Foco no ESG: um guia de desenvolvimento sustentável para empresas

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Há menos de duas décadas, era criado um conceito que hoje rege de pequenas empresas até multinacionais: o ESG. Considerado uma forma de sustentabilidade empresarial, esse termo vem se tornando um requisito por parte dos investidores no Brasil e no exterior. 

As novas gerações de consumidores também se mostram cada vez mais interessadas em companhias conscientes quanto às questões de governança, ambientais e sociais. Contudo, para cumprir esses requisitos e estar de acordo com essa pequena sigla, é necessária uma grande transformação nos negócios. 

A escolha da matéria-prima, a seleção de fornecedores ou até mesmo a forma de usar recursos (como energia e água) fazem parte da preparação de um futuro mais sustentável. Assim, todas as empresas devem buscar esse ideal para se manterem em alta.

A fim de esclarecer o conceito e quais os caminhos para aplicá-lo, neste artigo, serão abordados:

  • O que é ESG;
  • Quais são os princípios do conceito;
  • Quando surgiu;
  • Benefícios para as startups;
  • O que é Triple Bottom Line;
  • Implementando o ESG.
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O que é ESG?

Criada a partir de três palavras em inglês — Environmental, Social e Governance —, o acrônimo ESG indica a sustentabilidade de um negócio. Segundo a definição do Gartner:

“ESG refere-se a uma coleção de critérios de avaliação do desempenho corporativo que avaliam a robustez dos mecanismos de governança de uma empresa e sua capacidade de gerenciar efetivamente seus impactos ambientais e sociais. Exemplos de dados ESG incluem a quantificação das emissões de carbono de uma empresa, consumo de água ou violações de privacidade do cliente.”

Em outras palavras, dentro desse conceito, são analisadas três grandes áreas: ambiental, social e governança corporativa. Para uma companhia, estar alinhada a esses valores impacta não apenas na reputação, mas na credibilidade frente aos investidores e consumidores. 

Afinal, a responsabilidade socioambiental é uma preocupação mundial em ascensão e está diretamente relacionada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs) da ONU para 2030.

Vale ressaltar que, embora já fosse importante, a ESG começou a se destacar nas pesquisas online nos últimos dois anos. De acordo com o Google Trends, houve um aumento na busca pelo termo a partir de maio de 2020, atingindo o pico em setembro de 2022. Essas consultas estavam principalmente relacionadas aos tópicos de:

  1. Sustentabilidade;
  2. Investimentos;
  3. Governança;
  4. Ações na Bolsa;
  5. Meio ambiente.

Todavia, o crescimento não se deu só no mundo digital. De acordo com um artigo da McKinsey & Company, publicado em junho de 2021, o valor global investido em sustentabilidade já chegava a US$ 30 trilhões. Inclusive, a quantia representa um aumento de 68% sobre o investimento realizado no ESG em 2014.

Com isso, pode-se deduzir que essa abordagem é vantajosa hoje. Contudo, no futuro, sua importância irá além, tornando-se crucial aos negócios de diferentes portes ou estruturas, como as startups.

Quais são os princípios do ESG

Quando o assunto é ser sustentável, logo vem à mente o combate às mudanças climáticas e as campanhas de redução de emissão de carbono. Apesar de fazerem parte do escopo, o ESG é mais abrangente, tratando, por exemplo, das relações entre empresa e funcionários ou até com a comunidade em que atuam.

A fim de compreender melhor as temáticas que esse termo inclui, é importante se aprofundar em cada um de seus pilares. 

Ambiental

Representando a letra E da sigla, devido ao termo em inglês environmental, aqui se concentra tudo que é pertinente ao meio ambiente e às condições climáticas. É uma das vertentes mais populares no grande tema da sustentabilidade.

Entre os principais desafios estão o aquecimento global, os diferentes tipos de poluição e o desmatamento. Já as iniciativas englobam ações que mitigam os impactos, otimizam o uso de recursos e programas que atuam ativamente para reverter a situação.

Social

A interminável busca por crescimento e lucro nas empresas acabou deixando em segundo plano questões sociais importantes. Sendo assim, parte do ESG é trazer esse valor humano aos negócios, focando na responsabilidade social dentro e fora do ambiente de trabalho. 

Esse pilar inclui direitos trabalhistas, equidade de salários e benefícios, segurança e diversidade, privacidade de dados e investimento na comunidade local.

Governança

Esse talvez seja um dos valores menos popularmente conhecidos, mas é um dos mais relevantes. Isso porque sem governança não há como planejar, orientar, controlar e reportar práticas ambientais e sociais sustentáveis, por exemplo.

Logo, esse pilar do ESG abrange todos os processos administrativos, as políticas e estratégias corporativas, incluindo as ações voltadas a consumidores, fornecedores e parceiros. Aliás, os programas anticorrupção estão inseridos nesse segmento, além da transparência de dados, que se tornou ainda mais indispensável com a digitalização das empresas.

