Como a cultura digital vem impactando o sistema educacional

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À medida que o mundo se torna mais imerso nas tecnologias e dependente de soluções digitais para resolver problemas da vida cotidiana, cresce a necessidade de inserir os alunos e todo o processo educacional na chamada cultura digital. Hoje em dia, os estudantes precisam ter habilidades tecnológicas para encarar o mundo e conseguir atender aos requisitos exigidos pelos empregos modernos. 

É inegável que, com o tempo, as escolas e o próprio sistema de aprendizado passam por transformações profundas. Uma das primeiras aconteceu com a  popularização das ferramentas de informática e, na sequência, com a disseminação da Internet. 

Um fenômeno nasceu dessa realidade: pela primeira vez na história, habilidades adquiridas por um estudante no início de sua vida profissional ficariam obsoletas ao final de sua carreira. E mais: muitas vezes, o que o aluno aprende no início do curso já não é mais uma realidade quando chega ao fim do ano devido à velocidade com que o conhecimento se transforma na era da Internet. 

Mais do que nunca, os projetos pedagógicos tiveram que se adaptar a essa cultura de aprendizado na era digital. Por exemplo, professores devem assumir o papel de treinadores, incentivando os alunos a melhorar suas habilidades, e não ser apenas um transmissor de conhecimento. 

A cultura digital mudou profundamente a educação. Continue lendo, pois, a seguir, iremos mostrar melhor essa interação entre a Web, a cultura e o sistema de aprendizado ao abordar os seguintes tópicos:

  • O que é a cultura digital? 
  • Principais pilares 
  • Como a cultura digital impacta a educação?
  • Os benefícios que a cultura digital traz para a educação
  • Os desafios na implementação 

O que é a cultura digital?

A cultura digital é a transformação da cultura como conhecemos a partir do impacto da nossa interação com os ambientes digitais. 

Ou seja, a partir do momento em que começamos a usar ferramentas como os computadores e a Internet, criamos um novo ambiente cultural. Afinal de contas, as tecnologias digitais vêm se infiltrando em praticamente tudo relacionado à nossa existência. 

Usamos a tecnologia para pedir comida, para acessar a conta bancária, para nos relacionarmos com outras pessoas, estudar e trabalhar. Sendo assim, por estarem onipresentes, elas acabam afetando a forma como pensamos, como produzimos conhecimento, artes e até mesmo a maneira como nos enxergamos. 

Pode-se dizer que a cultura digital nasceu em meados dos anos 1990 sob a influência de um conjunto de fatores. Nesse momento, foi verificado um aumento enorme na capacidade de processamento dos microchips, o que permitiu que os computadores saíssem da esfera corporativa para o ambiente doméstico. 

E, claro, a concepção da Internet e a popularização que se deu em seguida culminaram em uma profunda transformação da sociedade. O mundo se transformou completamente depois da “revolução da informação”. A virtualização e o aparecimento de uma cibercultura mudaram, de forma irreversível, o ambiente empresarial, de lazer, de estudos e nossa vida pessoal.  

A cultura digital não transforma apenas o mundo externo como conhecemos, mas também a maneira como percebemos e entendemos esse mundo. 

O teórico francês Pierre Lévy, um dos mais importantes estudiosos da cibercultura, define o fenômeno como “conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço” (LEVY, 1999, p.17)

Os pilares da cultura digital 

Para que a cultura digital exista, é preciso uma série de ferramentas envolvendo conectividade, informática e softwares. Por isso, é importante identificar os pilares que constroem o que chamamos de cibercultura e que, sem elas, seria impossível avançar. Vamos ver quais são a seguir.

Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs)

As chamadas TICs representam o conjunto de dispositivos tecnológicos usados para transmitir, armazenar, criar, compartilhar ou trocar informações. Isso inclui computadores, Internet e todo tipo de telefonia (fixa ou móvel, satélite, videoconferência, etc.).

O aumento do uso social das TICs e seu enorme impacto é um aspecto que não pode passar despercebido no mundo da educação. As TICs já estão se tornando uma ferramenta fundamental para professores e alunos em sala de aula.

Nesse cenário, o mercado global de TIC no setor educacional foi avaliado em US$ 72,46 bilhões em 2021 e crescerá a uma taxa composta de crescimento anual (CAGR) de 7,6%, atingindo US$ 104,57 bilhões em 2026. Esses dados são do relatório Education Sector ICT Market Size, de junho de 2022. 

World Wide Web (www)

Antes de falar de Internet, é preciso entender que um dos pilares da cultura digital começou com o sistema World Wide Web (WWW). 

Trata-se de um conjunto de documentos multimídia que se conectam, mas não necessariamente via Internet. Por isso, é preciso fazer essa separação com as redes de conectividade que conhecemos atualmente. 

O recurso foi desenvolvido pelo cientista britânico Tim Berners-Lee, em 1989. O que motivou a criação foi a necessidade de atender ao compartilhamento de informações de forma automatizada entre universidades e pesquisadores do mundo inteiro. 

Essa é, basicamente, a origem da Internet, apesar de não ser a mesma coisa. O sistema www pode existir sem conexão se os dados estiverem armazenados em um drive local, por exemplo. No entanto, sem dúvida, esse foi um pontapé inicial para a criação de uma cultura digital. 

Internet  

Foi nos anos 1990 que a Internet começou a ganhar contornos mais comerciais e sair dos meios de pesquisa para chegar aos lares de pessoas no mundo inteiro. 

