Tecnologia na agricultura é elemento-chave para lidar com a crise climática

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A adoção de tecnologia na agricultura já é realidade há alguns anos, tendo, inclusive, auxiliado no avanço do setor frente ao comércio internacional. Atualmente, porém, esse importante pilar da economia enfrenta novos desafios diários, que exigem ainda maior capacidade de adaptação. 

Alguns dos obstáculos que os produtores lidam são os próprios elementos naturais, como chuvas e ventos. Se, por um lado, as condições climáticas são fundamentais para o sucesso da produção agrícola, por outro, quando desfavoráveis, podem ser a causa de quedas na produtividade. 

Além disso, é crucial levar em consideração que, devido às mudanças climáticas, a falta de previsibilidade em relação ao tempo tem sido crescente. Por exemplo, as características das estações do ano condizem cada vez menos com o período, isto é, quando não chegam a produzir fenômenos extremos (incêndios, estiagens para além do esperado ou geadas intensas).

Entretanto, mesmo para lidar com essas novas dificuldades, já existem soluções tecnológicas que, quando aplicadas corretamente, ajudam no planejamento e na otimização de recursos.

Adicionalmente, hoje, o Brasil é um dos maiores produtores de alimentos do mundo. Portanto, é indispensável a aplicação da tecnologia no agronegócio para que possamos manter essa posição de liderança, além de contribuirmos massivamente para a crescente demanda alimentícia global.

Assim, dada a importância do tema, neste artigo você verá: 

  • Panorama do agronegócio no Brasil
  • Condições climáticas: um grande desafio para o setor
  • Tecnologia na agricultura
  • Conheça os pilares da transformação digital no campo
  • Soluções aplicadas de tecnologia no agronegócio

Panorama do agronegócio no Brasil

Irrigador rural
Tecnologia na agricultura será fator chave para suportar o aumento na demanda por alimentos em 2050

Há décadas, as atividades agrícola e pecuária são essenciais à economia e à produção alimentícia do país. Inclusive, frente à crise de Covid-19, esses segmentos ajudaram a evitar que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro caísse ainda mais. 

Pelo menos, essa foi a análise da Confederação da Agricultura e Pecuária no Brasil (CNA), a partir do aumento de relevância do agro no PIB, que saltou de 6,7% em 2019 para 7,1% em 2020, conforme divulgado em março de 2021.

Aliás, o PIB trimestral do agro já indica sucesso também em 2021. A taxa é calculada pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da ESALQ/USP, e mostra um aumento de 5,35% no primeiro trimestre. Entre os diferentes segmentos produtivos do campo, foi o ramo agrícola que se destacou em resultados, com números 7,99% maiores.

Com vastas terras e um clima tropical, não é surpreendente que o agronegócio seja um componente tão importante da economia brasileira. Mas nem sempre foi assim. E, nesse sentido, a tecnologia na agricultura foi bastante responsável por tal evolução. 

De acordo com o relatório Visão 2030 – O Futuro da Agricultura Brasileira, lançado em 2018 pela Embrapa, os avanços tecnológicos responderam por 59% do crescimento do valor bruto da produção agrícola entre 1975 e 2015. 

Por isso também que, cada vez mais, surgem programas voltados para fomentar a inovação digital na produção rural. Um bom exemplo é a iniciativa Agro 4.0, da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). Por sua vez, essa estimula a utilização de tecnologias 4.0 no campo, para chegar a modelos viáveis de soluções em eficiência, produtividade e economia.

Demanda por alimentos deve crescer ainda mais nos próximos anos

Um dos desafios no futuro da cadeia de produção alimentícia é o aumento da população global. A previsão é de que, em 30 anos, o mundo terá cerca de 9,7 bilhões de pessoas – ou seja, um crescimento de 25% em relação ao cenário atual. 

Isso também representa uma alta na demanda por alimentos, que deve ser 50% maior do que o consumo de hoje, de acordo com um levantamento do World Resources Institute, divulgado em 2019. 

Frente a esse desafio, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, a FAO, espera uma grande contribuição do Brasil. Sendo um dos grandes produtores mundiais de gêneros alimentícios, o país deve ser responsável por garantir aproximadamente 40% da demanda extra. 

Em outras palavras, o agronegócio precisa evoluir bastante em termos de produtividade para ser capaz de atender a essa necessidade. Aliás, o Ministério da Agricultura divulgou, em julho de 2020, suas projeções para a década. Segundo o Órgão, o cultivo brasileiro de grãos deve crescer 27%, chegando a 318,3 milhões de toneladas em 2030.

