Paola Campanari, Head de marketing estratégico e comunicação da Vivo B2B conta um pouco sua visão sobre a tecnologia, fala de sua experiência e divide seu olhar sobre como a digitalização das empresas faz com que muitas mulheres possam mudar significativamente suas jornadas.
Paola tem vasta experiência no mercado e contribui com esse papo ressaltando a importância da educação e de como os instrumentos que nos são apresentados podem mudar a vida, independente da idade.
Confira a nossa conversa a seguir e tenha uma ótima leitura!
VMN: Gostaríamos que você contasse um pouco da sua trajetória profissional
PC: É uma longa jornada, tenho mais de 30 anos de carreira em marketing de inovação, produtos e experiência de consumo.
Possuo uma formação em propaganda, pós-graduação em gestão de marketing e branding, especializações no Singularity USA, especialização em inovação e marketing por Stanford, planejamento de estratégia por Harvard e uma especialização no Instituto Disney em experiência de compra e marcas.
VMN: Como a tecnologia impactou na sua carreira?
PC: Desde o começo eu fui impactada pela tecnologia. Depois do estágio, entrei em uma empresa de eletroeletrônicos, lá a tecnologia já estava embarcada.
Desde o momento que eu comecei como demonstradora em ponto de venda, eu já tinha que explicar tecnologia. Foi o começo do micro-ondas, então eu tive que instruir a todos os usuários como funcionava o primeiro produto de tecnologia em uma cozinha. Era uma coisa, até então, mágica.
A partir dessa experiência, eu passei a trabalhar com a Samsung nesse primeiro começo. Eu coordenei toda a parte promocional de lá, que até então era uma divisão eletrônica da Brastemp na época. Isso foi mais ou menos em 1992/93.
Eu trabalhei 12 anos nessa empresa. Uma das partes de tecnologia que mais me encantou enquanto trabalhava lá foi a de desenvolvimento de produtos. A gente começou a embarcar a tecnologia para os produtos se tornarem mais inteligentes, produtos de casa.
Depois, a gente fez uma rodada de inovação com o pessoal do Vale do Silício nos anos 2000. Aí sim criamos produtos inteligentes, para as casas do futuro, já naquela época. Isso com uma visão de 20 anos à frente.
Depois, fui trabalhar no varejo ligado a eletrônicos e tecnologia. Lá, criamos experiências de compra, levando a tecnologia para realizar essa tarefa e para deixar as lojas mais engajadas e imersivas.
Na sequência, fui para uma empresa de tecnologia na parte de TI. Fiquei 2 anos. Depois eu voltei para a Samsung, lá entrei no marketing na parte de TI. Fiquei 10 anos lá. Depois disso, acho que o mais distante foi ficar 2 anos em uma construtora. Mesmo assim, todo o marketing já era atrelado à tecnologia, o marketing digital, os robozinhos de recomendação, jornada, etc.
A tecnologia pautou toda a minha carreira, eu tive que estudar desde o começo, e foi assim que eu me encantei! Como eu tenho paixão por inovação, entendi a tecnologia como sendo uma alavanca.
Por isso é que eu fiz essa jornada de ir para Stanford, pra Singularity, para entender um pouco mais a fundo como que a experiência do cliente podia envolver e ser mais rica e ter um maior retorno a partir de tecnologia.
Agora eu tô aqui na Vivo, feliz da vida porque a gente investiga e traz tecnologias novas para diferentes mercados e setores. No momento, a gente vem trazendo-a de forma mais democrática para desenvolver os pequenos e médios empreendimentos.
Especialmente porque com o mundo PME, a gente vê que o empreendedorismo está se reaquecendo. Então olhamos muito para esse lado, em como a gente pode apoiar os pequenos e médios empreendedores também, não só os grandes.
VMN: Os dados da pesquisa Pobreza e Equidade, do Banco Mundial, divulgada em 2022, nos mostram que apenas 42% das mulheres estavam inseridas no mercado de trabalho. Durante a pandemia, foi essa parcela da população que mais sofreu com a falta de emprego. Tendo isso em vista, como a tecnologia pode contribuir para gerar oportunidades para essas mulheres?
PC: O que eu vejo hoje em dia é que o acesso é mais democrático, independentemente da idade. Basicamente, muitos pequenos produtores e empreendedores individuais têm hoje o seu negócio pulverizado. Seus empreendimentos são vistos e comprados por muita gente, graças à tecnologia.
A tecnologia, às vezes, está envolvida com a produção de tudo, mas especialmente com a parte de divulgação. Seja com as lojas online, com os recursos como aplicativos, como softwares de desenvolvimento que estão muito mais acessíveis.
Hoje, a mulher consegue olhar para isso tudo como ferramenta. A tecnologia para ela não é só mais o que estava na cozinha uns 30/40 anos atrás. Agora, a tecnologia é amiga dela para interação e venda.
