Como a tecnologia promove a diversidade racial dentro das empresas

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Face às várias consequências da pandemia, pequenos e grandes negócios precisaram rever não só suas estratégias de mercado, mas também seu compromisso com temas que estiveram em evidência, como a diversidade racial.

Isto porque a crise da COVID-19, além de impor dificuldades inéditas, acentuou desigualdades que não eram novidade. Tanto no Brasil quanto no mundo, pesquisas indicam que a população negra tem sofrido suas consequências com mais peso, a exemplo do desemprego.

Embora ainda haja muito trabalho a ser feito, fatores como esses têm ressaltado a importância da pluralidade nas empresas. 

Da mesma forma, líderes e gestores estão cada vez mais atentos ao fato de que um ambiente profissional mais inclusivo promove a inovação e o lucro.

E a tecnologia pode ser uma grande aliada na hora de implementar iniciativas de equidade, inclusive racial. A partir de exemplos de sucesso, é possível constatar que processos seletivos apoiados na conectividade conseguem ser mais dinâmicos, menos discriminatórios e mais eficientes em captar talentos.

Se interessou? Então continue conosco na leitura deste artigo e confira:

  • Números da discriminação racial no mercado de trabalho
  • O papel das empresas na luta contra a desigualdade
  • Como a tecnologia pode ajudar a promover a diversidade racial nos negócios
  • Inovação também é aliada na retenção de funcionários

Números da discriminação racial no mercado de trabalho

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Taxa de desemprego no Brasil é consideravelmente maior entre os negros

Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, colhidos pelo IBGE durante o 1º trimestre de 2021, mais de 55% da população brasileira se declara preta ou parda. 

No entanto, apesar de ser maioria, o mesmo estudo revela uma enorme disparidade no que diz respeito às taxas de desemprego.

De acordo com o instituto, enquanto a taxa de desocupação foi de 11,8% para brancos, o percentual de pretos nos quadros do desemprego foi de 19,1% – já o de pardos, 16,5%.

Dados como esses estão entre os muitos que evidenciam os desafios da população negra no mercado de trabalho. Neste espaço, constata-se que pessoas pretas e pardas não só têm mais dificuldades para conseguir empregos, assim como recebem salários mais baixos.

População negra também tem mais chances de estar “sobre-educada” para seus postos de trabalho

Mesmo dentre os brasileiros com ensino superior, pesquisas indicam que a população negra tem mais dificuldade em encontrar trabalho qualificado.

Conforme aponta a consultoria IDados, em 2020, 37,9% dos homens negros com ensino superior ocupavam postos de trabalho que exigem apenas ensino fundamental ou médio. Embora a situação não seja totalmente inversa para a população branca, a taxa de homens brancos com ensino superior e que podem ser considerados “sobre-educados” para suas profissões é consideravelmente menor (29,6%).

No recorte feminino, a situação se repete: enquanto 33,2% das mulheres negras com ensino superior ocupam vagas de nível médio ou fundamental, quando se trata de mulheres brancas, o mesmo indicador cai para 27,8%.


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A consultoria ainda aponta para uma piora deste cenário nos últimos anos. Em 2015, o percentual de negros com ensino superior e que estavam sobre-educados para suas funções era de 33,6% para homens e 27,3% para mulheres.

Conforme afirma a pesquisadora Ana Tereza Pires, responsável pelo estudo, “a discriminação é, sem dúvida, um dos motivos do aumento de sobre-educados entre os negros. Há inúmeras evidências de que existe discriminação na hora da contratação quando o funcionário é negro”.

Para quem quer empreender, a tecnologia oferece alternativas para superar dificuldades

Apesar do cenário de desigualdade, é válido ressaltar que a tecnologia pode ser uma forte aliada da comunidade preta na luta por justiça racial. Graças à inovação, é possível garantir uma melhor integração dessa parcela da população ao mercado de trabalho, bem como promover o empreendedorismo negro.