Além disso, é de se esperar que a adição de quase 3 bilhões de habitantes na Terra provoque outros grandes impactos globais. Portanto, um modelo mais sustentável de negócios é crucial. 

Otimização de recursos naturais, diminuição de desperdício e redução da pegada de carbono são elementos essenciais para o avanço nos próximos anos. E a tecnologia no agronegócio é elemento-chave nessa transformação.

Condições climáticas: um grande desafio para o setor

É inegável que estamos vivenciando uma crise climática severa, em que condições extremas se tornam cada vez mais comuns. Por sua vez, esse tipo de reação impacta diretamente as atividades agrícola e pecuária, que dependem dos elementos naturais.

Mas é preciso uma análise mais profunda para pontuar essa relação. Por exemplo, vale destacar que, por um lado, a agricultura é parte responsável pelas mudanças climáticas.

Só para ilustrar, 18,4% das emissões de gases de efeito estufa são provenientes da atividade, segundo dados do Climate Watch analisados pelo Our World in Data. Então, em nível mundial, a agricultura é a segunda maior emissora do mundo, ficando atrás apenas do setor de energia. 

Por outro, também é o setor de agronegócio que é um dos mais afetados por essas condições. De acordo com uma pesquisa da academia de ciências americana PNAS, esses choques de clima terão impactos a longo prazo. Uma das estimativas é de que a produtividade agrícola tenha uma queda de 17% até 2050, indo na contramão da demanda por alimentos.

Essa redução da eficiência da produção será resultado de múltiplos fatores. Luz, umidade, temperatura, velocidade do vento e índice pluviométrico são algumas questões fundamentais para a colheita e que já estão passando por transformações.

É nesse cenário que a tecnologia na agricultura é tão importante. 

Com a ajuda de soluções específicas, é possível planejar, analisar dados e tomar decisões embasadas para o sucesso da produção. Além disso, a inovação nos permite construir um futuro em que as atividades de plantio e colheita possam degradar menos o meio ambiente, estimulando que a recuperação do planeta ocorra de forma natural.

Dificuldades no agro também atingem a cadeia produtiva 

Em épocas de chuva extrema, a alta umidade do solo ou mesmo o empoçamento facilitam o aparecimento de doenças e o apodrecimento de raízes na plantação. Com isso, o potencial de produtividade é reduzido, gerando uma entrega menor ao mercado e, consequentemente, um produto mais caro para quem vende e quem consome. 

Esse é só um pequeno exemplo de como as condições climáticas e suas consequências sobre a agricultura não param nos campos. Não apenas os produtores sofrem, mas toda a cadeia produtiva, sem contar o consumidor final.

Quando há perda de produtividade ou de qualidade no produto, as vendas são impactadas. Além disso, o valor para investimento em novos insumos para as próximas safras também sofrerá. Portanto, no caso do plantio de grãos, como o café, em que toda a produção é pensada a longo prazo, o prejuízo é ainda maior. 

Por isso, é preciso mitigar os problemas ainda na lavoura, por exemplo, com a adoção de tecnologia na agricultura. Assim, evita-se um efeito dominó, tanto em termos de aumento de custos quanto na redução de oferta. 

Tecnologia na agricultura

Até 1950, eram poucas as propriedades rurais que contavam com algum tipo de tecnologia moderna, como o maquinário agrícola, que é tão difundido atualmente. Hoje em dia, a adoção de novas soluções ocorre de forma mais rápida, para auxiliar na eterna busca pela otimização de recursos e pelo aumento de produtividade.

Sobretudo, já estão ao dispor dos produtores poderosas ferramentas que tiram o melhor proveito da relação entre clima e produção agrícola. E paralelamente, cada vez mais, os brasileiros estão investindo na tecnologia na agricultura, como mostra a pesquisa da McKinsey & Company, divulgada em agosto de 2020.

Em destaque, ficam os recursos relacionados à agricultura de precisão, que nada mais é que a tecnificação do campo. Segundo a consultoria, no Brasil, os drones já são amplamente utilizados, enquanto o sensoriamento remoto e a Internet das Coisas (IoT) ainda estão crescendo no setor.

