Fui atleta de alta performance durante dez anos. E ao longo dessa década, trabalhei três aspectos importantíssimos não só para o esporte, mas para a vida: foco, disciplina e resiliência. A minha vontade de querer chegar cada vez mais longe foi o que sempre me motivou a treinar para melhorar os resultados e conquistar medalhas.
Era um ambiente absolutamente estimulante e motivador, que me fazia querer acordar cedo, não sentir frio (mesmo que no inverno) e não ter medo de ousar. Olha só como o contexto é importante.
Eu olhava ao redor e tinha vontade de dar braçadas cada vez mais precisas em direção aos meus objetivos. Outro ponto de destaque: meus treinadores me motivavam.
Hoje, o tipo de mergulho que dou é outro. Todo dia, aqui na Vivo Empresas, entro de cabeça na imensidão de possibilidades que o marketing e a inovação podem oferecer aos negócios. E carrego muito do aprendizado que tive na minha época das piscinas.
Penso na importância que é estruturar um ambiente capaz de fazer as pessoas sentirem prazer de estar nele. E isso também me faz refletir sobre o papel que tenho hoje nesse contexto.
Lá atrás, como comentei, eu me inspirava em líderes dinâmicos e que confiavam no talento dos nadadores. Esse perfil sempre chamava a minha atenção porque era permeado por feedbacks sinceros, palavras de apoio e liberdade para criar.
Quando temos tudo isso, vamos longe.
É por esse motivo que busco fazer o mesmo com as pessoas que trabalham junto comigo. Em primeiro lugar, acredito imensamente em todos os que fazem parte da minha equipe.
Não abro mão de dividir a mesa (ou as telas, como tem sido mais recorrente) com profissionais extremamente talentosos e que me inspiram a ser melhor. Isso faz toda a diferença.
Tal combinação de características garante resultados melhores para a companhia como um todo e, naturalmente, facilitam o meu trabalho como gestor. Explico: quando há profissionais com esse perfil na equipe, tudo funciona como uma orquestra.
A doação de cada um é impressionante e todos, juntos, dão show em questão de criatividade e eficiência. E são conquistas que acontecem sem a necessidade de estabelecer regras duras, pesadas, chatas, difíceis e cansativas.
Quando temos espaço e liberdade para atuar, certamente produziremos resultados também inspiradores.
Há alguns dias, por exemplo, li um livro que me motivou demais a escrever sobre isso: A Regra é Não Ter Regras: A Netflix e a Cultura da Reinvenção. Na publicação, Reed Hastings, CEO na Netflix, fala justamente sobre a importância de estruturar esse ambiente livre, criativo e inovador. Hastings até deu um nome para o modelo: F&R, sigla de Freedom and Responsibility.
Chegar a esse resultado não é uma tarefa fácil, depende de vários aspectos, de muita leitura, de muito exercício, de muita conversa. Um fator fundamental, por exemplo, é praticar a sinceridade.
Devemos dizer quando gostamos – ou não – de algo. Fazendo uma analogia com a minha carreira atlética, era extremamente valioso para a minha evolução pessoal e profissional quando o meu técnico da natação aplaudia os tempos melhores que eu fazia ou reclamava de algum erro cometido – e dizia que eu era capaz de fazer melhor.
Levei todos esses retornos para a vida
Os feedbacks que recebemos são a nossa base – e precisamos de muitos para que ela fique cada vez mais sólida e estável. Então, ao meu ver, um ambiente de trabalho ideal, com uma gestão de pessoas inovadora, é aquele que diz quando você faz algo certo ou quando é preciso melhorar. Mas sempre de um jeito sincero, aberto, em tom de conversa. Essa troca é de extrema importância.
Para se ter uma ideia, na semana passada, li um estudo publicado na Harvard Business Review que abordava o papel do feedback para potencializar a produtividade das equipes. Depois de receberem elogios dos seus gestores, os colaboradores das companhias que foram analisadas pelos pesquisadores tiveram um desempenho muito melhor.
Ou seja, quando temos um ambiente que é baseado em talento, confiança, liberdade, reconhecimento e sinceridade, tudo flui. Aliás, vou além disso: as regras e as burocracias caem por terra. E aqui chegamos a um ponto importante. Uma empresa que procura ter uma gestão inovadora não pode ser baseada em imposições. Tudo isso joga contra, é desmotivador.
Temos muitos e muitos modelos ultrapassados e que pouco estão de acordo com o que eu falei agora. Por isso, quando temos a oportunidade de criar algo novo, de estruturar um ambiente interessante para todos da equipe, precisamos mergulhar nessa ideia – e de cabeça.
Podemos errar no meio do caminho, o que é normal numa gestão inovadora, mas o aprendizado que teremos será muito maior do que as perdas.

Pense bem: alguém da sua equipe tem uma ideia que inicialmente parecia boa, mas que, por algum motivo, não se desenvolveu como o esperado. Em seguida, você, como gestor, o culpa pelo erro. Essa conduta certamente vai inibir muitas outras ideias que poderiam ser um sucesso.
Então, parafraseando Fernando Pessoa, “arriscar é preciso”. Se algo não der certo no meio do caminho (ou não sair como o esperado), o melhor a se fazer é identificar o que esse episódio nos garantirá, em termos de conhecimento, para que não o façamos novamente. Isso vale para todos da equipe. Acredito que a normalização do erro faz parte de uma gestão inovadora, disruptiva.
No livro As Cartas de Bezos, inspirado em cartas escritas pelo executivo Jeff Bezos aos seus acionistas, até então CEO da Amazon, há diversas passagens que abordam a importância de testar coisas novas e de dar autonomia a quem trabalha conosco.
Sou a favor desse modelo, de uma cultura empresarial pautada por liberdade, responsabilidade e talento, que é o que sustenta todas as outras características anteriores. Bons resultados dependem de pessoas.
Muita gente pensa, por exemplo, que a natação é um esporte solitário, mas não é. Para o atleta se destacar, conquistar medalhas, ele depende de muitos outros profissionais. É um trabalho em equipe.
E porque estou dizendo isso? No universo corporativo, muita coisa depende sim do nosso esforço pessoal, mas essa vontade de fazer diferente e melhor a cada dia é potencializada se temos um ambiente que nos motiva. Quando a gestão é inovadora, cada mergulho será inesquecível.