O avanço da telemedicina e o uso cada vez mais disseminado dos meios digitais em todos os setores da sociedade trouxeram uma novidade na área de saúde: a receita digital.
Trata-se da forma mais moderna de se fazer uma prescrição de medicamentos. O documento é gerado, assinado e enviado ao paciente, à clínica ou à farmácia de forma totalmente virtual, sem depender, em nenhum momento, de qualquer versão em papel.
A inovação traz muitas vantagens, como agilidade, redução de erros, segurança e economia para as empresas da área médica. No entanto, para usar a tecnologia, é preciso ficar atento a alguns cuidados relativos à legislação e à forma correta de emissão.
A seguir, preparamos um artigo para falar melhor sobre a receita médica digital. Abordaremos, ao longo deste texto, os seguintes tópicos:
- O que é uma receita digital?
- Receita digitalizada x receita digital
- Como fazer a prescrição online?
- As estatísticas do mercado
- As vantagens do seu uso
O que é uma receita digital?
A receita digital é a versão virtual da prescrição médica. É um documento gerado, preenchido, assinado e enviado pelo médico de forma totalmente eletrônica, via internet. Ou seja, em nenhum momento há necessidade de uso de caneta, papel ou carimbo.
O procedimento é feito no computador ou em qualquer outro dispositivo que tenha conexão com a internet, como celulares ou tablets.
Logo após a consulta, o médico acessa uma plataforma de emissão de receita digital. Em seguida, faz o preenchimento dos medicamentos a prescrever, assina com um certificado digital e envia. O paciente, a farmácia ou o hospital receberão via SMS, e-mail ou WhatsApp.
É importante salientar que a origem da receita digital é o meio virtual. Dessa forma, é totalmente diferente do conceito de receita digitalizada. Esta última acontece quando o médico prescreve um medicamento da forma convencional no papel e transforma esse documento em virtual, seja tirando uma foto ou escaneando.
A receita digitalizada é usada somente como forma de orientar o paciente em relação a doses de medicamentos que não exigem necessariamente ordem médica para serem adquiridos nas farmácias.
Isso ocorre porque, na realidade, a versão digitalizada — que nasce de maneira física e é transformada em imagem ou PDF posteriormente — não tem a mesma validade da receita digital.
A prescrição virtual deve seguir algumas normas para ser válida com força de documento médico. Por exemplo, deve ser assinada com um certificado digital — a assinatura online do médico —, que é emitida por uma empresa certificadora cadastrada no ICP-Brasil, vinculado ao Governo Federal.
Quando um profissional de saúde assina uma receita com o certificado digital, isso quer dizer que tem a mesma validade de um documento assinado de próprio punho. E, igualmente, as mesmas responsabilidades.
Como funciona a prescrição online?
O médico, primeiro, precisa ter um certificado digital, como explicado acima. Uma vez que esteja feita essa parte, ele pode contar com a ajuda de plataformas online de emissão de receitas, como as ferramentas oferecidas pelo próprio Conselho Federal de Medicina (CFM).,
Cada estado conta com um Conselho Regional que pode ajudar também, como é o caso do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj), que também colocou no ar um portal para emissão de receita digital. Além disso, existem outras soluções, como o Memed que, entre inúmeras funcionalidades, oferece a prescrição online.
Para o paciente, é tudo bem simples, pois não precisa ter certificado, e a receita digital pode ser enviada até mesmo para farmácias que tenham sistema de delivery. Em nenhum momento será necessário imprimir.
Por fim, o farmacêutico também deve ter um certificado digital para validar a receita. O profissional deve preencher os medicamentos vendidos no portal Validador de Assinaturas Digitais e dar baixa para que o documento não seja usado mais de uma vez.