Isso porque as soluções tecnológicas apresentam, tanto a quem busca um emprego quanto a quem quer montar um negócio, alternativas que permitem contornar dificuldades. E, uma vez que tais dificuldades costumam ser maiores para pretos e pardos, a possibilidade de superá-las através da tecnologia se torna ainda mais interessante.


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Um caso emblemático e que pode ser utilizado como exemplo é o do empresário Sérgio All. Em entrevista à revista Exame, Sérgio revelou que, “mesmo com o nome limpo, um bom score e um plano”, teve dificuldades em conseguir crédito para iniciar seus negócios.

Com a ajuda da tecnologia, no entanto, o empresário tornou o próprio problema um empreendimento. Sérgio é fundador da Conta Black, um banco voltado para as classes mais baixas e que busca atender consumidores que enfrentam as mesmas dificuldades vivenciadas por ele.

Apesar de já contar com mais de 3 mil clientes e uma expectativa de faturamento na casa dos R$ 15 milhões (2020), a fintech ainda tem dificuldade para atrair investimentos – razão pela qual é totalmente digital e se apoia na tecnologia para ser tão eficiente quanto for possível.

O papel das empresas na luta contra a desigualdade

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Setor privado está mais atento ao seu papel na luta antirracista

Ainda que o setor privado não seja o único responsável por promover a diversidade racial, é possível afirmar que, sobretudo no que tange o acesso ao mercado de trabalho, ele tem um enorme potencial para contribuir com a causa.

Igualmente, embora sejam séculos de desigualdades que vão muito além do mercado de trabalho, 2020 foi um ano em que a justiça racial ganhou mais atenção, inclusive das empresas. 

Em resposta a esse fenômeno, diversas organizações adotaram uma postura de maior suporte à diversidade racial. 

Conforme aponta um estudo da McKinsey & Company, após os protestos mundiais contra a violência policial contra negros no EUA, as maiores empresas do país chegaram a investir 66 bilhões de dólares em iniciativas antirracistas.

Realizado entre maio e outubro de 2020 e com mais de mil empresas, o estudo ainda aponta que os eventos deflagrados no ano passado reforçaram o papel do setor privado na luta pela equidade racial.

Nesse sentido, diversas companhias passaram a se preocupar com o tema não só na hora de atender consumidores, mas também ao contratar funcionários e parceiros. Nesse mesmo sentido, o Brasil tem visto seus primeiros processos seletivos dedicados à comunidade preta – uma tendência que vai muito além de promover representatividade.

Os benefícios de apostar na diversidade racial

De acordo com outro estudo da McKinsey & Company, desta vez envolvendo 366 empresas dos EUA, Canadá, América Latina e Reino Unido, empresas que incentivam a diversidade racial têm chances 35% maiores de obter retornos financeiros acima da média de seus respectivos segmentos.

Em entrevista à Folha de São Paulo, a fundadora da consultoria Tree, Letícia Rodrigues, corrobora esta ideia. Para ela, ainda que a discussão seja incipiente nos pequenos negócios, eles precisam se renovar constantemente para competir, e para inovar precisam de diversidade.

Em seguida, ela ainda afirma que, como as equipes dessas empresas são menores, o impacto de alguém com uma história diferente pode ser ainda maior nas PMEs. No entanto, conforme aponta a reportagem, abraçar a diversidade exige que as empresas busquem aprender com seus funcionários, inclusive após a contratação.


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Como a tecnologia pode ajudar a promover a diversidade racial nos negócios?

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Tecnologia permite eliminar vieses em processos seletivos, tornando-os mais inclusivos

Conforme vimos acima, seja para atender a um compromisso social ou como estratégia de negócio, promover a diversidade racial no ambiente profissional é um fator importante. Nesse sentido, a tecnologia, que já é uma forte aliada dos departamentos de RH, também possibilita a realização de processos seletivos mais inclusivos.

O primeiro exemplo de como a tecnologia pode tornar um processo seletivo menos discriminatório é a redução de vieses cognitivos. Atualmente, softwares baseados em inteligência artificial e análise de dados permitem que a escolha de um novo funcionário leve em conta apenas os aspectos pertinentes à vaga pretendida.


