Como funciona a rastreabilidade dos alimentos?

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A busca por segurança e transparência nas cadeias produtivas é uma tendência global, especialmente quando se fala do setor alimentício. Nesse cenário, a rastreabilidade dos alimentos se torna cada vez mais importante ao produtor, distribuidor e consumidor.

Esse recurso usa a tecnologia como meio de acompanhar e registrar todas as etapas pelas quais o alimento passa: do campo às prateleiras do mercado e até à mesa do brasileiro. Por sua vez, a identificação do produto ajuda na garantia de qualidade, na redução de falsificações e na facilidade de recalls.

Além disso, fortalece toda a cadeia de alimentos e, principalmente, o próprio produtor rural ao dar visibilidade aos seus processos e cuidados.

Para colocar essa novidade em prática no setor, é preciso contar com ferramentas tecnológicas de monitoramento ativo que auxiliem na coleta, armazenamento e compartilhamento de informações.

A fim de compreender como acontece a implementação da solução e seus benefícios, neste artigo, você verá:

  • O que é a rastreabilidade de alimentos;
  • Como funciona a rastreabilidade;
  • Qual é a importância;
  • O que diz a lei;
  • Como fazer;
  • Papel da tecnologia no processo.

O que é a rastreabilidade de alimentos

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A rastreabilidade de alimentos é uma maneira de monitorar a movimentação de produtos e ingredientes por toda a cadeia produtiva e de suprimentos. Em outras palavras, é um modo de acompanhamento que começa nos campos e fazendas e segue até a mesa do consumidor, seja em casa ou em restaurantes.

Há um grande volume de documentação envolvido em cada etapa (produção, distribuição etc.) a fim de garantir a qualidade do produto e dar transparência aos processos. Os lotes são vistoriados por órgãos de certificação e os dados ficam registrados em códigos, acessíveis ao revendedor e ao cliente final. 

Portanto, pode-se dizer até que a ferramenta cria um vínculo entre o consumidor e a empresa geradora. Entre o conteúdo guardado estão informações sobre:

  • Produção no campo (plantio e colheita);
  • Uso de pesticidas;
  • Propriedades nutricionais; 
  • Modo e local de armazenamento; 
  • Origem da matéria-prima;
  • Histórico dos alimentos;
  • Certificados e/ou selos de qualidade.

Também é por meio da rastreabilidade de alimentos que se torna possível prevenir ou, ao menos, controlar rapidamente casos de contaminação. Afinal, é mais fácil identificar e remover do mercado os alimentos, bem como encontrar a origem do problema e resolvê-la quando há esse rastro digital.

Por essa razão, o rastreamento é crucial para cumprir a legislação do setor em relação à segurança do alimento.

Como funciona a rastreabilidade

Quem vê o código de rastreamento, ou QR Code, no rótulo do produto final, às vezes nem imagina todo o sistema que é necessário. A rastreabilidade de alimentos depende de uma extensa coleta de dados, que inclui quem é o produtor, como produziu, quando e como isso foi feito e até a quem foi distribuído e vendido.

Existem diversos modos de colocar em prática esse acompanhamento, que varia de acordo com as escolhas de recursos tecnológicos e de processos. De modo geral, a rastreabilidade acontece em quatro etapas.

Origem

Em primeiro lugar, vem a análise da origem do alimento. Dados sobre a infraestrutura do local de produção e práticas usadas são coletados e analisados pelo órgão de certificação para garantir a qualidade e a transparência desde o início.

Aqui também é o ponto de partida da identificação de perdas durante a cadeia produtiva. Só para ilustrar, o relatório Índice de Desperdício de Alimentos, de 2021, da Organização das Nações Unidas para o Meio Ambiente, estima que 17% dos alimentos são perdidos desde a colheita até (mas não incluindo) o varejo.

Produção

Aqui, o foco está na fase de produção. Assim, está presente nos códigos de rastreamento o histórico de transformação da matéria-prima e o percurso do produto. Essas informações facilitam a identificação de falhas, inclusive agilizando possíveis recalls.

Vale dizer que a indústria brasileira de alimentos e bebidas é a maior do país, responsável por processar 58% de tudo o que é produzido no campo. 

Os dados são do balanço 2021 da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA) que também mostram que o Brasil é um importante exportador nesse setor, o que torna a rastreabilidade ainda mais relevante.

Distribuição

A distribuição também é etapa importante no processo, com dados sobre como foi feito o transporte e a distribuição, além do trajeto percorrido até chegar ao mercado. Essa etapa da cadeia é fundamental para a qualidade do produto que será consumido e, por isso, o rastreamento é vital.

Venda/consumo

A parte final dessa jornada é o encontro com o consumidor, o que pode acontecer caso ele compre o produto no mercado ou o consuma em restaurantes. É aqui que o rastreio dos alimentos torna possível um vínculo entre o cliente e a empresa responsável pela comercialização.