Vale comentar que a receita digital pode ser usada apenas para alguns tipos de medicamentos. No Brasil, quem faz esse controle é a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
De acordo com o regulamento da Anvisa, os médicos podem emitir a receita digital para aqueles medicamentos que não exigem receita médica, os de prescrição simples (que não têm retenção de receita), antibióticos e alguns controlados, como ansiolíticos, antidepressivos e anticonvulsivantes.
Portanto, diferentemente de outros países, no Brasil, ainda não é possível usar a prescrição digital para os remédios que exigem notificação da receita (receita amarela ou receita azul).
Um mercado em plena expansão
A prescrição online ganhou força total em 2020, com a pandemia de covid-19, quando as teleconsultas se tornaram mais comuns e houve necessidade de se limitar ao máximo qualquer tipo de interação presencial.
Além disso, o crescente processo de digitalização das empresas, instalação de software de gestão (ERP) e avanço da telemedicina indicam que as receitas digitais são uma realidade irreversível.
Nos Estados Unidos, por exemplo, segundo um levantamento feito pelo Statista, de abril de 2021, cerca de 84% das prescrições médicas no país já eram digitais em 2020.
A estatística foi encontrada a partir de um estudo com os dados da maior operadora de prescrição eletrônica do país — a Surescripts —, entre os anos de 2017 e 2020.
No auge da pandemia, em 2020, na Inglaterra, o governo britânico anunciou o investimento de 16 milhões de libras como parte de um processo que pretende eliminar as receitas em papel até 2024, nos hospitais do país.
Em termos de valores de mercado, a projeção intitulada Digital Prescription Technology Market, feita pelo Vantage Market Research, em fevereiro de 2022, estima que o mercado global de tecnologia de prescrição digital atinja receita de US$ 4,28 bilhões até 2028, com uma taxa de crescimento anual composta de (CAGR) de 25,1%, de 2022 a 2028.
Ainda, segundo o estudo, os motivos para o crescimento estão fundamentados, basicamente, nas vantagens do uso da receita digital. Isso inclui uma comunicação mais precisa entre os profissionais de saúde, menos erros de prescrição e redução de custos para o setor.
A seguir, mostraremos alguns dos benefícios para empresas da área médica ao adotar a facilidade da receita digital.
6 vantagens do uso da receita digital
De maneira geral, o uso da prescrição online traz vantagens para todas as partes envolvidas: pacientes, farmácias, clínicas médicas, hospitais e médicos. Vamos listar, a seguir, os benefícios mais evidentes do uso dessa forma de documento.
1. Reduz a possibilidade de erros de prescrição
Essa, talvez, seja a vantagem mais evidente de uma prescrição online. O médico não vai escrever à mão a receita, mas gerar via computador ou dispositivo móvel. Portanto, não vai haver dúvida em relação à grafia dos medicamentos ou das doses a serem tomadas.
Os erros de medicação podem acontecer por diversos motivos. Por causa dos consumidores, dos profissionais de saúde, dos farmacêuticos ou de outras pessoas envolvidas no sistema de uso de medicamentos.
As práticas de medicação sem segurança e erros de medicação são uma das principais causas de lesões e danos evitáveis nos sistemas de saúde em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A entidade também destaca que o custo global associado a erros de medicação é estimado em US$ 42 bilhões anualmente.
2. Facilita o combate a fraudes
A falsificação de documentos médicos, como atestados e receitas, são considerados crimes previstos no Código Penal brasileiro, tanto para o paciente quanto para o médico.
Isso não impede, no entanto, que exista um mercado fraudulento de prescrições médicas, sobretudo quando se leva em consideração substâncias controladas devido ao alto potencial de dependência de analgésicos ou opioides.
No Brasil, apesar de a prescrição online ser limitada a certos tipos de remédios, alguns países, como os Estados Unidos, usam a receita digital como uma das armas de combate ao uso de substâncias entorpecentes. Afinal, o meio eletrônico permite rastreamento e mais controle.
