A produção de café não apenas faz parte da história brasileira, como também é motivo de orgulho nacional. Afinal, o Brasil é o maior produtor e exportador do grão no mundo e, no ano passado, quebrou recordes mesmo frente ao conturbado cenário pandêmico.
Para ilustrar, a safra de 2020 contou com cerca de 61,62 milhões de sacas de 60 kg, o que significa um aumento de 25% em comparação à safra anterior. E esse crescimento foi conquistado por uma conjunção de fatores, como a bienalidade positiva, questões climáticas favoráveis e investimentos em tecnologia.
Nesse sentido, é muito claro que a adoção de inovações no campo, ou seja, a digitalização das fazendas, traz grandes benefícios no rendimento da produção.
E pode até contribuir para uma otimização das atividades gerais na lavoura, já que a inserção de dispositivos conectados, por exemplo, viabiliza a automação de máquinas e o monitoramento remoto dos processos.
Além disso, as soluções digitais também ajudam a superar desafios que aparecem diariamente ou até obstáculos constantes da agricultura, tais como a crise climática, doenças e pragas.
Em suma, apesar do sucesso da produção de café no Brasil, é sempre preciso buscar recursos e ferramentas que auxiliem no aumento da produtividade de forma sustentável, bem como facilitem a gestão diária dessa cultura.
Neste artigo, você verá:
- A tradição do grão no Brasil
- Principais regiões de produção de café
- Os avanços da agricultura com o auxílio da tecnologia
- 2020: um ano de recordes para o cafeicultor brasileiro
- Desafios para a produção de café em 2021
- Como a tecnologia pode ajudar a aumentar a produtividade do cultivo
A tradição do grão no Brasil
O café sempre foi uma das riquezas do Brasil, desde sua chegada no país no começo do século XVIII. Inclusive, o plantio do grão teve grande influência na criação e crescimento de muitas cidades, sendo parte importante da história brasileira.
Já no final do século XIX, a produção de café nacional era imponente e controlava o mercado cafeeiro mundial.
Atualmente, o sucesso da cultura continua, sendo destaque não apenas na produção, mas também na exportação do grão em nível global. Entre os 130 países que mais consomem o produto nacional, destacam-se EUA, Alemanha e Itália.
De três xícaras de café consumidas mundo afora, pelo menos uma é brasileira. O país é responsável por um terço da produção e exportação mundial do grão.
Fonte: Organização Internacional do Café (OIC)
Além disso, o grão também é um sucesso por aqui. De acordo com um levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), é a segunda bebida mais consumida depois da água, chegando a 97% dos lares.
Aliás, em contraste com outros itens básicos consumidos pelo brasileiro, ao invés de ter uma redução no consumo do café durante a pandemia, houve o efeito contrário. Logo no início das medidas de distanciamento social, em março de 2020, a compra da bebida subiu 35%, segundo a ABIC.
Seja como for, a cafeicultura brasileira é um grande exemplo por ser produtiva e também uma das mais exigentes em relação a questões de cunho social e do meio ambiente. Ela é regida por leis trabalhistas e ambientais rígidas, o que, por sua vez, está bastante alinhado a um dos grandes desafios da agricultura para os próximos anos: a produção sustentável.
Principais regiões de produção de café
Hoje, a produção de café no Brasil é mais concentrada no Arábica, que representa cerca de 77% do total produzido. Além disso, a cafeicultura também está espalhada por diversas regiões do território brasileiro.
Reconhecido como o maior produtor de café, o estado de Minas Gerais é responsável por 50% dos grãos no país, predominantemente Arábica. E, também, é um dos principais fornecedores de cafés especiais.
Inclusive, observou um recorde de produção na última safra, com mais de 34,6 milhões de sacas do grão beneficiado.
Em seguida, o segundo maior produtor é o Espírito Santo, que também é a principal fonte de café Conilon, e, logo após, São Paulo, o estado com maior tradição na cafeicultura, exclusivamente arábica.