No passado, a gente só via essas vendedoras porta a porta com seus caderninhos de anotar as vendas. Hoje em dia é tudo online. Na pandemia, elas puderam realmente continuar seus trabalhos porque elas já estavam conectadas.
Todas aquelas mulheres que, no passado, não tiveram muita oportunidade, hoje em dia elas podem procurar e encontrar soluções tecnológicas que as ajudem. Até mesmo um ChatGPT, com a inteligência artificial, pode auxiliá-las a descobrir as melhores ferramentas para o que elas quiserem fazer.
Isso traz muita oportunidade. E mais do que isso: tem aquele efeito de que uma inspira a outra. Não estou falando só sobre as influenciadoras digitais. Elas são uma grande fonte de inspiração também, mas estou querendo dizer aqui de uma vizinha, de uma amiga. Você vê que todo mundo começa a fazer alguma coisa. Então, não tem mais aquele desespero de “poxa, eu sei fazer tão pouca coisa”, como já foi no passado.
Minha mãe, hoje em dia, empreende. Ela tem 79 anos.
Ela descobriu a internet, Facebook e Instagram e hoje faz os “corres” dela, faz comida e vende para as outras. Penso que uma pessoa de 80 anos influenciar um grupo de mulheres de 80/90 anos e elas se tornarem microempreendedoras é profundamente divertido e inspirador. Todo mundo pode!
Você pode estudar e trabalhar, você pode trabalhar da sua casa e produzir um conteúdo para alguém. Isso é maravilhoso! E as mulheres têm um potencial e criatividade absurda.
É por isso que é muito bom ver todas as possibilidades aqui. É por isso que a Vivo está sempre olhando para esse mercado, para como a gente vai apoiar e impulsionar mais.
VMN: Então, sua mãe faz comida, é isso?
PC: Ah, ela faz, a turma faz. Elas começaram se encontrando e levando cada uma um prato, agora começou a tirar encomenda. É uma festa.
VMN: Como você vê a tecnologia influenciando mulheres da terceira idade?
PC: O que eu vejo vem da parte da família mesmo, e em lugares diversos. Hoje em dia, se você abrir as redes sociais, você vê muitas lojas, as comunidades de venda. A própria Feira Preta, o mercado Black Money, por exemplo, é feito por mulheres que trabalham com diversidade. Várias delas conseguem vender não só pra vizinhança, mas para o Brasil todo.
Com tecnologia, você não só divulga, como consegue entregar para todo o país, tem muita gente exportando. O mercado de exportação do artesanato brasileiro é gigante.
As mulheres que são mais velhas, em geral, podem trabalhar de casa e fazer algo mais especial. Tem vitrines, tem tutoriais muito simples, tem influenciadoras, acesso a conteúdos, acesso a pessoas que podem te ajudar. Há possibilidade agora para todo mundo.
VMN: Para muitas mulheres, a volta da licença-maternidade é um período de readaptação. Como a tecnologia pode auxiliá-las nesse processo, principalmente para não perderem seus espaços nas corporações?
PC: Quando eu comecei a carreira há 30 anos, era um tabu e problema falar em ter filho. Como era um ambiente muito mais masculino, a mulher que poderia engravidar era uma ameaça, já que ela poderia se ausentar de 4 a 6 meses.
No meu caso, eu realmente não queria ter filhos. Queria viajar o mundo e ser mãe de pet. Mas o que eu vi das minhas amigas foi um sofrimento absurdo, elas adiaram a maternidade e acompanharam pouco do crescimento dos filhos, justamente por optarem por uma carreira promissora.
A gente vê hoje em dia, principalmente aqui na Vivo, o oposto desse cenário. Aqui há um incentivo absurdo, e muitas ações têm sido promovidas. Isso é inspirador, e ver uma empresa grande agindo assim vai influenciar o mercado.
Quando a gente acompanha a equipe, vemos que tem várias mães. No digital, as pessoas têm boa produtividade trabalhando, mesmo que seja exclusivamente online na época da maternidade. Não tem problema! Fica muito mais fácil para elas acompanharem melhor o desenvolvimento dos filhos.
VMN: Como a tecnologia pode potencializar os ganhos de mulheres empreendedoras?
PC: Para as mulheres empreendedoras, pode potencializar com a formação, ideias, inspiração, tutoriais de como fazer, cursos específicos, grupos de apoio e de trocas de informação.
Aí depois que ela produziu, tem toda uma vitrine digital acessível com tecnologia, em que é possível montar a sua loja, ela consegue impulsionar o negócio e investir mais.
A gente tem lançado soluções para este perfil, inclusive, e eu diria que a maioria das pessoas que usam as nossas soluções são mulheres.
VMN: Como você acha que a tecnologia possibilita que as mulheres possam estar mais conectadas com os seus sonhos que transpassam o lado profissional?