Também é nesse momento que o produto ganha mais visibilidade, considerando que a pessoa que vai consumi-lo pode ver sua origem e histórico de produção.

Qual é a importância desse recurso?

Segundo a publicação Visão do Futuro do Agro Brasileiro da Embrapa, uma das megatendências é a maior preocupação com a segurança dos alimentos. Essa é uma consequência de incidentes relativos a esse setor desde 2000 e da própria pandemia de covid-19.

Como resultado, o mercado nacional e internacional exige, cada vez mais, informações sobre todos os processos da cadeia alimentar, tornando a rastreabilidade dos alimentos essencial. Além disso, esse acompanhamento gera outros benefícios que fazem com que muitos produtores o implementem. 

Qualidade

O acompanhamento das fases pelas quais o produto passa e a constante análise pelo órgão de certificação ajudam na manutenção do padrão de qualidade. Com isso, alimentos que não atendem às normas têm menos chances de serem comercializados, gerando um problema de reputação ao fornecedor ou até um possível recall.

Aumento de confiabilidade

A transparência promovida nesse processo traz visibilidade à cadeia de alimentos. Afinal, quando as informações estão disponíveis ao consumidor, há mais chances da marca ganhar a confiança do público e até fidelizá-lo.

Ampliação de mercado

Considerando que hoje existem exigências relacionadas à segurança alimentar, a rastreabilidade dos alimentos pode ainda ser considerada um instrumento de negócio, ajudando a se destacar no mercado. Destaca-se que, para ser um exportador de alimentos frescos para determinadas regiões, como a Europa, esse controle é exigido.

Sustentabilidade

Monitorar a origem, produção, distribuição e revenda traz oportunidades para aprimorar esses sistemas. A partir dessas informações coletadas, é possível entender os pontos de aprimoramento e encontrar formas melhores e mais sustentáveis de levar comida do campo à mesa. 

Como funciona em diferentes setores?

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A rastreabilidade de alimentos é uma prática que conecta muitos setores da economia. Por este motivo, listamos como ela se manifesta em cada um deles, com o intuito de que os produtores tenham a clareza de que a cadeia, como um todo, impacta no seu negócio.

Agricultura

Plantio, colheita e uso de pesticidas são algumas das informações colhidas na rastreabilidade dos alimentos frescos e que determinam a qualidade do produto agrícola. Uma vez que os consumidores ficam de olho nesses aspectos, ter esse acompanhamento pode ser um diferencial competitivo no mercado interno. 

Ademais, o monitoramento ativo ajuda na conquista de algumas certificações e selos de qualidade e sustentabilidade.

Pecuária

O Brasil é um grande exportador de proteína animal e, por isso, a rastreabilidade dos alimentos é uma necessidade nesse segmento. A carne bovina, por exemplo, já utiliza a tecnologia há uma década, trazendo informações sobre o animal. Entre elas, estão desde a origem genética e idade até dados do processamento no frigorífico e distribuição.

Como existe também uma crescente preocupação com o bem-estar animal, o código ainda pode trazer certificados nesse sentido. 

Bares e restaurantes

A preocupação com a segurança de alimentos se estende ao setor de bares e restaurantes, uma vez que os consumidores guiam esse mercado. Nesse sentido, a rastreabilidade de alimentos fortalece a imagem da marca, especialmente quando associada a valores sociais como a preferência por produtos de pequenos produtores. 

É ainda uma forma que esses estabelecimentos usam para diminuir a possibilidade de trabalhar com um produto de baixa qualidade.

O que diz a lei?

Em primeiro lugar, vale analisar um dos direitos básicos do consumidor no Código de Defesa do Consumidor. No capítulo III, Artigo 6º, item III, fica determinado que os clientes têm direito a informações claras e precisas sobre o que estão consumindo.

Tendo em vista essa consideração, a rastreabilidade dos alimentos já se mostra uma excelente alternativa para atuar conforme a legislação e criar uma relação de confiança com os consumidores. Porém, somado a isso, em fevereiro de 2018 surgiu a Instrução Normativa Conjunta nº2/2018, que é uma das principais referências legais em relação ao uso de rastreamento na cadeia alimentar. 

Criada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), a norma define que a rastreabilidade deve acontecer, principalmente, para monitorar agrotóxicos. E que, sendo assim, é determinado que esse acompanhamento deve ser assegurado por cada ponto da cadeia agrícola, em todas as etapas. 

Ao mesmo tempo, o MAPA também estabeleceu a IN nº51/2018 que institui o Sistema Brasileiro de Identificação Individual de Bovinos e Búfalos (SISBOV). A partir deste, se estabelecem melhores práticas na rastreabilidade de animais e seus produtos derivados.