Como surgiu o ESG

O desenvolvimento sustentável já está em pauta há décadas. O primeiro registro com o nome é datado dos anos 1970. Mas foi só em dezembro de 2004 que surgiu o conceito ESG como é conhecido hoje.

O termo apareceu pela primeira vez na análise Who Cares Wins, feita pela iniciativa da ONU chamada Pacto Global, que foca nas áreas de Direitos Humanos, Trabalho, Meio Ambiente e Anticorrupção. Na época, o secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, questionou como integrar os fatores ambientais, sociais e de governança (ou ESG) no mercado de capitais.

Somado a isso, em outubro de 2005, foi divulgado o histórico Relatório Freshfields, da Iniciativa Financeira do Programa Ambiental das Nações Unidas (UNEP FI). Até hoje, essa publicação é considerada para promover a integração de ESG aos investimentos institucionais.

Após a repercussão de ambos estudos, a sigla começou a aparecer com mais frequência, sendo que muitas vezes substituiu a palavra sustentabilidade. Isso, principalmente, em discussões sobre desenvolvimento responsável de negócios e entidades. 

Benefícios para as startups

As práticas de ESG, podem ser adotadas por empresas de diferentes setores e portes. Basta ajustar as propostas à realidade do negócio e ir transformando aos poucos, em vez de ter uma mudança total do dia para a noite. 

No entanto, implementar um modelo sustentável exige bastante esforço da gestão e liderança até os colaboradores, tanto em PMEs quanto em startups. Por esse motivo, é vital conhecer os benefícios que fazem todo esse empenho valer a pena. 

Crescimento de receita

Com uma proposta de ESG bem planejada, é possível expandir a operação nos mercados em que a empresa atua ou ainda explorar novos nichos. Além disso, segundo uma pesquisa realizada pela Opinion Box, em julho de 2022, 54% dos consumidores preferem pagar mais caro por produtos naturais e que agridem menos o meio ambiente.

Diferencial competitivo

Embora essa vantagem não vá permanecer no futuro, hoje, ter práticas de ESG implementadas no negócio ainda é considerado um diferencial competitivo. E, nesse sentido, as startups já podem até nascer focadas nesse objetivo.

Tanto é que, de acordo com uma pesquisa da PwC, de 2020, 57% dos ativos de fundos mútuos na Europa estarão em investimentos alinhados aos critérios ESG até 2025. Outro dado importante apresentado é que 77% dos investidores planejam parar de comprar produtos não sustentáveis até o final de 2022.

Melhoria no relacionamento com o público de interesse

Não há dúvidas que a sustentabilidade está nos holofotes no momento e investir nessas práticas pode ajudar no relacionamento com seu público-alvo. Só para exemplificar, uma pesquisa anual da MSCI mostrou, na edição de 2021, que 77% dos investidores ampliaram suas aplicações em ESG de modo relevante. 

Ademais, de acordo com a Global Consumer Insights Survey, realizada e divulgada pela PwC, em junho de 2022, as gerações Y e Z de clientes tendem a levar em conta aspectos ESG. Nesse cenário, a ordem de importância dos fatores para os consumidores entrevistados foi:

  • Governança (transparência, ética e privacidade de dados) — 55%;
  • Sociais (direitos humanos, diversidade e inclusão) — 49%;
  • Ambientais (pegada de carbono e uso de materiais reciclados) — 39%.

Redução de custos e otimização de recursos

Repensar o uso de água, energia e outros recursos afeta diretamente os custos operacionais de qualquer companhia, inclusive de startups. E essas também são iniciativas previstas na abordagem ESG. 

A título de exemplo, a eletricidade é responsável por 15,44% dos gastos cotidianos empresariais, segundo um estudo do Sebrae de abril de 2020. Tendo isso em vista, práticas sustentáveis como priorizar equipamentos não poluentes ou agregar soluções que monitoram e evidenciam pontos de desperdício, como o Vivo Eficiência Energética, otimizam o investimento.

Reputação

A estratégia de ESG prevê um trabalho das três esferas para criar um melhor futuro. Porém, quando isso é bem-feito, a reputação da companhia acaba sendo um produto que conta com resultado positivo. 

Com maior responsabilidade socioambiental e de governança, o negócio ganha credibilidade perante as autoridades governamentais. O que, por sua vez, pode facilitar as aprovações e licenças necessárias para a empresa crescer. 

Ao mesmo tempo, as ações sustentáveis de sucesso também tendem a ganhar espaço nas mídias, ajudando a trazer mais clientes até a marca. De forma similar, o trabalho nos pilares ESG acaba resultando em selos de qualidade valiosos dentro e fora do país. 

