Tecnologia apoia a criação de novos medicamentos

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A tecnologia desempenha um papel importante na evolução de várias áreas do conhecimento. No setor da saúde, por exemplo, é aliada do desenvolvimento de novos medicamentos. Sendo assim, os supercomputadores e as ferramentas inteligentes contribuem muito para a pesquisa farmacêutica. 

Quando se fala em recursos de ponta na área médica, o mais comum é pensar em robôs-cirurgiões e imagens 3D para diagnóstico ou atendimento remoto. Apesar disso, a inovação vem com soluções envolvendo inteligência artificial (IA), conectividade e alta capacidade de processamento de dados, que ajudam nos estudos que resultam em melhorias. 

Diante desse cenário, como nos demais setores da indústria, é possível ver que laboratórios e hospitais que investem nesse caminho conseguem se destacar, pois aprimoram a detecção e o tratamento de doenças. Somado a isso, o movimento busca integrar melhor os centros de pesquisa, além de atender às recentes mudanças no comportamento do consumidor. 

Este artigo tratará de como a tecnologia vem auxiliando na criação de novos medicamentos, ao passo que também otimiza os tratamentos já existentes. Também serão abordados os seguintes assuntos:

  • Avanços na descoberta de novos remédios;
  • Tecnologias mais usadas na produção de medicamentos;
  • Desafios da indústria farmacêutica;
  • Revolução digital na área.
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Uma descoberta inusitada que salva milhões de vidas

Os primórdios da indústria farmacêutica eram baseados em observações e testes, por não contar com a ajuda da tecnologia como hoje em dia. Um dos marcos revolucionários foi a descoberta da penicilina, um dos medicamentos mais importantes da humanidade. 

Em agosto de 1928, quando pesquisava a bactéria Staphylococcus Aureus, o médico escocês Alexander Fleming precisou viajar inesperadamente e retornou apenas um mês depois. Ao voltar para o laboratório, notou que havia esquecido, em cima da mesa, a cultura de bactérias que estudava. Como o recipiente em que se encontravam os microrganismos estava contaminado por mofo, o descarte era o destino certo daquele material.

Antes de fazê-lo, no entanto, o médico notou que, próximo à área onde se concentrava o bolor, não havia bactérias. Foi assim que o primeiro antibiótico do mundo foi descoberto, a penicilina, derivada do fungo Penicilium Notatum.

Ao longo da história, vários outros medicamentos foram descobertos ao acaso, mas, atualmente, as novas tecnologias são a mola propulsora mais evidente para descobertas e curas.

8 tecnologias que impactam nos novos medicamentos 

O último relatório da Globaldata, de abril de 2022, o Big Data in Pharmaceuticals – Thematic Research, revelou que o mercado global de dados e análises no setor de fármacos deve crescer para US$ 1,9 bilhão até 2025.

Segundo esse estudo, o Big Data, aliado a tecnologias emergentes como IA e Internet das Coisas (IoT), melhorou o retorno do investimento nessa indústria. Além disso, reduziu os prazos de desenvolvimento de remédios, diminuiu custos, aumentou as vendas e melhorou a probabilidade de aprovação dos compostos.

A inovação é aliada da indústria farmacêutica. A seguir, estão destacadas 8 importantes tecnologias que estão revolucionando o mercado da saúde.

  1. Big Data 

A análise de dados pode ajudar a criar novos medicamentos mais eficazes e fazer descobertas científicas em farmacologia. É uma oportunidade para produzir substâncias personalizadas através do estudo de dados genômicos. Um exemplo de uso do Big Data no estudo do DNA vem sendo desenvolvido no laboratório da Universidade de São Paulo (USP), em Piracicaba.

  1. Armazenamento em nuvem 

No campo farmacêutico, o armazenamento em Cloud permite um trabalho mais eficiente. Afinal, oferece a possibilidade de gerenciar uma enorme quantidade de dados de pacientes com maior segurança das informações.