Aliás, de acordo com estimativas do Fórum Econômico Mundial (WEF), se 15 a 25% das fazendas adotassem o modelo de precisão:

  • A produtividade global cresceria entre 10 e 15% até 2030;
  • As emissões de gás de efeito estufa cairiam 10%;
  • O uso de água poderia ser reduzido em 20%.

Dessa forma, é possível, inclusive, estruturar a propriedade rural  dentro da abordagem Climate-smart agriculture (ou Agricultura com Inteligência Climática, CSA). Este projeto se concentra em atingir três objetivos de maneira simultânea: crescimento de produtividade, aumento de resiliência e redução de emissões de gases. 

Conheça os pilares da transformação digital no campo

Fazendeiro checando plantação de arroz com tablet na mão
Conectividade é base para a adoção de outras tecnologias inteligentes e conectadas

Para que seja possível estruturar um negócio agrícola inteligente, existem  aplicações indispensáveis de tecnologia na agricultura. Em termos de estrutura, podemos começar pela conectividade, que é a ligação entre todas as soluções digitais no campo. 

Além das facilidades óbvias de contato com fornecedores e parceiros, a conexão com a internet é o primeiro passo na digitalização. A princípio, é ela que pavimenta o caminho para a coleta, o envio e a análise de dados em tempo hábil para ajudar os produtores a tomarem decisões assertivas. 

Inclusive, é uma evolução da conectividade que permite que maquinário, câmeras e sensores captem esses dados: essa tecnologia, por sua vez, é a IoT

Aliás, a Internet das Coisas é um elemento central para a agricultura de precisão, pois os dispositivos conectados permitem o monitoramento diário de tudo o que acontece na propriedade. Portanto, pode-se checar desde o desenvolvimento da lavoura e a eficiência da pulverização e irrigação até acompanhar o uso das máquinas e o transporte das sacas. 

Adicionalmente, essas informações são processadas e armazenadas na nuvem, permitindo que os produtores gerenciem suas fazendas de qualquer lugar e a qualquer momento.

Outro ponto importante é que essas tecnologias aliadas tornam possível a automação de algumas atividades ou até mesmo o controle remoto de certos equipamentos. Essas são ferramentas importantes principalmente no quesito otimização de recursos, uma vez que processos automáticos são planejados para facilitar a rotina. 

O poder dos dados também está no agro

Por último, podemos citar, ainda, uma das tendências tecnológicas que vêm transformando os mais diversos setores: o Big Data

Com o aumento no uso de objetos e dispositivos inteligentes, o volume de dados gerados cresce gradativamente. Naturalmente, a análise dessas informações contém insights valiosos.

Essa estrutura ajuda o produtor a responder perguntas estratégicas, como o tipo de plantio de maior sucesso em determinada região ou as épocas de destaque para certas culturas.


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Soluções aplicadas de tecnologia no agronegócio são o futuro

De modo geral, ficou claro que o uso de tecnologia na agricultura beneficia produtores e para a cadeia como um todo. E isso não apenas do ponto de vista da lucratividade, mas também para a construção de um modelo de operação sustentável e resiliente.

A realidade é que os desafios climáticos serão constantes daqui pra frente e, portanto, devem fazer parte do planejamento do agronegócio. 

Soluções como a Agro Cobertura (COA), que traz conectividade e IoT para as propriedades agrícolas, ajudando o produtor a obter uma visão 360º das atividades em tempo real. 

Aliada à ela, o Vivo Clima Inteligente oferece uma análise de microclima que vem de encontro aos desafios da crise climática. 

Assim, são utilizadas estações meteorológicas para coleta de informações sobre temperatura, umidade do ambiente ou do solo, precipitação, entre outras. E, com esses dados, ainda é possível integrar a solução com sistemas de irrigação, reduzindo o consumo de energia e de água. 

Aliás, a otimização de recursos pode ir além, monitorando os ativos da fazenda e como estão sendo utilizados. No portfólio da Vivo Empresas, a solução responsável por isso é o Vivo Maquinário Inteligente. Por meio da telemetria avançada, os veículos pesados são gerenciados em tempo real, melhorando produtividade e todo o planejamento logístico. 

Esses são só alguns exemplos para mostrar que, embora a crise climática esteja avançando, já existem formas de driblar seus efeitos. E isso é necessário, tendo em vista os desafios que vêm pela frente, como o aumento da demanda de alimentos e a escassez de recursos naturais. Conheça outras ferramentas especialmente desenvolvidas para a realidade do agro.

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Até a próxima!

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