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Dessa forma, é possível garantir que uma contratação não vai ser influenciada, nem mesmo inconscientemente, pela etnia, idade, gênero, classe social ou sexualidade do candidato. 

Afinal, ao contrário do recrutador humano, a máquina é capaz de ser totalmente imparcial a características pessoais.

Igualmente, ferramentas com base nas mesmas tecnologias permitem analisar a linguagem utilizada nas descrições das vagas de emprego. 

Assim, o recrutador pode ser informado se está utilizando termos que desencorajam candidatos de determinada parcela da sociedade.

Métodos de seleção inéditos e inovadores

Mais do que isso, no entanto, a tecnologia pode ser utilizada para basear meios de seleção inovadores – e potencialmente mais eficazes em atender às necessidades da empresa por um novo perfil de funcionário. 

Um exemplo de sucesso é o do conglomerado dinamarquês Maersk, que opera mundialmente nos setores de transporte e energia.

Na intenção de diversificar sua força de trabalho, majoritariamente composta por homens, a companhia decidiu trocar os tradicionais formulários de inscrição por jogos.

Logo após a mudança, a companhia notou um aumento nas candidaturas do sexo feminino. Em seguida, pôde constatar que a linguagem utilizada anteriormente nas descrições das vagas era excludente, fator responsável pelo baixo número de mulheres que se candidatavam às vagas da empresa.

Conectividade

Outro exemplo bastante ilustrativo de solução tecnológica em prol da diversidade no mercado de trabalho é a conectividade.

Por meio de um processo seletivo virtual, é possível eliminar algumas barreiras, como a distância, que eventualmente impedem os candidatos de aplicar para uma vaga. 

Em razão da pandemia, diversas companhias brasileiras passaram a realizar processos para captar talentos por meios digitais – atingindo uma base maior e mais diversa de candidatos.

A conectividade também é a base para o trabalho remoto ou híbrido, que é grande redutor de desigualdades, uma vez que permite a presença de colaboradores que vivem em regiões mais distantes e sem infraestrutura adequada de transporte.

Inovação também é aliada na retenção de funcionários

Ao contrário do que pode parecer, a tecnologia não precisa ser utilizada apenas nos processos seletivos, podendo também ser aplicada para manter e desenvolver a força de trabalho já existente

Nesse sentido, é possível investir em cursos e treinamentos a distância, bem como utilizar as soluções tecnológicas para aumentar o engajamento dos funcionários.

Em uma consulta feita pelo LinkedIn, 93% dos consultados afirmaram que permaneceriam por mais tempo numa empresa se ela investisse em suas carreiras. 

Adicionalmente, eles elegeram a falta de tempo como o principal obstáculo na hora de continuar estudando e se aprimorando para as funções que exercem.

Em cenários como esse, o uso de ferramentas como o Microsoft 365 pode ajudar. Além de permitir criar, editar e acessar documentos a qualquer tempo e em qualquer lugar, o software conta com ferramentas de comunicação e colaboração.

Com isso, além de poder ser empregada no atendimento de consumidores, a suíte de aplicativos pode ser facilmente integrada às rotinas internas da organização.


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Conclusão

Mais que um compromisso social, promover a diversidade racial tem se revelado uma estratégia de sucesso para empresas no mundo todo. 

Em boa parte, isso se deve ao fato de que, uma vez que tenha um corpo de funcionários abrangente, o negócio terá formas igualmente variadas de encarar problemas e soluções, o que abre espaço para a inovação.

Especialmente no Brasil, realizar processos seletivos que incluam a população negra permite aproveitar profissionais que compartilham da realidade de mais da metade dos brasileiros.

E nesse sentido, como visto, a tecnologia pode ajudar promovendo a colaboração e o desejo por uma sociedade mais justa, bem como diminuindo os muitos obstáculos que se apresentam a pretos e pardos, todos os dias.

Ciente desse enorme potencial tecnológico, a Vivo Empresas oferece uma ampla gama de soluções tecnológicas que, assim como as apresentadas, auxiliam a promoção da diversidade racial nas organizações.

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