Varejo alimentar: tendências e expectativas

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O varejo alimentar é um dos setores mais importantes da economia e um bom termômetro para medir os impactos de crises econômicas, inflação ou períodos de crescimento. Os gastos com alimentação representam uma parcela importante do orçamento doméstico e também é imprescindível, sendo difícil ser cortado. 

Afinal de contas, a alimentação é item básico da subsistência e da saúde humana.

Em períodos críticos como o que ocorreu durante a pandemia de Covid-19, todo mundo teve que se adaptar. Do lado dos consumidores, passaram a consumir diferente e, do lado dos varejistas de alimentos, mudaram a forma de vender. 

A transformação no setor veio com a melhora dos serviços de entregas, com reorganização da logística, incrementação de novas formas de pagamentos e ao repensar a relação com clientes.

Agora, no pós-pandemia, o que se criou foi um ambiente propício à inovação e ao uso de tecnologias promete crescer.

Existe a necessidade de buscar formas de compreender os novos hábitos dos consumidores para continuar vendendo. Ou seja, investir em ferramentas de rastreamento de produtos na cadeia de distribuição para reduzir custos e digitalizar cada vez mais as operações, entre outros. 

De uma maneira geral, as perspectivas para o varejo alimentar são boas, tanto no Brasil quanto no mundo. No entanto, o momento é de desafios e exige atenção redobrada para os empresários do setor. Continue lendo o artigo, pois a seguir vamos falar sobre: 

  • A realidade mundial para o varejo alimentar;
  • As perspectivas no mercado brasileiro;
  • As principais tendências do setor;
  • As tecnologias que vão ajudar a alavancar o varejo alimentar. 

Panorama mundial indica oportunidades

O cenário mundial aponta adversidades, mas que podem ser superadas e transformadas em oportunidades.  Ainda com algum resquício da pandemia, o ano de 2022 foi impactado negativamente pelas dificuldades financeiras causadas pela guerra da Ucrânia e um aumento da inflação em mercados importantes como o dos EUA e na Europa. 

Nos EUA, o Índice de Preços ao Consumidor para alimentação doméstica subiu mais de 11% em 2022 de acordo com o Bureau of Labor Statistics, órgão do Departamento do Trabalho que é responsável por fazer as medições da inflação no país. 

Já no Reino Unido, a medição da NielsenIQ indicou crescimento de 5% no varejo de alimentos, índice considerado baixo para a região, conforme artigo publicado pela Reuters em janeiro de 2023. A explicação foi o achatamento do poder de compras. 

Ainda segundo o artigo, em novembro de 2022, o Banco da Inglaterra previu que a Grã-Bretanha estava entrando em recessão, com a inflação em torno de 10,7%, a maior baixa no nível de padrão de vida desde a década de 1950, quando começaram as análises. 

Por outro lado, a experiência da pandemia e as consequências que vieram juntas serviram como uma espécie de treinamento para que os varejistas de alimentos conseguissem se adaptar rapidamente a qualquer tipo de situação e conseguissem capitalizar com as mudanças.

Segundo uma avaliação da McKinsey The next S-curve of growth: Online grocery to 2030, de maio de 2022, os anos que se seguem trarão oportunidades. Principalmente devido aos avanços tecnológicos, aumento da concorrência e das expectativas dos próprios clientes. Além disso, o on-line pode representar de 18% a 30% do mercado de alimentação para casa em alguns dos principais países europeus.

Setor de alimentos está otimista para o Brasil 

Quando se considera o mercado brasileiro, a situação tem algumas semelhanças, sobretudo na queda de renda do consumidor. Segundo o Ipea, na sua Carta de Conjuntura de setembro de 2022, os rendimentos reais médios do brasileiro tiveram uma queda de 5,1% no segundo trimestre de 2022 em comparação com o mesmo período de 2021. 

Mesmo assim, a área de alimentação é considerada essencial e praticamente a última a sofrer cortes nos orçamentos domésticos. Não à toa, a indústria alimentícia brasileira conseguiu um faturamento de US$ 250 milhões em 2021, sendo o sétimo maior país do mundo nesse setor. 

Outra particularidade brasileira é que os supermercados retêm 55% do valor do varejo alimentício. Os dados estão no relatório Supermarkets in Brazil – Statics & Facts, liberado em janeiro de 2022 pela Statista. 

Nesse mesmo cenário de otimismo, em setembro de 2022, durante o  9º Fórum Nacional de Integração Varejo e Indústria, promovido pela SA Varejo, foi realizada uma enquete com 170 varejistas presentes no evento e as respostas foram otimistas. Alguns resultados:

  • 84% disseram acreditar que 2023 seria melhor do que 2022;
  • 53% afirmaram que pretendiam se preparar para 2023 focando as decisões em análise de dados;
  • 34% acreditam que o maior desafio em 2023 será a conjuntura econômica;
  • 32% disseram, no entanto, que o maior desafio será o poder aquisitivo dos consumidores.
  • 32% iriam se preparar para o ano investindo em pessoas (treinamento e capacitação).

7 tendências para o varejo alimentar em 2023

Independente do tamanho da empresa, o futuro do varejo alimentar vai estar essencialmente ligado às novas tecnologias. Os pequenos e médios devem investir, cada vez mais, em ferramentas de digitalização e automação. Afinal, são os instrumentos que vão aumentar a eficiência e impulsionar o crescimento no futuro. 

Vamos ver a seguir 7 tendências para o varejo alimentar em 2023. 

1. Integração ao food service 

Uma das tendências que vem se intensificando nos últimos anos é a integração do food service com o varejo alimentar e vice-versa. Isso tem a ver com os novos hábitos de consumo no qual  os clientes buscam sempre comodidade. Um exemplo são os supermercados que passaram a servir café da manhã ou almoço com área de buffet. 