Vale apontar que muitas dessas regiões contam com a ajuda de recursos tecnológicos para monitorar e otimizar a produção. Inclusive, segundo uma pesquisa realizada em 2020 pela McKinsey & Company, sobre o uso de tecnologias nas fazendas brasileiras, a integração digital nas plantações no Brasil já é maior que nos Estados Unidos.
É possível até mesmo afirmar que há um rápido ritmo de investimento em inovações nesse setor, já que, cada vez mais, os produtores buscam meios de reduzir custos, aumentar a produtividade e gerar mais lucro.
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Os avanços da agricultura com o auxílio da tecnologia
Nas últimas décadas, a agricultura brasileira evoluiu muito em produtividade. Como exemplo, de acordo com dados do Conab/Embrapa, entre 1980 e 2017, houve 367% de crescimento na produção agrícola, ao passo que o aumento de área plantada para o mesmo período foi de 52%.
Ou seja, com o passar dos anos, as fazendas brasileiras conseguiram obter maior rendimento sem tanta expansão territorial. E muito desse avanço se dá em virtude de avanços tecnológicos no setor.
Nesse sentido, uma publicação da Embrapa sobre a trajetória da agricultura brasileira consegue até mesmo quantificar isso.
Segundo a pesquisa, cujo relatório foi divulgado em 2018, entre 1975 e 2015, as inovações adotadas foram responsáveis por 59% do crescimento do valor bruto da produção agrícola.
Isso inclui não apenas o aumento no uso de maquinário, como também pesquisas em biotecnologia que focam em driblar ou diminuir restrições geográficas e até climáticas para alguns plantios, como a soja.
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2020: um ano de recordes para o cafeicultor brasileiro
Após muitas safras de baixa remuneração e dificuldade de exportação, em 2020 o cafeicultor brasileiro colheu uma produção recorde. Foram muitas as variantes que auxiliaram esse cenário, aponta o Boletim 2021 da Safra de Café da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB).
Entre elas, estão a bienalidade positiva, a alta do dólar que impulsionou o preço das sacas e ainda um clima favorável e alinhado ao momento de plantio e colheita, o que tornou a safra mais curta.
Como resultado, foram produzidas aproximadamente 61,62 milhões de sacas de 60 kg com grãos de alta qualidade. Dessas, 39,8 milhões seguiram para exportação de café brasileiro que, de janeiro a novembro, marcaram um crescimento de 5,85% em relação ao ano anterior.
Ao mesmo tempo, as vendas para o mercado externo também cresceram em torno de 5,8%. Ou seja, superaram o volume de 2019 em 2,4 milhões de sacas.
Dessa forma, fica claro o grande potencial da produção de café no Brasil. Assim, quando aliada a tecnologias que podem fazer previsões mais assertivas sobre o clima e a qualidade do solo, por exemplo, essa capacidade só tende a crescer.
Sob o mesmo ponto de vista, daqui pra frente os desafios para o cafeicultor serão ainda maiores, com a bienalidade negativa em 2021 e questões ambientais cada vez mais exigentes.
Seja como for, a inovação será fundamental para quem deseja continuar colhendo bons frutos nos próximos anos.
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Desafios e previsões para a produção de café em 2021
Enquanto a temporada anterior foi recorde histórico, de acordo com o ciclo da cultura do grão, 2021 deve ver uma queda na produção de café.
Entre os fatores que ajudaram no ano passado, agora a cafeicultura enfrenta tanto a bienalidade negativa em diversas regiões quanto condições climáticas adversas, com períodos de seca em momentos cruciais ao desenvolvimento da plantação.
Com essa perspectiva, é esperada uma safra que seja de 21,4% a 30,5% menor que a de 2020, com um volume máximo de 49.588 mil sacas e uma área de produção de mais de 1,7 mil hectares. Dessas, cerca de 33 mil serão Arábica e 16,6 mil de café Conilon.
Fora as especificidades da cafeicultura, a agricultura, de modo geral, tem novos obstáculos em seu horizonte, sendo um deles a sustentabilidade.