  1. IA

A inteligência artificial (IA) ajuda a processar grandes quantidades de informações com muito mais rapidez e precisão do que os trabalhadores de laboratórios farmacêuticos conseguem fazer manualmente. Como resultado, os criadores de medicamentos podem melhorar a eficiência e a qualidade da fabricação.

  1. Machine learning 

A grande vantagem do uso da máquina no desenvolvimento dos compostos é testar o nível de toxicidade e prever problemas. Tudo isso com base na análise de dados, combinado com IA.

Afinal, quando se inicia o estudo de uma nova droga, é necessário criar métodos seguros para sua utilização. O Machine learning vai permitir lidar com múltiplos parâmetros ao mesmo tempo, proporcionando mais segurança, agilidade e eficácia.

  1. IoT

A Internet das Coisas (IoT) vai atuar, em especial, na cadeia de suprimentos da indústria farmacêutica. A tecnologia pode ajudar no armazenamento, no empacotamento dos medicamentos e no rastreamento até chegar ao local de venda. Automatizar esses processos com aparelhos inteligentes ajuda a reduzir erros e aumentar a produtividade.

  1. Blockchain 

Com o blockchain, é possível estabelecer produção e distribuição eficientes de novos fármacos. E também oferece um alto nível de segurança e transparência. Com ele, as empresas farmacêuticas podem lutar contra opções falsificadas e de baixa qualidade.

  1. Medicina de precisão

A medicina de precisão é um novo passo na área da saúde. Oferece uma abordagem inovadora para diagnosticar, tratar e prevenir doenças através do estudo dos genes e do estilo de vida do paciente. Com isso, os laboratórios podem criar novos remédios direcionados a apenas um grupo específico de pessoas. 

  1. Análise avançada de dados 

A análise avançada de dados é uma das principais tendências da Tecnologia da Informação na indústria farmacêutica, com potencial para mudar a estratégia na fabricação de medicamentos. As empresas usam tecnologias inteligentes para implementar esse recurso. 

Processar e analisar grandes conjuntos de dados pode ajudar a tirar conclusões mais precisas sobre a eficácia das substâncias e seus efeitos colaterais.

Alguns desafios da indústria farmacêutica

Diante desse cenário, fica evidente que os novos fármacos são desenvolvidos com base em muita pesquisa e inovação. Todos os anos, vacinas, antibióticos, analgésicos, antivirais, entre outros, permitem que a população viva mais e melhor. No entanto, o processo de desenvolvimento de um novo remédio é complexo. 

Uma medicação pode levar de 8 a 12 anos para ser aprovada e chegar a custar até US$ 2 bilhões, segundo uma estimativa do Congressional Budget Office (CBO) de abril de 2021, isso entre a sua descoberta até a comercialização. 

Além do alto custo, existem as pressões regulatórias e econômicas para aprovação do uso. Por isso, os cientistas devem sempre balancear entre as necessidades dos pacientes e a viabilidade financeira da produção. 

Para circular por esse cenário de alta complexidade e fornecer novas medicações que salvam vidas, os pesquisadores devem melhorar os processos sempre que possível. É por isso que a tecnologia aparece como forte aliada da indústria farmacêutica para enfrentar os desafios naturais do setor. Alguns deles estão descritos a seguir.

Otimização dos processos

As estatísticas da área da saúde indicam que, em média, apenas um em cada 1.000 (0,1%) remédios inéditos que entram em ensaios pré-clínicos chegam à fase de testes em humanos. Desses, apenas 20% chegarão à aprovação. Embora esses números tenham melhorado, a esperança é que as tecnologias sejam capazes de otimizar o processo de descoberta.

Desconhecimento sobre as doenças

Para desenvolver um novo fármaco, é preciso conhecer sobre a doença. Apesar dos avanços, ainda existem barreiras em nível bioquímico. Enfermidades neurológicas, por exemplo, têm suas causas pouco conhecidas, o que dificulta a criação de drogas de combate. Por isso, fica difícil identificar os alvos corretos a serem atacados.

