, é provável que desempenhem um papel ainda mais importante nessa área. 

A tecnologia, combinada com vários outros recursos, torna a prática do aprendizado mais realista. Ou seja, aprimoram a experiência dos alunos tanto em salas de aula na formação de médicos e enfermeiros, quanto em laboratórios. 

Isso porque quanto mais próximo da realidade for a simulação médica, melhor para a memorização. Além disso, pode suprir a ausência de mão de obra para algumas demandas.

Recurso contra isolamento 

O Hospital de Genebra (HUG), na Suíça, desenvolveu um robô de telepresença para ajudar crianças em hospitalização crônica, ou seja, que devem passar a maior parte do tempo em internação como pacientes oncológicos ou que sofrem de outro tipo de doença. A intenção era permitir que elas frequentassem a escola e convivessem com os amigos e professores, mesmo a distância. 

Equipado com câmera, alto-falante e microfone, o robô de telepresença – o AV1 – funciona como olhos, ouvidos e voz da criança na sala de aula. Ele é situado entre os alunos como se fosse mais um integrante do curso. E o usuário controla de maneira bem simples, via smartphone ou tablet. O robô consegue girar e ver tudo ao redor, dando a sensação de realmente estar em aula. 

Comunicação entre equipes 

A facilidade de comunicação e a capacidade de ser realista e simular um ambiente frente a frente devem ser um diferencial importante para as juntas médicas. 

Assim, médicos especialistas que normalmente não conseguem estar disponíveis naquele lugar no momento podem participar das discussões e dar um parecer bem mais assertivo com o restante da equipe. 

A expectativa é que a crescente adoção do 5G e a integração de tecnologias e recursos de ponta impulsionem ainda mais o crescimento do mercado global de telepresença na saúde.

Melhora no atendimento 

A tecnologia de telepresença pode melhorar o atendimento ao paciente e reduzir os custos, permitindo que os profissionais de saúde monitorem e interajam com os pacientes remotamente. 

Com a capacidade de diagnosticar e prescrever tratamentos remotamente, os robôs podem ajudar a diminuir a necessidade de visitas presenciais caras, além de melhorar a comunicação e a colaboração entre os profissionais de saúde.

Por exemplo, uma tecnologia de telepresença pode “caminhar com o paciente” remotamente e avaliar sua condição, possibilitando que especialistas façam um diagnóstico e recomendem o tratamento sem a necessidade de deslocamento. Isso pode ser particularmente interessante em casos de desastres naturais, em que é difícil o transporte. 

Ajuda na logística 

Variações da tecnologia de robôs de telepresença também podem transportar equipamentos e suprimentos médicos para as áreas necessárias, melhorando o acesso aos cuidados e economizando tempo e recursos humanos.

Há 10 anos, a iRobot e a empresa de telemedicina InTouch Health anunciaram que o robô RP-VITA , considerado o primeiro robô de telepresença, havia recebido autorização da Food and Drug Administration (FDA), agência federal de saúde dos Estados Unidos, para começar a atender.

O robô, equipado com um mapa do hospital, usa lasers, câmeras e sensores para ir de um lado a outro de maneira autônoma. Assim, consegue visitar os quartos dos pacientes, fazer exames ou usar outras ferramentas de diagnóstico sem a presença física do médico. 

Isso promove um ganho de tempo enorme, e muito mais gente pode ser atendida em menos tempo. 

Tecnologias que fazem a diferença

Ao que tudo indica, esse é um caminho irreversível e tende a aumentar com a crescente adoção de tecnologias antes consideradas inacessíveis. Para funcionar em todas as esferas, a telepresença precisa de outras ferramentas como a IA, IoT, Realidade Virtual (RV) e, claro, soluções de conectividade 5G capazes de dar estabilidade à comunicação. 

Por fim, as instituições médicas que desejam entrar bem equipadas no futuro que se aproxima devem contar com a infraestrutura necessária para implementar soluções como telepresença. Isso envolve serviços de conexão rápida, como Vivo Fibra, além de ferramentas de computação em nuvem, aptas a dar a agilidade necessária na gestão de dados.

 A Vivo Empresas possui diversas opções em soluções em saúde para instituições médicas de todo tipo e porte. 

Gostou do assunto? Leia mais sobre telepresença e outras aplicações da tecnologia no setor da saúde aqui:

Até a próxima!

Foto do autor
Solicite um contato