3. Possibilita a redução de custos
De forma geral, a digitalização e conectividade têm como consequência a redução de custos em qualquer processo. Isso não é diferente com a receita digital. O fato de não usar papel já induz a uma economia considerável, além de contribuir para o meio ambiente.
Além disso, os registros digitais das receitas facilitam a comunicação entre médico e paciente, e entre clínicas e farmácias, por exemplo. Não tem mais a necessidade de transcrições ou armazenamento de prontuários físicos.
Além disso, qualquer possibilidade de evitar erros, como já explicado acima, leva a uma eficiência no atendimento.
Como a receita será bem mais precisa, os pacientes dificilmente vão entrar em contato para tirar dúvidas sobre doses ou grafias de medicamentos. Assim, não haverá problema com deslocamento ou o acionamento do médico fora do horário de expediente.
4. Melhora a gestão dos dados
Uma receita digital é bem mais rápida de se gerar do que a receita em papel. Além disso, as informações do paciente já ficam armazenadas no sistema. Caso a empresa necessite recuperar algum dado, isso será feito de forma bem mais rápida, agilizando o atendimento na clínica ou consultório.
Além disso, as receitas em papel podem ser facilmente perdidas. Se estão salvas no computador, elas vão reduzir a carga de trabalho do médico ou da área de atendimento da clínica com ligações extras dos pacientes e a necessidade de se fazer outra receita.
Muitas vezes, a receita digital pode mesmo ir direto para a farmácia, e o paciente sequer vai precisar se ocupar do documento.
5. Oferece mais privacidade
As receitas digitais ficam armazenadas em um ambiente virtual e só podem ser acessadas pela pessoa autorizada. Além disso, por meio da certificação, estão protegidas com sistema de criptografia. Isso é realmente importante para o setor de saúde porque é um dos que manejam dados extremamente pessoais dos usuários.
O relatório Cyber Insecurity in Healthcare: The Cost and Impact on Patient Safety and Care, da Proofpoint Inc. e Ponemon Institute, de março de 2022, indicou que 89% dos entrevistados disseram que suas empresas sofreram uma média de 43 ataques cibernéticos em 2021. A pesquisa entrevistou 641 profissionais de segurança em TI de empresas de saúde.
Diante dessas possibilidades de ataque, as clínicas, os hospitais e os consultórios devem estar cada vez mais atentos a todo tipo de solução em cibersegurança. Afinal, o vazamento de informações médicas dos pacientes traria um prejuízo enorme à imagem da empresa. Além de ferir potencialmente a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
6. Melhora a produtividade
Do lado da farmácia, a receita digital vai otimizar o tempo do farmacêutico, uma vez que não ficará na dúvida sobre quais são os medicamentos prescritos. Afinal, tudo estará bem claro na receita.
Para clínicas e consultórios médicos, a receita digital traz bastante praticidade na hora de finalizar a consulta e prescrever os medicamentos. Para os remédios de uso contínuo, por exemplo, em apenas alguns cliques, o médico pode renovar a receita.
Além disso, para pacientes que ficam sem medicamentos durante uma viagem, a prescrição eletrônica torna o preenchimento e o envio da receita um processo bem mais simples.
Diante de tudo o que foi exposto, fica evidente que a receita digital é um grande passo para a área médica. E, para colocar em prática esse tipo de inovação, é preciso contar com parceiros de qualidade que possam fornecer soluções específicas, como a Vivo Empresas.
Com um portfólio completo de atendimento especializado para saúde, há recursos sob medida para conectividade, estrutura, relacionamento com pacientes, segurança, controle de custos e assistência em todo o Brasil para consultórios, clínicas e hospitais. Para acessar e ver as soluções digitais, vá na página Saúde da Vivo Empresas.
Gostou do assunto? Então leia mais sobre esse tema nos artigos abaixo:
- Entenda como funciona o plano de saúde digital e veja vantagens
- Como a telemedicina consegue aproximar médicos e pacientes
- A jornada do paciente e a importância para empresas do setor de saúde
Até a próxima!