PC: Eu acho que o principal ganho que a gente teve, principalmente na pandemia e neste pós-pandemia, foi que a gente conseguiu salvar horas. O que a tecnologia nos deu foi salvar horas. Podemos escolher em ter um encontro com nós mesmas. Ela nos deu a oportunidade de estudar, de se dedicar mais aos filhos, de fazer mais ginástica.
Então, acredito que a rotina mudou e a tecnologia possibilitou isso de uma forma que até então era proibida. Você perdia umas 3 horas de deslocamento, fora o estresse em chegar antes e não ter problema para bater o ponto, por exemplo.
Hoje em dia, a gente trabalha cada vez mais com produtividade, você não precisa estar de frente para o outro para executar o que precisa.
Eu vejo o quanto a gente consegue cuidar mais da gente, do emocional, do mental, ter tempo pra família e amigos. E isso fez uma diferença muito grande, e já está provado que a produtividade não cai.
VMN: E como a tecnologia auxilia na busca por uma sociedade mais igual?
PC: Claramente, vejo que uma das grandes alavancas de desenvolvimento e de abrir possibilidades e diminuir as diferenças é através da educação. De influência e referências. E a tecnologia vem democratizando cada vez mais.
O que antes era para poucos, agora é acessível para muitos, e vai ser cada dia mais. Estou falando aqui de:
- Ensino a distância;
- Grupos de trocas;
- Aprendizado;
- Colaboração;
- Busca por referências;
- Redes sociais com seus conteúdos construtivos e positivos.
Ela proporciona uma grande transformação. É uma diferença absurda quando você consegue entender diferenças culturais. Você passa a seguir outras referências, você acompanha as tendências do mundo, passa a entender pela voz das próprias pessoas que viveram a experiência com relação à diversidade.
É diferente de alguém ler um livro, contar uma experiência ou falar teoricamente sobre diversidade. Outra coisa é quando você pega as pessoas que passaram por experiências positivas ou negativas e ver qual é o efeito daquilo. Aí você passa não só a ter letramento, mas começa a rever e mudar as suas atitudes.
O conjunto dessas atitudes, vindo de várias pessoas, é que vai transformando a sociedade. Isso tudo a tecnologia tem feito.
VMN: O que você tem a falar para a geração de mulheres que estão chegando em cargos de liderança e te enxergam como referência?
PC: Meu grande conselho é: exalte o feminino.
Isso não é ser contra, na agressividade e na força, o elemento masculino. A grande chave é a integração entre as duas energias.
O mais importante é o equilíbrio da união de energia masculina e feminina. Juntas, elas têm importância e responsabilidade para o equilíbrio do todo. E é esse é o principal ganho de todo este movimento que está acontecendo no mundo e nas empresas.
Então, esse é o meu primeiro conselho: compor. Olhar junto, trabalhar junto. Entender as diferenças, entender qual a base cultural de cada um. Se a gente quer que todo mundo multiplique, então também precisamos entender o outro.
Eu acho que não é só ter empatia, como muito tem se falado, mas realmente entender o outro e procurar trabalhar em conjunto pela união dos opostos. Não por alguém que vença e passe na frente do outro.
Não existe ganhador. Ou é todo mundo, ou é ninguém.
VMN: E quem são as mulheres de fibra que te inspiram nesta jornada?
PC: A primeira de todas sempre é a Oprah Winfrey. Ela é o ser humano que mais me inspira.
É pela semelhança de experiência, superação, só de ouvir a voz dela eu me acalmo e sei que vai dar certo.
Também tem todas as mulheres da minha família, as várias que eu liderei e as que me deram mentoria — mas não quero citar nomes porque são muitas, e são muitas as que me inspiram também.
VMN: Para encerrar, queríamos saber quais são as ações da Vivo para proporcionar mais diversidade.
PC: Nossa, são várias! Existem os grupos de afinidade. Tem o grupo de mulheres. Grupo LGBTQIA +, grupo da Vivo Afro. Ainda não tem o das mulheres 50+, mas outro dia falei que precisava ter (risos).
Também existem todas as trilhas de letramento e engajamento, isso é feito de cima para baixo. Existem também os grupos de afinidade que levam as informações e os questionamentos e temas de baixo para cima. Eles são formados pelos próprios colaboradores da Vivo, a gente tem trilhas com especialistas e lives com convidados o ano todo.
Existe um programa de trazer para dentro da empresa um percentual de diversidade bem maior, a gente tem alcançado isso nos últimos dois anos.
VMN: Paola, gostaríamos de te agradecer. É sempre bom ouvir mulheres que estão em cargos altos, porque vocês abrem o caminho para quem está traçando essa jornada. Obrigada!
PC: Temos essa obrigação. E eu agradeço, gente!
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Até a próxima!