Mercado como a rede Zona Sul, no Rio de Janeiro, é um exemplo. O Trimais, de São Paulo, é outro supermercado que integrou o food service às operações, incentivando os clientes a fazer as refeições dentro das lojas. O serviço inclui de comida japonesa à pizzaria, com variedades para todos os gostos. 

Por outro lado, varejistas como a Amazon, que começaram em outros setores, agora estão reforçando a presença na área alimentícia. Essa fusão entre setores de food service, varejo tradicional e supermercados deve permanecer como tendência.

2. Inteligência Artificial cada vez mais usada

Uma forte tendência para os próximos anos é a implementação de Inteligência Artificial (IA) em diversos setores da indústria alimentícia. Isso porque a tecnologia é capaz de ajudar a simplificar as operações e até otimizar preços na cadeia de fornecimento. 

Vamos a um exemplo prático. Quando os supermercados fazem o pedido de produtos para encher as prateleiras, precisam levar em conta o que vende mais, ou seja, o gosto dos clientes. Isso se consegue com IA e análise de dados – o  Big Data

Quando um algoritmo é aplicado às vendas da loja, ele gera esses dados com precisão e velocidade, ajudando a identificar tendências e tomar decisões mais assertivas. 

3. Automação em todos os processos

Os consumidores adquiriram novos hábitos na pandemia e isso inclui estarem mais abertos ao autoatendimento, compras virtuais e transações financeiras digitais. Essas são facilidades que vieram para ficar. Por isso, independente do tamanho da empresa, todo mundo deve investir em automação. 

E isso não quer dizer que a companhia terá que implementar robôs para fazer entregas, como os sistemas que já existem no Japão. As pequenas e médias devem começar pelo processo de implementação de um bom software de gestão, tecnologias na nuvem e conectividade

4. Alimentação saudável é prioridade 

Ao que tudo indica, as pessoas vão continuar preocupadas com uma dieta saudável nos próximos anos. Essa tendência é uma das consequências do período da pandemia que deve permanecer ainda por mais algum tempo. A preferência é impulsionada principalmente por grupos de alta renda e gerações mais jovens. 

Para os varejistas, isso significa ampliar a oferta de produtos saudáveis e sustentáveis e aumentar a visibilidade para não perder a chance de ampliar as vendas. Um artigo da McKinsey, de outubro de 2022, intitulado Hungry and confused: The winding road to conscious eating entrevistou mais de 8 mil pessoas nos Estados Unidos, Reino Unido, França e Alemanha. 

O resultado mostrou que, após o relaxamento das restrições da pandemia, o saldo positivo é que a alimentação consciente veio para ficar. Metade dos consumidores considera a alimentação saudável uma prioridade. 

5. Estratégia ESG vai influenciar compras

Os consumidores devem continuar a priorizar empresas que tenham uma pegada sustentável, ou seja, que tenham bem definidas as políticas de sustentabilidade. O consumo consciente deve ganhar cada vez mais espaço.  Os mercados podem oferecer materiais recicláveis e investir na venda de produtos orgânicos. 

Uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI),  Retratos da Sociedade: hábitos sustentáveis e consumo consciente – divulgada em janeiro de 2023, mostrou que metade (50%) dos consumidores disseram verificar — entre sempre à maioria das vezes — se o produto foi produzido de forma sustentável ao comprar. Para se ter uma ideia da mudança, em 2019, esse índice era de 19%.  Isso mostra, portanto, que os varejistas de alimentos devem focar na estratégia ESG.  

6. Experiência omnichannel deve crescer 

Os clientes estão cada vez mais recorrendo às compras on-line para alimentação em casa e, apesar de incipiente no Brasil, é um caminho que não tem mais volta. Por isso, é importante que os varejistas de alimentos acompanhem as últimas tendências se quiserem permanecer competitivos. Uma delas é a experiência “omnichannel”. 

O termo significa a variedade de maneiras pelas quais um comerciante pode vender: canais on-line, loja física, telefone, WhatsApp. Com a pandemia, a perspectiva de crescimento dessa tecnologia foi revisada para cima, conforme explicado no relatório do Reportlinker, Global Retail Omni-Channel Commerce Platform Market, de junho de 2022. A previsão é de atingir US$ 16,9 bilhões até 2027.

7. Atacarejo avança no país

As grandes redes atacadistas, também chamadas de atacarejo, tiveram um crescimento significativo no mercado brasileiro. 

Segundo um levantamento da McKinsey, o modelo já abocanhou 40% de todas as vendas de alimentos no país. A explicação é a busca dos clientes por preços mais acessíveis. Em março de 2022, época do estudo, o Brasil já contava com 2 mil lojas desse tipo. 

O Assaí, por exemplo, abriu 60 lojas em 2022 segundo o Valor Investe, e a previsão é que abra mais 20 em 2023. 

Segundo o Ranking Abras 2022, o Grupo Carrefour movimentou R$ 81,2 bilhões em 2021, sendo que boa parte é proveniente do seu braço de atacarejo — o Atacadão, com receita de R$ 58 bilhões no ano. Já o Assaí ocupa o segundo lugar, com  R$ 45,6 bilhões de receita, e o GPA, terceiro, com R$ 29 bilhões.   

Por fim, desde a pandemia que modificou muitas coisas no mundo inteiro, o varejo teve que se adaptar. O ano de 2023 pode ser finalmente a consolidação dessas tendências que apareceram durante os períodos restritivos e que forçaram mudanças. 

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Até a próxima!

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