No final da década, havia aproximadamente 10 mil provedores de serviços de Internet (ISPs) em todo o mundo. Mais da metade deles estavam localizados nos Estados Unidos, segundo artigo publicado na Britannica

A especulação em torno da novidade acabou criando uma bolha econômica até aproximadamente os anos 2000. Após o colapso, surgiu o que se chamou de “Web 2.0”, uma Internet com ênfase em redes sociais e conteúdo gerado pelos usuários, e computação em nuvem. Os telefones móveis tornaram-se capazes de acessar a Web e, com a chegada dos smartphones, o número de usuários da Internet em todo o mundo explodiu.

Na edição de 2023, o relatório The Digital 2023, realizado por WeAreSocial e Meltwater, apontou que o número de internautas no mundo passou de 5 bilhões de pessoas, o que representa 64,4% da população mundial.

Redes Sociais 

Hoje, as redes sociais são uma das principais formas de conexão entre as pessoas.  Conforme o estudo Social Media Usage In Brazil, divulgado em novembro de 2022 pelo Statista, o Brasil é o quinto maior mercado de mídia social do mundo. 

Com mais de dois terços da população tendo acesso a plataformas de mídia social, a estimativa é que o público de redes sociais no país chegue a 188 milhões em 2027. 

Com tamanha adesão, foi criada toda uma cultura envolvendo esse universo. Por exemplo, começamos a mitigar nosso direito à privacidade ao compartilhar pensamentos e fatos pessoais, além de permitir que as plataformas usem nossas informações e rastreiem o comportamento para fins de marketing. 

O que compartilhamos nas redes sociais influencia opiniões e comportamentos de quem está em volta no mundo virtual. A evolução da Internet e das redes sociais contribuiu para uma mudança cultural e social na atualidade. 

O aprendizado na era da cultura digital 

A entrada da Internet no cenário escolar enriqueceu os currículos e promoveu inúmeras transformações. Criaram-se novos métodos de trabalho e, sobretudo, novos paradigmas para compartilhamento de conhecimento. 

Manuel Castells, sociólogo espanhol, autor da trilogia “A Era da Informação” — uma das mais importantes teorias sobre o impacto das tecnologias na sociedade — defende que as profundas transformações econômicas e culturais trazidas pela Internet exerceram uma forte influência nos sistemas educacionais. 

A escola, segundo o teórico, perdeu a exclusividade como ambiente único em que se adquire o saber e o conhecimento. Esse espaço vem sendo disputado com a Internet. Por isso, ele também acredita que as escolas devem se adaptar para tornar o ensino cada vez mais interativo e interessante para um mundo que mudou profundamente. 

Afinal, não é possível prender a atenção de alunos que estejam inseridos em uma cultura digital com métodos de ensino analógicos (aquele no qual o professor apenas transmite informações). 

Os benefícios da cultura digital na educação

Os alunos inseridos na cultura digital conseguem captar diferentes informações ao mesmo tempo e combiná-las para formar algo realmente novo. Não o fazem apenas para memorizar informações transmitidas por um interlocutor. 

Essa é a base para desenvolver uma mentalidade mais criativa. E a criatividade é essencial para a produção de conhecimentos novos, seja na escola, no ambiente corporativo, na política ou na nossa vida pessoal.   

O uso de tecnologias como Realidade Virtual (RV), vídeos, sites, Inteligência Artificial (IA) e soluções de conectividade que deem estabilidade à comunicação tornam as disciplinas mais interessantes. O uso da Internet e das TICs em sala de aula traz benefícios, como os que veremos a seguir. 

Colaboração 

As soluções de ferramentas de colaboração são uma excelente oportunidade de melhorar a comunicação e troca entre os alunos. Elas foram especialmente importantes durante o período da pandemia, quando foram necessárias medidas de isolamento. 

Interatividade

A Internet e dispositivos de comunicação digital envolvem os alunos na aula, pois conseguem proporcionar mais interatividade. Isso aumenta o interesse e, consequentemente, a qualidade do aprendizado. O aluno passa de mero espectador a protagonista da jornada.

Criatividade

Uma aula interativa consegue desenvolver o processo criativo dos estudantes. A gamificação, por exemplo, desperta o interesse justamente porque desafia a capacidade criativa do aluno, que passa a ter vontade de se empenhar para resolver o problema apresentado. 

Agilidade

Em especial, quando se pensa na atualização do conteúdo, a cultura digital promove uma agilidade jamais imaginada.  As informações podem ser modificadas praticamente em tempo real, sendo possível adaptar o conteúdo à realidade daquele grupo de estudantes — e o ensino ser transmitido com dados do contexto atual da sociedade. 

A cultura digital vai além do acesso às tecnologias

Por fim, é importante ressaltar que o simples uso das tecnologias no ambiente escolar não significa que o aluno esteja aproveitando todos os benefícios de uma cultura digital. É preciso saber usá-las para realmente incrementar o projeto pedagógico. 

Para isso, será necessária uma formação diferente também para os professores, para que tenham familiaridade com as ferramentas e consigam incentivar os estudantes a explorar todo o potencial dos instrumentos digitais. 

Só assim será possível fazer com que o aluno vire protagonista do processo, com capacidade de experimentar, criar e tomar decisões. Essa, inclusive, é uma das premissas da Educação 4.0. 

Diante de tudo isso, fica claro que a evolução do ensino está ligada à tecnologia. As escolas que desejam implementar um sistema educacional realmente transformador para os estudantes precisam contar com as melhores ferramentas disponíveis. 

A Vivo Empresas possui um amplo portfólio de soluções para o setor de Educação, que abrange softwares de gestão escolar, computação na nuvem, banda larga e muitas outras.

Leia mais sobre cultura digital e a relação entre tecnologia e educação nos artigos publicados anteriormente:

Até a próxima! 

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