Como fazer a rastreabilidade dos alimentos?

Por conta de todos os benefícios trazidos pela rastreabilidade dos alimentos, bem como as normas aplicáveis, cada vez mais organizações do setor buscam adotá-la. E para fazer isso, alguns processos são necessários, começando pela organização de uma lista das informações que precisam e podem ser lançadas em cada etapa.

Portanto, é necessário adotar um sistema único para o registro dos dados que permita armazenar documentos com bastante detalhamento:

  • O que foi feito;
  • Como se deu o processo;
  • Qual a localização do produto;
  • Qual o destino.

As informações ficarão disponíveis em um código, que pode ser do tipo em barras, QR Code ou outros. Aliás, é esse extenso descritivo que vai ajudar na hora de detectar problemas no ciclo e permitir que a correção aconteça de forma mais rápida e eficaz. 

Também é por meio desse código que, lá no final dos processos do setor de alimentos, o consumidor poderá acessar os dados e fazer avaliações. 

Quais cuidados o produtor rural precisa ter?

Ao implementar a rastreabilidade dos alimentos, não se pode esquecer das normas relevantes para cada segmento. Por exemplo, a INC nº2/2018 determina, de forma resumida, que todos os produtos frescos devem estar devidamente embalados e identificados. E mais:

  • A identificação pode ser realizada por meio de etiquetas impressas com caracteres alfanuméricos, código de barras, QR Code, ou outra alternativa que permita a identificação de forma única e inequívoca;
  • O detentor do produto comercializado a granel, no varejo, também tem responsabilidades e deve apresentar à autoridade certos dados (nome do produtor ou da unidade de consolidação e o nome do país de origem).

Já a IN nº51, que instala o SISBOV, diz que é preciso se atentar às empresas certificadas que podem realizar a identificação.

Papel da tecnologia no processo

Há muita tecnologia envolvida diretamente no processo de rastreabilidade dos alimentos e outras que podem atuar conjuntamente para ter um resultado ainda melhor, aprimorando gestão e produtividade. Confira mais a seguir.

Conectividade

O acesso à internet se tornou indispensável em qualquer negócio após a onda de digitalização das empresas. E isso não é diferente no agronegócio, uma vez que consegue aproveitar a conectividade para expandir sensores e câmeras inteligentes pela fazenda para monitorar ativamente sua produção. 

A evolução que virá com a chegada do 5G no campo irá viabilizar e aprimorar operações autônomas, sistemas de missão críticas e a expansão da Internet das Coisas (IoT), o que pode acarretar em um aumento do valor bruto da agropecuária no país.

Nesse sentido, vale ressaltar que é a conectividade que habilita soluções específicas como o Gestão Pecuária. Essa ferramenta facilita o acompanhamento dos rebanhos de gado de corte e de leite, inclusive no que diz respeito à saúde e ao bem-estar do animal. 

Internet das Coisas

A conexão entre equipamentos estabelecida via IoT tem grande papel no agro de precisão. Para a agricultura, por exemplo, os dispositivos conectados permitem um monitoramento diário de tudo o que acontece na propriedade. Já na pecuária de precisão, contribui para a saúde animal e controle de produtividade. 

As informações coletadas são processadas e armazenadas na nuvem, permitindo que os produtores gerenciem suas fazendas de qualquer lugar e a qualquer momento. Enfim, como a IoT é um recurso tecnológico feito para captar dados, é um grande aliado da rastreabilidade dos alimentos.

Aqui, são úteis soluções que implementam e fazem a gestão de chips em dispositivos IoT, como o Kite Platform, que ajuda a controlar o tráfego de informações e dá acesso a relatórios personalizados.

Blockchain

Uma tecnologia diretamente relacionada à rastreabilidade dos alimentos é o blockchain, que tem a função de designar um código único para cada lote. Nesse código, dados sobre origem, destino e características do produto estão disponíveis para acesso e não podem ser modificados.

Esse recurso é indispensável para incentivar uma cadeia produtiva sustentável.

Como a Vivo Empresas pode ajudar?

No futuro do agronegócio e do setor alimentício, a rastreabilidade dos alimentos está presente de ponta a ponta. É essa estratégia que promove transparência e uma garantia de qualidade pedida no mercado externo e desejada no interno. 

Colocar isso em prática nem sempre é tão simples quanto parece. E por isso, contar com um parceiro tecnológico especializado pode ajudar. 

A Vivo Empresas oferece um portfólio amplo com soluções que auxiliam na conectividade nos campos, seja para o acesso à internet ou para dispositivos IoT. Também conta com serviços específicos para o agronegócio, que foram desenhados para resolver os principais desafios do setor. 

E é preciso aproveitar, pois há muitos benefícios que a tecnologia traz à agricultura e à pecuária. Confira os artigos:

Até a próxima!

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