Com relevância global crescente, o desenvolvimento sustentável é uma preocupação, sobretudo, para os produtores que buscam fazer negócios com outros países.
Uma produção sustentável deve aumentar o rendimento sem expandir para novas terras. E otimizar, por exemplo, o uso diário de recursos naturais, como a água para irrigação, que muitas vezes é utilizada de forma ineficiente.
É, inclusive, nesse cenário, que as certificações agrícolas ganham destaque, pois geram valor “verde” ao produto. Até mesmo o monitoramento inteligente, via dispositivos conectados, pode ajudar.
Afinal, dessa forma é possível mostrar o padrão de qualidade e sustentabilidade de ponta a ponta na cadeia de produção do café. Ou seja, do campo ao armazenamento e distribuição do grão.
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Como a tecnologia pode ajudar a aumentar a produtividade do cultivo
A digitalização das fazendas já vem evoluindo há muitos anos e envolve tanto a inserção de maquinário e drones quanto de soluções de gestão. E o primeiro passo para que essas tecnologias funcionem de forma integrada na produção de café é garantir uma boa conectividade.
Aliás, esse é um fator que costuma atrapalhar a modernização do agronegócio. Porém, hoje já é possível recorrer às potentes conexões móveis.
De acordo com as estimativas divulgadas pela McKinsey & Company no ano passado, a cobertura desse tipo de conectividade deve chegar a 80% de todas as áreas rurais mundiais até 2030. E, como resultado, até lá a agricultura conectada responderá por um acréscimo de US$ 500 bilhões no PIB mundial.
Além da conectividade, uma das grandes inovações que vem ajudando as fazendas é a Internet das Coisas, ou IoT. Por meio dela, é possível realizar um monitoramento inteligente, que permite acompanhar o dia a dia da produção, mesmo que de forma remota.
Então, através de câmeras e sensores, o agricultor consegue identificar se a irrigação ou pulverização estão atingindo todas as áreas de plantio, acompanhar a evolução da lavoura ou detectar doenças e pragas logo no início.
Automação é sinônimo de produtividade
Há também a possibilidade de automatizar o maquinário e ainda acompanhar as sacas pós-colheita, adicionando uma nova etapa de segurança no transporte e armazenamento.
Inclusive, com a IoT, todas essas informações captadas são armazenadas na Cloud e facilitam a visibilidade do que acontece na fazenda e, consequentemente, simplificam também a gestão.
Por fim, há ainda benefícios de previsibilidade do clima, que permite um melhor planejamento das atividades. E com a adição da Inteligência Artificial (AI), há mais evolução. É possível criar modelos sazonais que, por sua vez, ajudam em importantes decisões sobre as safras e o plantio.
Conclusão
A cultura do café já é um dos grandes sucessos do agronegócio brasileiro, mas ela também precisa se preparar para os próximos desafios que vêm aparecendo, inclusive em relação à produtividade.
Os equipamentos de IoT, que conectam a fazenda, e os dados em Cloud são alguns exemplos de tecnologia que já são utilizadas no campo. E ainda podem ser adaptadas para diferentes cenários, de grandes a pequenos produtores na cafeicultura.
Somado a isso, também são esses recursos que permitem ao cafeicultor fazer a gestão de sua produção de forma mais simples e assertiva, de qualquer lugar do mundo.
Diante desse cenário, a Vivo Empresas contribui com a transformação digital da produção de café desde os primeiros passos. Para dar início à Agricultura 4.0, por exemplo, há planos de conectividade 2G, 3G, 4G e LPWA, além da Vivo Kite Platform, que são ideais para a gestão de dados e monitoramento de informações em tempo real.
Mais que isso, o portfólio ainda inclui soluções especialmente pensadas para o agronegócio e ferramentas digitais em Cloud, Segurança, Big Data, IoT, Aluguel de Equipamentos, TI, Ferramentas de Colaboração, etc.
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Até a próxima!