De acordo com o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), há cerca de 400 selos com apelo sustentável no mundo. Entre eles, destacam-se os conferidos pela Forest Stewardship Council (FSC) como:

  • 100% Comunitário: garante que pequenos produtores e comunidades estão provendo a matéria-prima;
  • Reciclado: uso de matéria-prima reciclada com garantia de floresta certificada.

No Brasil, há outras certificações:

  • Selo Procel de Economia de Energia: incentiva a produção de eletrônicos eficientes, que usem menos energia;
  • Rótulo Ecológico da ABNT: reconhece produtos de baixo impacto ambiental ao longo do ciclo de vida.

O que é Triple Bottom Line

Não há apenas um método para ter um modelo de negócio verde. Assim, é primordial conhecer outras concepções, como o Triple Bottom Line (TBL). O conceito surgiu antes mesmo do ESG, em 1994, idealizado pelo sociólogo britânico John Elkington. 

Em seu livro The Triple Bottom Line: Does it All Add Up?, o autor explica que, para ser sustentável, é preciso levar em consideração três elementos: pessoas, planeta e lucro. Em inglês, esses são considerados os três Ps da sustentabilidade (people, planet, profit), que estão estreitamente interligados e precisam ser nutridos.

Elkington defende que Em termos mais simples, a agenda TBL foca não apenas no valor econômico que as corporações agregam, mas também no valor ambiental e social que adicionam — ou destroem”.

Em suma, a ideia do tripé da sustentabilidade é que todas essas esferas sejam consideradas no momento de tomar decisões focadas no futuro.

Como o conceito se relaciona com as startups

De modo geral, qualquer empresa que esteja começando ou tenha um menor porte tende a priorizar a análise de custo versus o retorno do investimento. E, nesse cenário, escolhas sustentáveis são geralmente mais caras em curto prazo. 

Assim, um fornecedor tradicional oferece serviços mais baratos que um que trabalha somente com matérias-primas naturais ou produtores locais. E isso, é claro, impacta também no preço final de um produto, uma vez que os custos precisam ser repassados.

Entretanto, se houver um olhar a longo prazo na abordagem TBL, esse panorama se transforma, sobretudo em empresas com alto nível de inovação como as startups. Economizar eletricidade, água e combustível traz mais lucro ao negócio e ainda significa que há capital para ser investido em ações de maior impacto.

Um bom exemplo é o redesign de embalagens a fim de reduzir o uso de plástico e outros materiais poluentes, focando no planeta. Ou o investimento em parcerias locais de distribuição ou fornecimento, que beneficiem a comunidade, visando as pessoas.

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Como implementar o ESG

Existe uma série de ações populares de sustentabilidade. As campanhas de reciclagem, reuso e redução de consumo são alguns casos que podem ser aplicados nos mais diversos setores. Por outro lado, a estratégia ESG tem muito mais chance de sucesso quando é desenvolvida especificamente para o negócio.

Sendo assim, existem cinco passos essenciais para a inclusão desse novo modo de desenvolvimento na empresa:

  1. Mapear o cenário da companhia, listando principais pontos de melhoria em termos de sustentabilidade;
  2. Desenvolver um plano de ação com ordem de prioridade de implementação e nomeando responsáveis;
  3. Criar comitê de sustentabilidade que deve incluir ao menos um líder de cada área; 
  4. Disseminar cultura ESG entre os colaboradores, pois cada pequena iniciativa deve ser valorizada;
  5. Estabelecer um processo contínuo de avaliação, selecionar indicadores pertinentes aos objetivos, medir e divulgar resultados.

A última etapa é uma das mais desafiadoras: como mensurar os dados adquiridos pelas práticas ESG? Nos casos de redução do uso de combustível ou energia, a tarefa é mais fácil. Porém, a recuperação de uma área degradada, por exemplo, exige monitoramento constante da qualidade do solo, através de dispositivos conectados via Internet das Coisas (IoT).

Tecnologia em prol da sustentabilidade

Seja na medição do uso de energia e água ou no acompanhamento da saúde de um determinado ambiente, a tecnologia pode ajudar no crescimento e desenvolvimento sustentável. Uma das principais viabilizadoras da digitalização, a Cloud é considerada uma inovação verde. Isso especialmente porque diminui a necessidade de novas infraestruturas de TI e aparelhos nas companhias.

Conforme um artigo da Accenture, de agosto de 2022, a simples migração ao mundo virtual pode diminuir as emissões de carbono em 84%. Além disso, ferramentas de IoT, inteligência artificial (IA) e Big Data ajudam a coletar e analisar dados que geram insights poderosos aos negócios, além de atuarem na automação de processos.

Nesse cenário, a Vivo Empresas é especialista em transformação digital com foco nos valores do ESG. Com um portfólio completo de soluções tecnológicas que auxiliam na otimização de recursos, contribui para que startups e outras companhias cresçam de forma sustentável.

Conheça outros exemplos de tecnologias que podem ajudar na sustentabilidade dos negócios:

Até a próxima!

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