Heterogeneidade da população

Recentemente, pesquisadores admitiram que as doenças se desenvolvem de forma diferente em cada indivíduo. Isso significa que os novos medicamentos podem ter efeitos diversos igualmente heterogêneos, sendo, por exemplo, mais eficaz para uns do que para outros. 

Um dos desafios da tecnologia é conseguir considerar essas diferenças na produção de novas medicações. A análise de dados deve ser uma grande aliada para resolver essa questão.

Regulamentação

Além do fármaco ter que passar por diversas fases antes de ser comercializada, é preciso se adequar às normas de vigilância sanitária. 

Nesse caso, não só para a comercialização com os consumidores. Por exemplo, no Brasil, existe a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). A legislação é cada vez mais exigente em relação aos dejetos químicos, radioativos e biológicos. 

O descarte irregular pode causar sérios danos à saúde da população e à natureza. Por esse motivo, a lei instaura a necessidade das empresas realizarem a logística reversa do que é comercializado. 

No caso dos fármacos, é necessário que as companhias encaminhem as medicações e superfícies que entraram em contato com ela para um local apropriado. Sem essa garantia, elas não podem ter a licença. 

Interrupção na cadeia de suprimentos 

A produção de medicamentos depende de insumos que vêm de diversas partes do mundo. Um dos desafios da indústria é que não aconteçam atrasos na cadeia de suprimentos. Uma das maneiras de gerenciar isso é investir em softwares de gestão para monitorar onde estão os produtos e a prever potenciais contratempos.

Mão de obra qualificada 

Um fator-chave que influencia na fabricação é a disponibilidade limitada de mão de obra qualificada. Alguns dos problemas que cercam a escassez podem ser resolvidos usando ferramentas de automação. No entanto, nem tudo pode ser substituído e um grande desafio continuará sendo o investimento na formação de profissionais qualificados. 

Descobertas potencializadas pela revolução digital

Com ajuda dos avanços tecnológicos na resolução de imagens, a técnica de microscopia crioeletrônica (Cryo-EM) é considerada uma revolução na área de desenvolvimento de medicamentos.

Isso porque permite que os átomos das proteínas sejam vistos com detalhes jamais imaginados. Com essa ferramenta, os pesquisadores conseguem recriar as partículas em 3D e chegar a uma compreensão profunda sobre seu funcionamento.

A revolução foi tão grande que a técnica elaborada pelos cientistas Joachim Frank, Richard Henderson e Jacques Dubochet recebeu o prêmio Nobel de Química em 2017. A Cryo-EM começou a ganhar uma adoção mais ampla há cerca de 10 anos, justamente quando as tecnologias de detecção de elétrons, imagens e softwares permitiram um trabalho mais preciso.

De lá para cá, o método foi utilizado no estudo do vírus Zika e ajudou nas pesquisas do coronavírus, resultando na produção de vacinas em tempo recorde na indústria farmacêutica. Em menos de 2 meses, progressos significativos foram feitos para entender a estrutura e o comportamento do vírus da covid-19.

Foram coletadas cerca de 3.000 imagens em 24 horas. É isso que explica o desenvolvimento da vacina de forma tão rápida. Sem essa ferramenta, poderia ter levado meses para obter a mesma quantidade de capturas.

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Tecnologia aliada aos avanços de novos medicamentos

Para concluir, fica evidente que a tecnologia é um campo do conhecimento versátil e que pode ser adotado em qualquer setor. Na medicina, as inovações tecnológicas têm a capacidade de salvar vidas, além de otimizar processos. 

O futuro do desenvolvimento de novos medicamentos está intimamente ligado à construção de uma rede integrada de informações de saúde. Contudo, para que isso seja viável, organizações do ramo devem estar atentas a questões como conexão, cibersegurança e análise de dados.

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Até a próxima!

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